Melancia sem sementes, baby carrots (cenoura baby) e tomates cereja são apenas a ponta do iceberg quando se trata de novidades que despontam no horizonte da produção de hortifrútis. O desejo do consumidor por alimentação saudável, saborosa e fácil de preparar impulsiona instituições de pesquisa a desenvolverem sementes e hortaliças com características inovadoras.
— O consumidor está mais exigente, informado e mais educado em relação aos alimentos. Quer produtos saudáveis e nutritivos, mas que tragam novidades e sejam práticos para o consumo — afirma o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Warley Nascimento.
Pesquisas permitem reforço de nutrientes
Produtos como a batata doce Beauregard e a cenoura BRS Planalto ganham reforço de nutrientes por meio do trabalho da Embrapa. Ambas de cor mais alaranjada, estão no mercado há quase uma década e são resultado do enriquecimento de betacaroteno, antioxidante convertido pelo organismo em vitamina A, que protege a visão, atua contra o envelhecimento da pele e no fortalecimento de ossos, unhas e cabelos.
Já o licopeno, antioxidante que combate radicais livres no organismo e que reforça a coloração vermelha no alimento, tem concentração superior no tomate BRS Zamir. A variedade, colocada no mercado pela Embrapa em 2018, tem concentração de 144 microgramas de licopeno por grama de fruta, enquanto outros da mesma categoria contêm entre 40 e 90 microgramas por grama de fruta.
— O produto deve ser atraente, o que é resultado não só de melhoramento genético, mas de boas práticas de manejo, colheita na hora certa e cuidados no pós colheita — explica Nascimento.
Frutas e legumes melhorados por cruzamentos ou de seleção genética para ressaltar características de maior apelo ao consumidor são tendência para aumentar o consumo de alimentos naturais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo diário de 400 gramas de frutas, legumes e verduras. O consumo médio dos brasileiros é de aproximadamente um terço desse valor, o equivalente a 132 gramas diárias.
Novas abóboras no mercado
É pensando no freguês que chegam ao mercado dois novos tipos de abóboras, desenvolvidas pela Isla Sementes: a abóbora espaguete fornece fios que se assemelham a um prato de massa, com alta concentração de caroteno.
Já a chamada pérola negra — que cabe na palma da mão— tem consistência parecida com batata-doce, quando cozida. Se comparada à abóbora cabotiá, sua principal diferença está na casca, de espessura mais fina e fácil de cortar:
— A pérola negra tem cerca de 450g e é uma miniabóbora com gosto de castanhas assadas. É com esse apelo de sabor que tentamos despertar o público para o consumo de hortaliças mais interessantes – afirma Claudio Nunes, gerente de Desenvolvimento de Produto da Isla Sementes.
Pequenas e apetitosas
A demanda de chefs de restaurantes por produtos sofisticados para saladas e decoração de pratos quentes motivou a comercialização de vegetais folhosos como rúcula, manjericão, folha de beterraba e agrião em novo formato. Os microverdes são hortaliças jovens, que podem ser consumidas de sete a 15 dias após o plantio.
— É uma planta em sua fase inicial, que pode ter concentração maior de vitaminas e princípios bioativos, vantagens por ser um produto jovem, de ciclos rápidos — afirma Claudio Nunes, da Isla.
Além do formato delicado, a variedade garante sabor intenso e frescor:
— Não é regra a versão reduzida ter mais nutrientes, mas geralmente verduras tipo baby leaf e microverdes são mais doces e mais crocantes — afirma Warley Nascimento, da Embrapa.
No mercado, os microverdes podem ser encontrados em bandejas, ainda implantadas na terra, o que traz a possibilidade de colher na hora da refeição.
Produção: Letícia Paludo