Os números do quarto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) continuam projetando safra de grãos no país 4,2% maior do que a do ciclo passado. Mas dão mostras de que o clima poderá modificar o resultado final. Em relação ao dado do mês passado, houve leve ajuste, de 0,46% para menos nesse volume.
No Rio Grande do Sul, a soja, carro-chefe da produção, teve leve revisão, na casa da vírgula. Da mesma forma, no país, o estudo de janeiro traz volume menor do grão em relação à estimativa de dezembro. Conforme o ciclo vai se desenvolvendo, esses ajustes vão sendo feitos.
Superintendente estadual da Conab, José Bicca avalia que será na coleta de dados do próximo mês que haverá informação mais clara sobre o que está acontecendo com as lavouras da oleaginosa:
— Há relatos de que houve replantio.
Presidente da Associação dos Produtores de Soja do RS (Aprosoja - RS), Luis Fernando Fucks confirma que o problema é algo consolidado e que dificilmente se chegará ao volume inicialmente previsto de 18 milhões de toneladas do grão — a Conab trabalha com 18,69 milhões de toneladas.
— O replantio foi generalizado. Por uma conjunção de fatores: precipitações constantes, solo sempre úmido e chuva pesada imediatamente após a semeadura — explica Fucks.
No início de dezembro, a entidade trabalhava com a perspectiva de redução de 3% na colheita de soja no RS. Agora, no entanto, estima redução de 6%.
Enquanto o excesso de umidade prejudicou a largada da safra em solo gaúcho, em outros Estados do país é a seca que vem preocupando. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, fala-se em diminuição de 10% a 20% no resultado da soja.
A ocorrência de precipitações reduzidas no norte do Brasil e ampliadas no sul costuma ser reflexo do El Niño, quando há aquecimento das águas do Oceano Pacífico. A meteorologista Jossana Cera diz que, no momento, o quadro ainda é configurado como de neutralidade, com características do fenômeno.
— Se confirmado, deve ser fraco, tardio e de curta duração — acrescenta Jossana.