Entre as muitas famílias reais do mundo, a realeza britânica é uma das mais populares e, consequentemente, que mais desperta curiosidade do público. Com a morte da rainha Elizabeth II, aos 96 anos, nesta quinta-feira (8), relembramos abaixo algumas tradições consideradas "estranhas" e antiquadas que a monarquia do Reino Unido continua seguindo, como recordou o tabloide britânico Daily Mail em janeiro. Confira:
Chapéus obrigatórios
De acordo com o protocolo real, as mulheres devem usar chapéus em ocasiões reais, uma tradição que começou na década de 1950. Naquela época, era considerado impróprio para as mulheres da realeza e da classe alta exibirem seus cabelos em público, segundo especialistas em etiqueta. Hoje em dia, no entanto, a geração mais jovem da realeza fica sem chapéu quando participa de ocasiões não oficiais, mas a rainha Elizabeth ainda utilizava.
Hora da tiara
Quando o relógio bate às 17h, espera-se que as mulheres reais troquem seus chapéus elaborados por suas tiaras incrustadas de diamantes enquanto participam de grandes eventos como jantares de Estado e coroações. A única exceção à regra é no dia do casamento, quando as noivas podem usar suas tiaras pela manhã, já que os casamentos reais geralmente começam às 11h. Aliás, a rainha escolhia quais tiaras emprestar às mulheres reais para seu uso. Os empréstimos são para toda a vida e as mulheres podem escolher a tiara que quiserem usar quando a ocasião exigir uma.
Buquê de noiva
Outra tradição de casamento é que as noivas reais adicionem um raminho de murta aos buquês que carregam até o altar. Esse costume remonta à era da rainha Vitória, que tinha uma murta (símbolo de amor, boa sorte e prosperidade) inserida em seu buquê de noiva em 1858. Desde então, noivas reais, da rainha Elizabeth II à princesa Diana e Meghan Markle, também carregaram a planta nos dias do casamento.
Refém da rainha
Todos os anos, enquanto a monarca britânica fazia um discurso na Cerimônia de Abertura do Parlamento (que formaliza o início de uma sessão parlamentar), um membro da Câmara dos Comuns (equivalente à Câmara dos Deputados) era mantido "refém" no Palácio de Buckingham para garantir o retorno seguro da rainha. A tradição é um aceno para a relação historicamente não tão amigável entre a Coroa e os Comuns, que remonta à guerra civil entre a monarquia e o Parlamento, quando Carlos I foi decapitado em 1649.
Viagens em família
Os membros da realeza sênior, ou seja, aqueles mais próximos na linha de sucessão ao trono, não podem viajar juntos sem a permissão especial do monarca em exercício. A rainha Elizabeth II vinha permitindo que o príncipe William viajasse com seus três filhos para que eles pudessem desfrutar de mais tempo em família. Entretanto, quando George completar 12 anos, ele terá de começar a viajar separadamente do pai.
Frutos do mar apenas em casa
O protocolo dita que membros da realeza devem evitar comer frutos do mar quando estiverem jantando fora de suas casas ou enquanto viajam, visitando países estrangeiros. O motivo desta regra é evitar uma reação alérgica ou uma potencial intoxicação alimentar por crustáceos mal preparados ou crus, como camarão, ostras, caranguejo, lagosta, vieiras e lagostins.
Queixo para cima?
De acordo com especialistas em etiqueta, as mulheres da realeza são instruídas a manter o queixo paralelo ao chão o tempo todo, principalmente ao entrar em salas ou descer escadas. Essa posição do queixo não apenas garante uma boa postura, mas também ajuda a indicar que as mulheres reais estão prestando atenção e interessadas no que está acontecendo ao seu redor. Na realeza, o queixo muito alto poderia dar a aparência de ser muito arrogante, enquanto deixá-lo muito baixo, transparece timidez. A princesa Diana foi uma exceção, visto que a inclinação de sua cabeça para baixo era o resultado de ela ter 1,70 m de altura.
Meia-calça
Kate Middleton ganhou as manchetes por sair de meia-calça bege, mesmo durante o tempo quente. Mas não é surpresa que ela tenha adotado esse hábito aparentemente antiquado, já que o uso de meias era a regra mais firme em termos de exigência da rainha Elizabeth II.
Crise de segurança
Kate Middleton e Meghan Markle foram obrigadas a fazer cursos especiais do exército britânico como parte do treinamento para integrar a família real, para se preparar em caso de uma possível crise de segurança pessoal ou de serem feitas reféns. No caso de Meghan, ela teria sido objeto de um sequestro encenado, no qual ela foi "salva" por policiais com armas falsas. Durante o exercício simulado, ela foi ensinada a desenvolver um relacionamento com o inimigo.
