As análises feitas pela Secretaria da Agricultura mostram que a deriva de 2,4-D no Rio Grande do Sul é um problema real. Das suspeitas e das reclamações que vinham sendo feitas há pelo menos cinco anos, surgiram indicações reais de que o produto está indo além do que deveria. Essa confirmação oficial faz com que o assunto, agora, ganhe nova dimensão.
Diante dos resultados, não dá mais para esperar. É preciso buscar solução para ontem, sob pena de inviabilizar a tão necessária diversificação de culturas. Há ainda o risco de demonizar a soja, cultura que está consolidada e é um dos pilares da economia do Rio Grande do Sul.
Os produtores não usam o produto por puro capricho. Fazem as contas, buscando equilíbrio entre custos e eficiência no controle da buva.
Da mesma forma, aqueles que apostaram seu esforço e seu trabalho em parreirais e outros tantos produtos – e que também têm nas plantações a fonte de renda – precisam ter seu espaço respeitado.
Não podem ver a colheita ruir diante de uma opção de manejo que não foi feita por eles.
Há diversas propostas à mesa, da proibição do uso do herbicida à criação de zonas em que ele não possa ser aplicado. A ideia parece interessante, mas exige contrapartida dos órgãos de fiscalização. Determinar áreas de uso proibido e não verificar se a regra está sendo seguida à risca pode se mostrar uma iniciativa inócua.
Não existe caminho fácil. E o desfecho mais óbvio pode não ser o mais eficiente.
– Nós queremos sobreviver também – desabafa um dos produtores e uva ouvidos pela reportagem.
O termo “também” indica inclusão. E é esse o principal desafio: apresentar solução que não exclua ninguém.
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Resíduo da aplicação do herbicida 2,4-D é apontado como causador de perdas em uvas, oliveiras e maçãs. Zero Hora visitou sete propriedades que receberam as confirmações da deriva em Bagé, Candiota, Dom Pedrito, Santana do Livramento, Jaguari e Monte Alegre dos Campos.