Se a campo o Exército brasileiro imprime esforços para combater as chamas do incêndio na floresta amazônica, fora dele, a mobilização é para que o Brasil elimine qualquer cortina de fumaça que possa estar bloqueando a comunicação com o mundo. Há entendimento de que é preciso revisar a postura adotada, a fim de evitar que o problema real se transforme em pretexto para competidores globais barrarem a entrada de produtos brasileiros. Nos últimos dias, países como França, Finlândia e Irlanda acenaram com essas bandeiras, e o tema certamente ganhará força no encontro do G-7, em Biarritz, na França.
Para além das superpotências mundiais, a questão também traz inquietação aos produtores rurais brasileiros que fazem o dever de casa e temem retaliações. Vale lembrar que o recente acordo acertado entre Mercosul e União Europeia traz cláusula com o princípio da precaução, que prevê ações no sentindo de garantir a origem dos produtos como sendo de áreas livres de desmatamento. E se a intenção é boa, também abre brecha para uso político.
Em evento realizado na Casa da RBS, no parque Assis Brasil, em Esteio, o presidente da Federação da Agricultura e diretor de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gedeão Pereira, relatou que o assunto é ponto de atenção. Tanto que, na última quinta-feira, dirigentes estiveram reunidos na sede da entidade, em Brasília, com os ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e do Meio Ambiente, Ricardo Sales, para tratar do assunto.
— As 27 federações estão muito preocupadas — confirma.
Ele também reforçou que é preciso separar o joio do trigo, distinguindo o desmatamento ilegal daquele que é permitido por legislação:
— Não compactuamos com as ilegalidades.
Para o secretário da Agricultura do Estado, Covatti Filho, é preciso mostrar que o produtor faz a sua parte:
— Os agentes políticos precisam explicar o que o Brasil faz para proteger o meio ambiente.