A busca pela redução de carne na alimentação fez surgir um novo grupo de consumo. Os flexitarians não são vegetarianos ou veganos, mas se solidarizam com ambos ao retirarem a proteína animal de boa parte das refeições. O termo vem da junção das palavras “flexível” e “vegetariano” e consta no dicionário de inglês Oxford desde 2014 como aquele que segue dieta essencialmente vegetariana, mas que, ocasionalmente, come carne.
Um dos movimentos que impulsionam o crescimento deste grupo é o Segunda Sem Carne, criado em 2003 nos Estados Unidos para abolir a proteína animal das refeições no primeiro dia útil da semana. Desde então, a campanha ganhou adeptos no mundo todo, inclusive no Brasil, onde chegou em 2009. Gerente de Campanhas da Sociedade Vegetariana Brasileira e coordenadora do movimento no país, Mônica Buava diz que aderir à Segunda Sem Carne é o primeiro passo para se tornar flexitarian.
— A ideia é diversificar as fontes de proteínas e descobrir novos sabores. Estudos mostram que 73% da população quer reduzir o consumo de carne, seja por questões de saúde, ambientais ou por apego aos animais — comenta Mônica.
Aumenta a oferta de pratos sem carne em restaurantes
Sem regras pré-definidas, os flexitarians incorporam a dieta respeitando a rotina. Alguns excluem a carne do cardápio durante a semana, outros só comem fora de casa ou em eventos especiais. Por isso, o flexitarianismo serve como etapa de adaptação ao vegetarianismo com dieta rica em vegetais, cereais integrais e legumes, mas com ingestão controlada de proteína animal.
Coordenadora do curso de gastronomia da PUCRS, Rochele de Quadros Rodrigues lembra que o mercado está cada vez mais preocupado em atender esse público, o que pode ser percebido com um simples olhar no menu.
Ideia é diversificar as fontes de proteínas e descobrir novos sabores. Estudos mostram que 73% da população quer reduzir o consumo de carne, seja por questões de saúde, ambientais ou por apego aos animais.
MÔNICA BUAVA
Gerente de Campanhas da Sociedade Vegetariana Brasileira e coordenadora do movimento
— A cozinha inclusiva é uma tendência que vem para atender veganos, vegetarianos, flexitarians e outros públicos. Tem cada vez mais pratos sem proteína animal nos restaurantes. Se você pensar, há 10 anos não havia tantas opções — avalia.
Rochele, que também é professora do curso de Nutrição, sugere alternativas como cogumelos, ovos, grão de bico, soja, feijão e lentilha para complementar a alimentação. Entre os benefícios de uma reeducação nesses moldes estão a redução de risco de câncer, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, todos associados à ingestão excessiva de carne.
— Apesar de as proteínas serem importantes, estamos consumindo demais. É preciso ter equilíbrio e por isso acredito muito neste tipo de alimentação — defende, explicando que a recomendação diária para adultos é de um grama de proteína por quilo.
Movimento segunda sem carne
O Movimento Segunda Sem Carne se propõe a questionar os impactos da produção de alimentos de origem animal sobre os próprios animais, a sociedade, a saúde e o planeta. Conforme a Sociedade Vegetariana Brasileira, está em mais de 40 países, como Estados Unidos e Reino Unido. No Brasil, foi lançado em 2009.
Ativistas argumentam que a restrição do alimento é benéfica e citam efeitos ambientais da produção da carne na superfície ocupada por pastagens, na água consumida por parte dos animais e no processo de produção e nos gases de efeito estufa provocados pela flatulência do gado.
Perfis de consumo de alimentos
- Veganismo é definido pela Vegan Society (na tradução, Sociedade Vegana) como modo de vida. Contempla dieta baseada em vegetais, que evita, além da carne, os alimentos de origem animal, como laticínios, ovos e mel. Os veganos também não consomem produtos feitos a partir da exploração animal. São avessos a materiais testados em bichos e lugares que os usam como atração.
- Vegetarianismo, conforme a Sociedade Vegetariana Brasileira, é o regime alimentar que exclui todos os tipos de carnes. Entre suas classificações, há o vegetarianismo estrito, que não utiliza nenhum produto de origem animal na sua alimentação e que, portanto, se equivale ao veganismo no aspecto alimentar.
- Flexitarianismo é a junção de flexível com vegetarianismo, conhecido também como semivegetarianismo ou reducitarianismo. Estes perfis se alimentam com frutas, legumes, cereais integrais, proteínas vegetais. Eventualmente comem carnes — em datas especiais ou uma vez por semana. Priorizam o consumo sustentável e a origem dos alimentos.