As perdas financeiras que se acumulam água abaixo na produção agropecuária da Fronteira Oeste terão impacto importante na economia do Estado. A parcela mais significativa do prejuízo virá das lavouras do arroz. Isso porque, as regiões afetadas pelo excesso de chuva respondem por 45% da área total cultivada com o cereal no Rio Grande do Sul. Dos 1 milhão de hectares semeados, quase 448 mil estão na Fronteira Oeste e Campanha. Ou seja, quase metade do espaço dedicado à cultura está nesses locais. Em volume, a queda sobre a safra passada é estimada em 10%, o que representa cerca de 900 mil toneladas a menos.
Entra na conta, além do impacto das cheias, redução de área dedicada à cultura. Dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) mostram que houve encolhimento de 77,37 mil hectares de área, 7,18% na comparação com a safra 2017/2018. Esse recuo por si só já teria determinado produção cerca de 600 mil toneladas menor.
Soma-se a isso o fato de que os produtores já vinham tendo dificuldades de equilibrar as contas — pela diferença negativa entre custo de produção e valor recebido por saca de produção — e o cenário fica ainda mais complicado.
As precipitações em excesso vão ampliar a redução da colheita e impactar diretamente o bolso do produtor. O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), Henrique Dornelles diz que em Alegrete, por exemplo, há 5 mil hectares alagados. Em 20% dessa área não será possível colher nada. E não é só a enchente que prejudica o desenvolvimentos das plantas. A falta de luminosidade também.
Por outro lado, há áreas onde esses problemas não existem e não há estimativa de queda na produtividade (volume colhido por hectares). É o caso das áreas denominadas pelo Irga de Planície Costeira Externa e Planície Costeira Interna, onde a radiação solar tem feito até com que lavouras de soja semeadas necessitem de irrigação.