Levar à Expodireto-Cotrijal tecnologias que atendam a necessidades específicas dos produtores gaúchos é um dos desafios dos expositores. O sojicultor Ademilson Nogueira, 54 anos, procurava, na quinta-feira, ideias para melhorar sua produção em Alegrete.
– Sei que há variedades de sementes para áreas alagadas. Quero saber dos representantes como a tecnologia deles se comportaria na minha lavoura – comentou.
A Basf – empresa alemã que pela primeira vez leva sementes para a feira – desenvolveu uma cultivar de soja tolerante ao encharcamento, própria para regiões de várzea da metade sul do Estado, onde está concentrada a produção do arroz.
– Não adianta oferecer para o agricultor de Carazinho essa variedade. Ela foi desenvolvida e validada para a várzea – enfatiza o gerente de Licenciamento de Sementes da Basf, Daniel Gobbi.
Em geral, a soja não tem boa adaptação ao encharcamento e essa cultivar surgiu para acabar com essa limitação. Além disso, a rotação de cultura é benéfica para o desenvolvimento das plantas. O Rio Grande do Sul é responsável por 70% do que é produzido de arroz no país. Em relação à soja, é o terceiro maior produtor nacional, podendo, nesta safra, assumir a segunda colocação.
Uma das cinco estações de pesquisas da alemã Basf está em Cruz Alta. A proximidade com os produtores gaúchos foi fundamental para o desenvolvimento de uma variedade tão específica. Foram oito anos de testes e cruzamentos até começar a ser comercializada.e todas as linhagens, ela se mostrou a mais resistente – afirma Mairson Santana, gerente de Marketing de Sementes da Basf.
A suíça Syngenta lançou na feira um híbrido voltado para o Estado com teto produtivo de 260 sacas de milho por hectare. Segundo o gerente regional de Vendas da Syngenta Sementes, João Pedro Bruno, testes indicaram que biotecnologia traz mais rentabilidade se plantada no Rio Grande do Sul.
Também para resolver um problema que afeta a cultura do milho Brasil afora, mas, especialmente, no RS, a Bayer desenvolveu uma solução para proteger a planta da larva que ataca suas raízes.
– Sabemos que há regiões que têm 20, 30 dias de seca. Nessa situação, o milho começa a buscar água abaixo de 60 centímetros. Se a planta não tem a raiz bem protegida e estabelecida, vai apresentar problemas em época de estiagem. Estudos apontam que os maiores danos causados pela Diabótica speciosa estão no Rio Grande do Sul – explica o gerente comercial da Dekalb no RS, Guilherme Lobato.
Disraeli Donato Costa Beber usa a tecnologia há quatro anos:
– Achei que não ia funcionar tão bem, mas funciona. Tínhamos problemas para controlar a praga – conta o produtor que planta milho em São Luiz Gonzaga.
Presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Estado, Narciso Barison Neto reforça que se começou a estudar a possibilidade de plantar soja em áreas úmidas da Metade Sul pela necessidade de rotação com a cultura do arroz.
– É importante fazer experimentos para criação de variedades que atendam as peculiaridades de cada região – comentou.
Alexandre Levien, diretor técnico e administrativo da Fundação Pró-Sementes, acrescenta que o solo gaúcho é diferente entre as metades sul e norte, reforçando a necessidade de desenvolvimento de variedades específicas.