Pernas inclinadas
Observadores da família real notaram, com uma "visão aguçada", que Kate aperfeiçoou o duchess slant, termo usado quando se está sentada com as pernas pressionadas firmemente juntas, enquanto os joelhos e as pernas são mantidos inclinados em direções opostas. É uma prática que ela deve ter aprendido ao ver fotos da princesa Diana, que provavelmente seguiu os passos da rainha Elizabeth II, que a recebeu da rainha-mãe. Uma especialista em etiqueta disse ao jornal Daily Mail que a inclinação é a postura perfeita para quando as câmeras estão por perto, porque a posição inclinada das pernas significa que a câmera só fotografa os lados e protege sua privacidade. Como um bônus adicional, a inclinação ajuda a alongar a aparência das pernas.
Dobrando o joelho
O site oficial da família real afirma que, embora não haja uma forma obrigatória de cumprimentar o monarca em exercício, é tradicional para os homens curvar o pescoço, enquanto as mulheres fazem uma pequena reverência, na qual os joelhos se curvam. Também não há problema em apertar as mãos da maneira usual.
Aceitação católica
A relação da monarquia com o catolicismo tem sido delicada há séculos. Por mais de 300 anos, a partir de 1701, os membros da família real foram impedidos de se casar com católicos romanos se quisessem sentar-se no trono. No entanto, uma lei aprovada em 2013, que entrou em vigor em 2015, finalmente permitiu que membros da realeza se casassem com católicos, se quisessem. Contudo, casar é tudo o que eles podem fazer. Como o rei ou a rainha da Inglaterra também é o chefe da Igreja inglesa, os futuros monarcas ainda não podem se converter ao catolicismo se quiserem governar.
Senhora da Igreja
Como chefe da Igreja da Inglaterra, a rainha só participava de casamentos realizados em uma igreja. A adesão a esta regra levou a rainha Elizabeth II a não comparecer à cerimônia civil de casamento do príncipe Charles em 2005 com Camilla Parker Bowles puramente por razões tradicionais de nunca ter participado de uma cerimônia civil, e não porque estava desprezando o casamento.
"Mal posso esperar"
Como um aceno para seus ancestrais alemães, a família real abre todos os seus presentes na véspera de Natal — em vez do dia destinado à celebração — como dita a tradição alemã. Esta prática começou com o pai da rainha Elizabeth II, o rei George VI, que é descendente.
Short curto
Na família real, os meninos usam shorts sob medida até os oito anos de idade, quando podem fazer a transição para calças completas. A realeza considera que a exibição de joelhos reais é uma tradição que remonta aos anos 1500. Hoje em dia, o uso de shorts até a idade da calça é considerado uma questão de classe. Durante uma entrevista em 2017, o príncipe Harry disse brincando que as roupas combinando que ele e o irmão príncipe William usavam eram "bizarras".
Devolução de presentes
A família real deve aceitar todo e qualquer presente que tenha recebido, não importa o quão estranho possa ser, mas isso não significa que eles possam mantê-los. Na verdade, é o monarca quem decide quem fica com o quê. Existe todo um protocolo criado para ilustrar o processo de recebimento de presentes, entre as regras, observa-se que a realeza só pode aceitar presentes se não colocar a família em obrigação com o remetente.
Cuide os dedinhos
Ao contrário da crença popular, os dedos mindinhos reais não são mantidos no ar enquanto bebem xícaras de chá delicadas. A maneira real de beber chá é apertar a parte superior da alça da xícara entre o polegar e o dedo indicador e, em seguida, apoiar a parte inferior da xícara com o dedo médio e os restantes, de acordo com especialistas em etiqueta. Se estiverem usando batom, as mulheres da realeza têm um passo adicional de precisar beber no mesmo local para evitar uma borda cheia de impressões de maquiagem.
Siga o líder
Quando convidado a partir o pão com o monarca, ainda é tradição e costume esperar que Sua Alteza Real estabeleça o ritmo da refeição. Ninguém pode se sentar à mesa antes que a rainha ou rei se acomode em sua cadeira e todos devem esperar até que a rainha ou o rei comece a comer antes de também se alimentarem. O monarca também sinaliza quando o jantar acabou, assim que para de comer.
Apenas diga não
Dizem que a família real não tem permissão para comer alho ou cebola nas funções reais porque é falta de educação cumprimentar as pessoas com mau hálito, mas também, a rainha não gostava dos vegetais picantes. Assim como acontece com os frutos do mar, qualquer coisa além de carne vermelha bem passada está fora da mesa para a realeza enquanto viajam, para evitar o potencial de intoxicação alimentar. Outro exemplo são as batatas e comidas consideradas "bagunçadas", como espaguete à bolonhesa, que também são desaprovadas na mesa real porque dizem que a rainha não gostava de nenhuma dessas comidas.
