A vinda do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ao Rio Grande do Sul, nesta terça-feira (28), é carregada de expectativas. Para além do simbolismo da presença física neste momento – é a primeira visita dele ao Estado após as cheias –, há o clamor por medidas consideradas vitais para o futuro da atividade.
Um dos pontos nevrálgicos, segundo o setor, é em relação aos financiamentos. Por ora, o governo prorrogou os vencimentos até agosto. A ação é importante, mas considerada paliativa. O que mais preocupa é a falta de capacidade de pagamento. Entre as solicitações já encaminhadas estão, por exemplo, linhas de crédito que permitam a reestruturação.
— Precisamos de medidas excepcionais. É bom que se diga que os produtores não estão sofrendo só nesta safra. Nas que antecederam, por motivo oposto, deixamos de colher 30 milhões de toneladas, o que já os trouxe enfraquecidos economicamente. Agora, estamos tendo a pá de cal — pontuou Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), antes da apresentação de estudo feito pelo movimento S.O.S Agro.
A pesquisa ouviu 550 produtores. A partir desse recorte, produziu uma amostra dos problemas – e das cifras – trazidos pela catástrofe climática do Estado.
A soma entre os 347 respondentes à pergunta sobre perdas foi de R$ 467,68 milhões. A média, por produtor, de R$ 1,39 milhão. Esses valores, multiplicados por áreas produtivas alagadas, dariam uma cifra próxima a R$ 3 bilhões, que está longe de ser o número final do setor. Porque entre os que não ficaram debaixo d’água também houve prejuízo, ponderou o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.
Outro dado apontado: 96,5% responderam que precisam de crédito para a retomada. E 60,4% disseram muito pessimistas sobre o negócio nos próximos dois meses.
— Mostra como nos sentimos agora: sem amparo, sem saber nem o que fazer — disse Graziele de Camargo, produtora e representante do S.O.S Agro.
Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva engrossa o coro:
— O que veio até agora foi importante, mas pouco perto do que precisamos. É a hora de trazer respostas, fazer anúncios.
Fávaro vem para a instalação do gabinete itinerante do ministério no RS. Na cerimônia, em Santa Cruz do Sul, serão entregues máquinas adquiridas a partir de emendas da bancada federal gaúcha.