Nos últimos 40 anos a agricultura brasileira teve um crescimento médio de 4,8% ao ano, derivado essencialmente da maior demanda de alimentos, fibras e energia e pelo aumento da população, da expectativa de vida e das transformações no padrão de consumo brasileiro e mundial. Nessas quatro décadas, o país aumentou a produção de grãos em aproximadamente 230%, com apenas 50% na expansão da área plantada. Nesse mesmo período, houve uma queda dos preços da cesta básica brasileira equivalente à média de 1,7% ao ano. O resultado mais expressivo é que o Brasil se tornou um dos líderes mundiais na produção e exportação de produtos agrícolas.
O comércio exterior do agro é um dos fatores que impulsionam esses números favoráveis para a sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, a competição por mercados internacionais desafia constantemente as instituições de pesquisa, ensino, extensão rural, empresários e agricultores. O resultado da combinação é que alcançamos o reconhecimento internacional por fazermos uma agricultura com alta produtividade e fundamentada em tecnologias e em bases sustentáveis.
Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e do Ministério da Agricultura indicam que as exportações do agro brasileiro totalizaram US$ 85 bilhões em 2016. O saldo total da balança comercial fechou com superávit de US$ 48 bilhões, melhor resultado desde 1980, início da série histórica. Destaque para a exportação de soja (grão, farelo e óleo), carnes (de frango, bovina e suína), café (grãos e solúvel), produtos florestais (celulose, papel e madeira), milho, açúcar, algodão, suco de laranja, cacau, couro e lácteos. Poderíamos falar ainda da exportação de flores, frutas, fibras, bebidas, óleos vegetais e de carnes como de caprinos e ovinos.
A lista ultrapassa 400 produtos e derivados vegetais/animais da agricultura empresarial e familiar. O destino são os mercados consumidores de mais de 150 países de todos os continentes. A Ásia permanece na liderança, puxada pela China, seguida pela União Europeia, com seus 28 países, depois Estados Unidos, Japão, Irã, Arábia Saudita, Rússia, Hong Kong, Coreia do Sul e Indonésia. O agro representa quase 50% de nossas exportações. Significa dizer que de cada dois dólares que entram no país, um nasceu em chácaras, sítios, fazendas e estâncias.
Em resumo, a exportação do agro é cada vez mais relevante. É um dos caminhos para tornar o país ainda mais produtivo, inovador e competitivo. Melhora processos agroindustriais e comerciais, contribui para a geração de renda e emprego e eleva a entrada das divisas necessárias ao equilíbrio das contas externas. O desafio é tornar o Brasil também uma potência econômica e social. E, para isso, a pesquisa agrícola assume um papel fundamental na geração de conhecimentos, tecnologias e inovações. Devemos avançar na busca de uma maior sustentabilidade das cadeias produtivas, no apoio a políticas públicas regionais, na inserção produtiva com redução da pobreza, na consolidação da posição do país na fronteira do conhecimento agrícola e na inserção estratégica na bioeconomia mundial.
Temos a capacidade e precisamos tornar a agricultura um fator ainda mais determinante para o desenvolvimento do Brasil.
Dr. Édson Bolfe é Pesquisador, coordenador do Sistema Agropensa / SIM-Embrapa
edson.bolfe@embrapa.br
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