Não há rede social que substitua a troca de experiências que acontece nas feiras agropecuárias, nem marketing ou estratégia comercial que alcance o volume de negócios gerados durante mostras como a Expointer. Tampouco há melhor palco para influenciar governos e autoridades públicas, direcionando a atenção dos tomadores de decisão para o setor produtivo nacional.
Por todos esses aspectos, as feiras agropecuárias têm futuro garantido, embora sujeitas a mudanças provocadas pela conjuntura econômica e pelo desenvolvimento de novas tecnologias. É o que concluíram dirigentes do agronegócio e o secretário da Agricultura do Estado no Campo em Debates, realizado na Casa da RBS no sábado (24), primeiro dia da 42ª Expointer, em Esteio.
— Se não fosse a Expointer, será que reuniríamos essa quantidade de autoridades por metro quadrado durante esses dias, aqui em Esteio? — provocou Gedeão Silveira Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
A fala do dirigente mirava não só o palco, que ele dividiu com o secretário da Agricultura, Covatti Filho, o presidente da Expodireto-Cotrijal, Nei Mânica, e o coordenador-geral da Expoagro-Afubra, Marco Antonio Dornelles. Gedeão se referia também à plateia seleta, que contou com representantes de entidades do setor produtivo.
— O agro não vive mais sem as feiras — complementou o presidente da Farsul.
A Expodireto-Cotrijal, realizada em Não-Me-Toque, no norte do Estado, ajudou a transformar a fisionomia do agronegócio da metade norte do Rio Grande do Sul. O espaço para negócios é preponderante nesta mostra, relatou o presidente, Nei César Mânica, que recebe relatos de expositores que vendem, durante os dias da Expodireto, "o equivalente a três meses de faturamento":
— Na época, a Expointer já existia há 22 anos e não queríamos fazer concorrência. Como o foco aqui era nos animais, nos especializamos em genética vegetal, e agregamos máquinas e equipamentos. Hoje, somo um grande palco de lançamentos. Foi um divisor de águas para Não-Me-Toque.
Já a missão da Expoagro-Afubra, em Rio Pardo, no Vale do Rio Pardo, tem sido reunir os pequenos produtores de fumo do Rio Grande do Sul e debater a necessidade de diversificação.
— A feira tem papel importante para fixar agricultores no campo, por isso sempre tivemos foco no produtor que, junto com os municípios, vai discutir políticas públicas para a região e para a agricultura — explicou Dornelles.
Além de permitir o contato direto entre produtores, associações e autoridades públicas, as feiras agropecuárias são palco para debates cada vez mais relevantes no meio rural. No caso da Expointer, um dos grandes temas desta edição será o acordo entre Mercosul e União Europeia, salientou o secretário da Agricultura, Covatti Filho _ o que coloca a mostra de Esteio sob holofotes, uma vez que o pacto de livre comércio está sendo questionado antes mesmo de sua implementação, por países europeus que vinculam sua aprovação ao controle de queimadas e desmatamento da Amazônia, no Brasil. O assunto será debatido durante a reunião do G7, que começa neste sábado (24), na França.
— Teremos aqui agentes que participaram da negociação comercial entre os blocos. A Expointer, portanto, será o local onde poderemos mostrar tudo o que o produtor brasileiro faz para proteger o meio ambiente — observou Covatti Filho.
Os participantes da mesa concordaram que é importante demonstrar ao público em geral que os produtores do agronegócio brasileiro estão preocupados com a sustentabilidade e condenam queimadas e desmatamento ilegal.
— O Código Florestal brasileiro é um dos mais restritivos do mundo, e tem de ser cumprido. Mesmo na Amazônia, ainda é permitido desmatar 20% para produzir, esse produtor não é ilegal, ele produz com responsabilidade — sublinhou Gedeão.
Vice-presidente Editorial e Institucional do Grupo RBS, o jornalista Marcelo Rech acrescentou outro ponto no qual as feiras contribuem com a agropecuária gaúcha: dar visibilidade ao segmento rural e divulgar os produtos do Rio Grande do Sul para o consumidor.
— Sempre nos perguntamos como o jornalismo pode fazer para incentivar os produtos com a marca do Rio Grande do Sul, agregando valor a essa produção, fazendo disso uma bandeira para conquistar novos territórios. As feiras fazem parte desse desafio — assinalou.