O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, desembarcou no Rio Grande do Sul nesta terça-feira (28) para fazer a entrega de equipamentos que vão ajudar na reconstrução do agronegócio gaúcho afetado pela enchente. Também foi anunciada a criação de um Fundo Garantidor para dar suporte às atividades econômicas afetadas, entre elas a agropecuária.
De acordo o ministro, a medida provisória que cria os fundos garantidores deve ser publicada ainda nesta semana pelo presidente Lula. O seu funcionamento e regulamentação serão elaborados em conjunto com os setores. Empresários de todas as atividades terão acesso ao fundo. Para os produtores rurais, o instrumento garantirá recursos para operações de crédito.
— Não basta só equacionar aquilo que já vem arrastado em função de seca e agora por essa tragédia, de ainda maior magnitude. Precisamos falar de futuro, de crédito. E aqui, talvez, o principal de todos os anúncios que trago hoje (terça-feira), a criação do fundo, que será assinado entre hoje e amanhã (quarta-feira). Será a mola propulsora para que a economia volte a funcionar — disse Fávaro.
O ministro ainda falou sobre a prorrogação imediata dos débitos do produtores até agosto, que já havia sido sinalizada pelo governo.
A cerimônia, realizada no Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, formalizou a entrega de 32 máquinas agrícolas da linha amarela, como retroescavadeiras e motoniveladoras, adquiridas com verba de emendas da bancada federal do Estado.
— Foi uma prioridade para que os prefeitos possam começar a trabalhar a reconstrução — disse Fávaro.
Esta é a primeira vez que o ministro vem ao Estado para avaliar os danos causados pela chuva no setor primário. A ocasião também marcou a instalação de um gabinete itinerante do Ministério da Agricultura (Mapa) no Rio Grande do Sul. Às 17h, uma coletiva de imprensa com outros ministros vai atualizar informações sobre os auxílios e a ajuda federal aos municípios afetados.
Cálculos ainda preliminares estimam que os prejuízos no setor somam R$ 3 bilhões. Conforme levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), as perdas são de R$ 2,7 bilhões somente na agricultura e de R$ 245,4 milhões na pecuária.
A vinda de Fávaro abriu expectativas em relação ao anúncio de medidas. O setor cobra do governo federal linhas de crédito destinadas à agropecuária e maior prazo para o pagamento de dívidas dos produtores.
Pesquisa apresentada pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) mostrou que 96,5% dos produtores precisam de crédito para a retomada. E 60,4% se disseram muito pessimistas sobre o negócio nos próximos dois meses. O estudo, feito pelo movimento S.O.S Agro, ouviu 550 produtores no Rio Grande do Sul.
Na semana passada, medidas que tratam de descontos em linhas de investimentos do Pronamp e do Pronaf foram regulamentadas. Os abatimentos valem para agricultores que tiveram perdas ou danos de, no mínimo, 30% do valor da estrutura produtiva nos eventos climáticos de abril e maio de 2024.