Como criar empreendimentos e cadeias de valor sustentáveis à base de bioprodutos – aqueles gerados a partir de plantas, biomassa ou fibras? Como desenhar novos modelos de negócios, transparentes e rastreáveis, que não dependam dos combustíveis fósseis?
Estes são alguns dos aspectos em que se planteia a bioeconomia – segmento da economia que promove o uso sustentável e inovador de recursos renováveis e biológicos.
De que maneira a incorporação de soluções de Tecnologia da Informação (TI) no agronegócio irá garantir transparência em toda a cadeia produtiva e como poderá alavancar a bioeconomia?
Perfila-se, no agro, um século 21 muito diferente do século 20. Teremos produtores mais conectados, equipamentos que se comunicam e bases de dados construídas a partir de informações obtidas de máquinas, de sementes e insumos utilizados, dos solos e do clima.
A Internet das Coisas (IoT), por exemplo, é um sistema que envolve um grupo de objetos físicos, veículos, entre outros, com tecnologia embarcada, sensores e conexão com rede que permite coletar e transmitir dados.
Por meio de um corte em camadas, a IoT tem a capacidade de coletar imagens e informações no campo e construir uma base de dados, que são analisados e posteriormente podem gerar ações a serem implementadas.
Mas nem tudo são flores. A conectividade rural, no agro brasileiro, ainda é muito precária e as soluções alternativas muito onerosas.
Tecnologias digitais como o Blockchain permitem a criação de plataformas de fornecimento (supply chain) e reduzem a presença de intermediários.
A título de ilustração, a transparência no fornecimento elimina a necessidade de utilização de certificadoras ou empresas de auditoria para atestar a validade dos produtos.
Cadeias de suprimentos abertas permitem aos consumidores conhecer mais sobre os produtores e suas práticas e compactuam com a chamada geração “Millennials” que busca alimentos mais saudáveis, produzidos com o menor impacto ambiental.
No que se refere à bioeconomia, a agricultura de precisão é outro processo que no agro impacta na redução dos custos de produção, na melhoria da gestão dos insumos químicos e no incremento da produtividade.
Sua aplicação é mais eficiente e permite um gerenciamento específico em resposta às condições apresentadas na fazenda ou nas áreas que requerem intervenção. A técnica é favorecida pelo uso de mapas, sensores agronômicos, GPS e máquinas conectadas.
Outra tendência atual, no âmbito da bioeconomia, é o controle biológico, que permite administrar a incidência de pragas. Já a utilização de bioinsumos reduz a aplicação de herbicidas e pesticidas.
Como se vê, o uso de novas tecnologias digitais e a bioeconomia serão determinantes no modelo de negócio e na produtividade dos cultivos. Além disso, vão causar impacto nos sistemas de gestão dos negócios de pequenos e grandes produtores rurais.
Sylvia Wachsner é coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)