Decidir pela separação nunca é simples, e é necessário muita reflexão e conversa. Quando, enfim, a decisão é tomada, é hora de contar aos filhos. E é nesse momento que muitas vezes os pais ficam sem saber como agir.
A psicóloga Juliana Martins – que recentemente criou o Núcleo de Separação Com Filhos em parceria com a também psicóloga Luciana Tisser e a advogada Paula Britto –, diz que é fundamental evitar que brigas e discussões aconteçam na presença da criança. Segundo ela, é muito importante lembrar que relações parentais tóxicas podem fazer mal para a saúde mental dos pequenos.
– A crise conjugal faz parte do mundo adulto e o que a criança deve saber é que eles podem brigar e ficar tristes, mas isso não tem relação com ela e deve-se comunicar que eles vão resolver.
Quando estiverem certos que a melhor opção é a separação, o ideal é que os pais revelem essa decisão juntos. A partir daí alguns pontos precisam ser observados:
- As crianças não precisam saber todos os detalhes, mas é imprescindível que a situação seja tratada com verdade. Seja clara e verdadeira quando conversar com os pequenos sobre a separação;
- Crie um ambiente passível de diálogo para que a criança se manifeste livremente, expondo seus medos e inseguranças;
- Evite que a criança tome partido de uma das partes;
- Crianças necessitam de uma vida organizada e estruturada. É importante elas saberem com antecedência como será a sua rotina após a separação. Uma boa ideia é a elaboração de um calendário, em um lugar visível, com todas as datas importantes e em que casas elas estarão nesses dias;
- Quando se trata da educação dos filhos, é importante que os pais “falem a mesma língua” e estejam alinhados quanto às regras e obrigações do pequeno. Estando separados ou juntos;
- Cuide para falar numa linguagem que a criança entenda (dependendo da idade de cada um) e certifique se que ela conseguiu entender bem;
- Informar a escola sobre a situação que a criança ou adolescente está passando;
- Evitar outras mudanças na rotina da criança (preservar a rotina da criança);
- Lembrar sempre que a crise conjugal faz parte do mundo adulto. O casal pode não estar mais junto e muitas emoções podem surgir neste período. Mas pai e mãe são para sempre, isso não vai mudar nunca.
Muitas vezes, o casal tem dificuldade de se separar e usa as crianças como argumento para permanecerem juntos. Mas isso é o pior que podem fazer para todos. Além de que, ensinam as crianças que as relações afetivas são permeadas por hostilidade, agressão, indiferença e/ou infelicidade.
A guarda compartilhada
A guarda compartilhada é, desde 2014, a guarda legal que traz a ideia de uma gestão conjunta de responsabilidade. Ela faz com que os pais continuem sendo responsáveis pela formação, criação, educação e manutenção dos seus filhos ainda que separados. Ela equipara a função parental, valorizando os pais na mesma proporção.
A guarda compartilhada é muito eficiente para ajudar a inibir a alienação parental e é determinada inclusive, quando não há consenso entre o casal. O que ocorre é muita informação equivocada sobre seu funcionamento, o que pode provocar alguma resistência. Mas ainda sim, é a mais recomendada.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.