A reaceleração das exportações de soja ao longo de julho pelo porto de Rio Grande mostra que, aos poucos, o mercado começa a se acomodar e volta a fluir, depois do solavanco que travou a comercialização causado pela tabela que estabeleceu preços mínimos bem acima dos que vinham sendo praticados antes da greve dos caminhoneiros. Dados dos terminais Termasa e Tergrasa indicam que, até terça-feira (dia 17, metade do mês), foram embarcados 773 mil toneladas, equivalente a cerca de 70% de junho inteiro.
E a expectativa é de que as exportações possam superar em até 50% os volumes de junho. Segundo Indio Brasil Santos, da Solo Corretora de Cereais, de Ijuí, nas últimas semanas os agentes do mercado começaram a chegar a um acordo para ao menos iniciar a normalizar o transporte. Os negócios só não são maiores, diz o especialista, porque os produtores hoje não têm necessidade imediata de vender soja. Assim, chegou-se a um meio-termo.
– O frete é mais do que se pagava antes da greve, mas menos do que a tabela da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) – diz Santos.
A tabela utilizada hoje por um embarcador de soja que a coluna teve acesso ilustra a situação. Após a greve, a partir do frete mínimo, o preço subiu 24% sobre abril. Agora, está cerca de 15% acima de três meses atrás. Embora ainda exista insegurança jurídica em torno do frete, a medida provisória aprovada semana passada pelo Congresso também anistia de multa para quem não respeitou a tabela entre 30 de maio e hoje. Agora, surge outra dúvida, já que caberia à ANTT apresentar nova referência até amanhã. Mas sequer a sanção da MP pelo Planalto foi feita.
O presidente da Fecoagro, Paulo Pires, diz que, dentro do possível, o transporte vem acontecendo, apesar da insegurança jurídica.
– Nas entregas de soja e fertilizantes que já estavam programadas por contratos anteriores, as cooperativas têm prejuízo – diz Pires, lembrando que, quem tem frota própria, está a todo vapor.
Resta esperar as novidades que devem vir ainda esta semana de Brasília. Se não forem estabelecidos preços mais adequados ao mercado e a anistia prevista na MP deixar de valer, a insegurança volta a crescer.