Suellyn Scheffer foi coroada Miss Universo Rio Grande do Sul 2021 há menos de 24 horas e já está com uma agenda lotada de compromissos. Na programação, há sessão de fotos, encontro com autoridades, entrevistas, reuniões de planejamento e por aí vai. Enquanto se produzia para encarar essa maratona, a gaúcha bateu um papo sincero com Donna – e confessou que sua ficha sobre ser a grande vencedora ainda está longe de cair.
A modelo de 25 anos revelou que o Miss RS foi sua estreia em concursos de beleza, contou que precisou de ajuda psicológica para lidar com suas inseguranças, explicou que a família é sua grande incentivadora e fez uma promessa: vai dar seu máximo para conquistar a coroa de Miss Brasil. Leia a seguir:
Estreia no mundo miss
Foi no Miss Rio Grande do Sul 2021 que Suellyn teve sua primeira experiência em concursos de beleza. A gaúcha já atuava como modelo e acompanhava o mundo miss de longe. Em 2020, o sonho de conquistar uma faixa se transformou em meta. Ela se deu conta que queria usar, além da imagem, o poder da comunicação para inspirar pessoas.
– Foi um desafio totalmente novo, diferente de ser modelo. Como miss, a gente consegue mostrar nossa essência, se torna representativa por ter que se mostrar uma mulher completa. É uma responsabilidade – avalia Suellyn.
Ela foi selecionada para o concurso estadual representando Montenegro. Ficou confinada junto de outras 12 misses em um hotel, em Estrela, para a realização dos testes preliminares e a sabatina com os jurados. Apesar da grande final ter sido gravada, as cinco finalistas foram coroadas para a vencedora saber do resultado apenas junto com o público.
– Levei a minha história para o miss, queria passar a minha mensagem. Foi muita emoção quando vi, junto da minha família, o resultado. Não acreditei – lembra.
Vida em Montenegro
Suellyn nasceu e cresceu em Montenegro, no Vale do Caí. Desde criança, já dava sinais do que gostaria de ser no futuro: amava fotografar e brincar de "desfile de moda". Aos oito anos, ingressou no balé clássico e se apaixonou pela dança. Aos 17, com apoio da família, se mudou para São Paulo e se jogou na carreira de modelo. Ela conta que perdeu o pai, Dorival, aos 18 anos, e isso estreitou ainda mais a conexão com a mãe, Giani, e seu irmão, o pianista e músico Ranielly:
– Perder meu pai me trouxe um período de redescoberta. A minha mãe sempre foi um exemplo para mim. Devo a ela o que eu sou, é meu espelho de força e amor.
Modelo internacional
Logo após chegar em São Paulo, a gaúcha garantiu espaço nas passarelas internacionais. Emendou desfiles em países como Argentina, Japão, Turquia, Itália e França.
– Foi um desafio, longe da família, saí da zona de conforto. Queria construir um sonho. Aprendi e me desenvolvi. Eram outros países, pessoas diferentes, culturas, línguas, isso me enriqueceu muito. Amo conhecer outros lugares e me desafiar – diz a Miss RS.
Tento ouvir quem sabe da minha batalha e quer me ver crescer. Há muitas opiniões destrutivas por aí. Se focamos nelas, esquecemos de focar na gente.
SUELLYN SCHEFFER
Miss RS 2021
Suellyn retornou a São Paulo e investiu em cursos de apresentação, comunicação e teatro. Também voltou a morar em Montenegro durante um breve período, quando cursou um técnico em administração e contabilidade e chegou a trabalhar na área. Em 2019, surgiu outra oportunidade: participar de uma temporada de desfiles no México. Suellyn foi, gostou e decidiu que queria seguir carreira por lá. Pouco antes da pandemia estourar no Brasil, em fevereiro do ano passado, ela veio visitar a família. Com o agravamento da situação sanitária no mundo, acabou se fixando novamente na terra natal.
– O interesse no miss cresceu nesse momento, vi que me identificava, conversei com a minha família e decidi que queria enfrentar tudo isso para conquistar o que eu quero – conta.
Fora das passarelas
Suellyn se diz uma "apaixonada por tudo o que envolve arte". Música, teatro, dança e, mais recentemente, tem focado no estudo de outros idiomas. Ela já fala inglês fluente, mas quer aprimorar sua desenvoltura na língua, além de desenvolver o espanhol. Atividade física, para Suellyn, é sinônimo de autocuidado. Ela pratica diariamente funcional ou pilates e não abre mão da ioga e da meditação.
– Encaro como meu momento, um carinho comigo mesma. A ioga me ajudou a me encontrar em momentos de turbulência – destaca.
Livros que instigam o autoconhecimento estão sempre na cabeceira da Miss RS. Recentemente, Suellyn mergulhou na obra da supermodelo Gisele Bündchen, Aprendizados.
Críticas e inseguranças
Para além da passarela e da oratória, Suellyn conta que se preparou para encarar as críticas que poderiam aparecer nas redes sociais. Decidiu filtrar os comentários e priorizar aquelas dicas de quem a conhece e a ama, ela conta:
–É muito fácil as pessoas darem opiniões sem imaginar o impacto que aquilo que elas dizem tem. Tento ouvir quem sabe da minha batalha e quer me ver crescer. Há muitas opiniões destrutivas por aí. Se focamos nelas, esquecemos de focar na gente.
Suellyn lembra que passou por uma fase conturbada em São Paulo. Não sabia lidar com as "opiniões alheias" sobre seu corpo nos bastidores da moda, e aquilo afetava diretamente sua autoestima. A modelo ficou doente, enfrentou distúrbios alimentares e buscou ajuda psicológica para enfrentar a pressão sobre seu corpo e voltar a se olhar com amor.
– Demorei para me reconhecer no espelho, olhar e ver quem eu realmente era. Diziam: "sua barriga é isso, o braço é aquilo, sua coxa é de tal jeito". Precisei aprender que sou apenas um ser humano e meu corpo é normal, me reconstruir psicologicamente, me olhar e me aceitar. Nossos corpos são diferentes e isso não é um problema – reforça Suellyn.
Bandeiras e inspirações
A nova Miss RS se inspira na trajetória de mulheres como Zozibini Tunzi, Miss Universo 2019, Raissa Santana, Miss Brasil 2016, e Deise Nunes, gaúcha que foi Miss Brasil 1986 – ela foi a primeira mulher negra a ganhar a coroa e já deu aulas de passarela para Suellyn. Em seu reinado, a modelo quer usar sua voz para falar sobre a importância da diversidade, de exercitar a empatia e de investir no autocuidado e no autoconhecimento.
Quanto mais nos conhecemos, mais nos amamos e mais sabemos o que queremos e o que nos faz bem
– Quanto mais nos conhecemos, mais nos amamos e mais sabemos o que queremos e o que nos faz bem – defende.
Suellyn também é engajada no voluntariado e já participou de ações em lares de idosos e de iniciativas voltadas ao atendimento de crianças em vulnerabilidade social. E ela adianta: liderar um projeto social focado no empoderamento e na capacitação de líderes mulheres está em seus planos.
De olho no Miss Brasil
Agora, as atenções de Suellyn estão voltadas para o Miss Brasil, previsto para ocorrer em novembro. A gaúcha promete intensificar sua preparação para garantir a coroa na competição nacional e apostar num dos seus diferenciais: a desenvoltura ao passar sua mensagem.
– Agora, é o momento de levar o Estado para o Brasil, e a comunicação é essencial para isso. Acho que fui muito transparente o tempo todo no Miss RS, e quero seguir me conectando com o público, mostrando quem sou – define Suellyn.