Hora de dormir
Os convidados da casa do monarca não podem ir para a cama antes da alteza real. E, surpreendentemente, há rumores de que a rainha Elizabeth ficava acordada até tarde. Um ex-secretário particular da rainha afirma que a tradição era um ponto de conflito entre a monarca e a princesa Diana. Sir William disse ao autor de The Royals in Australia que longas noites reais eram uma agonia para a princesa, pois os convidados da rainha ficavam sentados conversando por uma hora na sala de estar, até chegar ao ponto que a princesa real pedia licença e ia dormir, o que era considerado muito feio para ela.
De mãos dadas
Embora não exista um protocolo real que determine que os membros da família não possam dar demonstrações públicas de afeto, é raro ver eles fazerem mais do que dar as mãos, um abraço lateral ou compartilhar um beijo rápido no final de uma partida de polo. De acordo com especialistas reais, isso se deve em grande parte ao fato de a realeza reconhecer que está representando a monarquia britânica em público e que precisam manter um senso de profissionalismo.
Sem selfies
A família real não aprova selfies. Como o príncipe Harry disse uma vez, elas são consideradas "ruins". Se alguém da realeza tirar essa foto em sua vida privada, eles as mantêm para si mesmos. Selfies com o público também são uma ocorrência rara e normalmente tendem a ser toleradas apenas pela safra mais jovem da realeza. A postura contrária se deve, em parte, ao fato de que parar para tirar fotos com os fãs durante as visitas reais leva muito tempo. Percebe-se também que há uma preferência pela interação pessoal em relação a pessoas clamando pelo registro fotográfico.
Permissão para casar
De 1772 a 2013, os descendentes da família real britânica foram obrigados a obter permissão do monarca antes de poderem se casar. E se essa permissão não fosse concedida e eles se casassem de qualquer maneira, o casamento era considerado nulo. No entanto, a Lei de Casamentos Reais de 1772 foi substituída em 2013 pela Lei de Sucessão da Coroa, o que significa que apenas as primeiras seis pessoas na linha de sucessão ao trono precisam da pré-aprovação do soberano para se casar. Foi por isso que o príncipe Harry, sexto na fila, precisou da aprovação da rainha Elizabeth II antes de poder se casar com Meghan Markle.
Regras da vovó
De acordo com uma regra de 300 anos atrás, a rainha Elizabeth II podia realmente assumir o controle legal de seus bisnetos menores de idade, incluindo os príncipes George, Louis e Archie e as princesas Charlotte e Lilibet, mas apenas tecnicamente. Em 1717, os juízes decidiram a favor do rei George I poder supervisionar seus netos após uma briga com o filho, George II, sobre como as crianças estavam sendo criadas. No entanto, especialistas modernos em realeza dizem que, como essa regra não era uma lei do parlamento britânico, não é juridicamente vinculativa e, portanto, é mais uma "prerrogativa real" do que qualquer outra questão.
Sem política, por favor
Não há lei que proíba monarcas britânicos de votar em eleições, até mesmo de se candidatar a elas, mas é tradicionalmente considerado inconstitucional que o façam. Como seu pai e todos os reis antes dela, esperava-se que a rainha Elizabeth II fosse completamente neutra em questões políticas. Outros membros da realeza também não votam nas eleições, segundo um porta-voz do palácio à revista Newsweek. Os membros da realeza também não devem expressar opiniões políticas na mídia ou em público para manter esse senso de neutralidade.
Laços militares
Uma tradição da família real que remonta desde meados de 1901 é que aqueles que servem nas forças armadas britânicas ou possuem títulos militares honorários usem uniformes de gala para casamentos e funerais de Estado. As únicas vezes em que essa tradição foi abandonada foi no funeral da princesa Diana em 1997, por ter sido considerado um evento cerimonial e não uma ocasião de Estado, e no funeral do príncipe Philip, em abril de 2021. Neste último caso, a rainha Elizabeth decretou que a realeza usaria ternos pretos normais em vez de seus uniformes, em concessão às preocupações sobre quais uniformes o príncipe Harry, que desistiu de seus títulos militares quando deixou de ser um membro da realeza, e o príncipe Andrew, envolvido em escândalos, deveriam ou poderiam usar.
Luto a qualquer hora
É uma regra que a família real deve sempre viajar com um conjunto de roupas pretas, caso haja um funeral ao qual precisem comparecer ou precisem ser inesperadamente vistos de luto. Acredita-se que essa regra vagamente mórbida tenha começado após a ocasião em que a então princesa Elizabeth soube que seu pai, o rei George VI, havia morrido enquanto ela estava em uma viagem à África, em 1952. O jornal Daily Express informou que, sabendo que uma série de fotógrafos estaria no aeroporto quando o avião pousasse na Inglaterra, um assessor teve de ser enviado para levar à futura rainha uma roupa preta para vestir antes que ela pudesse desembarcar, porque ela não tinha um guarda-roupa de luto adequado com ela.