Vivemos em um período onde palavras como rastreabilidade, economia verde e sustentabilidade são cada vez mais frequentes em nosso vocabulário. A sustentabilidade possui inúmeros entendimentos conceituais e praticamente todos envolvem aspectos ambientais, sociais e econômicos - esse termo tem sido utilizado em reuniões técnicas, cooperativas, associações, jornais, revistas, ou seja, no dia a dia do agricultor.
À medida que nos conscientizamos sobre nossos direitos como consumidores, nos tornamos mais exigentes quanto à qualidade, segurança e origem dos alimentos que consumimos. O nosso interesse pela sustentabilidade é amplificado conforme o conjunto da sociedade se conscientiza que, para a geração de energia, fibras e alimentos, é necessário um grande volume de recursos naturais, especialmente solo e água.
A bioeconomia propõe uma visão de sociedade menos dependente de fontes não renováveis, como o petróleo e minerais. Utiliza novos conhecimentos científicos e tecnologias emergentes para a transformação de recursos biológicos renováveis em produtos como alimento, remédios, ração, bioenergia. A bioeconomia não está limitada à agricultura, mas envolve diferentes setores industriais, com destaque para as áreas de nutrição, química, materiais, energia e saúde.
Ela representa uma oportunidade para enfrentar gigantescos problemas globais, ao exemplo do aumento da demanda por alimentos, a diminuição da pobreza e a mitigação das mudanças climáticas. Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), esta área já movimenta 2 trilhões de Euros e gera 9% dos empregos na União Europeia. Isso significa dizer que 22 milhões de pessoas já trabalham em setores da bioeconomia. E as projeções são crescentes até 2030 para todo o planeta.
A agropecuária brasileira é reconhecida mundialmente pelo seu elevado nível de sustentabilidade. Somos pioneiros na produção de etanol de cana-de-açúcar, fabricação de bioplásticos degradáveis e utilização da biotecnologia. Isso é resultado da grande biodiversidade, do conhecimento técnico-científico, e do empreendedorismo nos setores agrícola e agroindustrial do país.
O Brasil tem o potencial e a oportunidade de se transformar em líder mundial em bioeconomia nos próximos anos. Para isso, é necessário fortalecer os setores agrícolas para que, além de produzirem alimentos e fibras, invistam cada vez mais em bioenergia, biocombustíveis, bioplásticos, bioremédios. O futuro é bio.
Édson Bolfe é pesquisador e coordenador do Sistema Agropensa / SIM-Embrapa
Contato: edson.bolfe@embrapa.br
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