Por mais de oito décadas, a rainha Elizabeth II também foi considerada um ícone de estilo. A monarca, que morreu aos 96 anos nesta quinta-feira (8), fez história como uma referência de moda perene com seus conjuntos estruturados e cheios de cor, sua indefectível bolsa preta e seus broches que sempre reverteram atenção.
Uma personalidade fashion, repleta de códigos e tradições, que sempre será lembrada.
Paleta real
Quase todas as escolhas da rainha tinham uma razão de ser, a começar pelas cores vibrantes de seus tradicionais conjuntos. Robert Hardman, seu biógrafo, uma vez afirmou que a própria Elizabeth disse:
— Eu nunca posso usar bege porque ninguém vai saber quem eu sou.
Eis aí um dos grandes motivos da escolha dos tons vibrantes, como também revela o documentário The Queen 90: a paleta era usada para que a rainha se destacasse entre multidões. Afinal, nas aparições públicas de sua majestade, havia milhares de pessoas e, com esses tons de impacto, todos podiam vê-la.
Detalhes importantes
Outro ponto sobre os conjuntos usados pela rainha é que todo o acabamento das peças trazia pequenos pesos de chumbo para evitar que o vento mostrasse mais do que vossa majestade desejaria — um recurso bastante usado também em roupas de alta-costura para aprimorar o caimento. As peças eram produzidas em tecidos que amarrotassem pouco, já que roupas amassadas não fazem parte da imagem imaculada que uma rainha deve ostentar diante das câmeras. Além disso, a rainha nunca tirava o casaco em público.
Sapatos clássicos
Se a roupa era um tapa de cor, os sapatos e as bolsas mantinham o classicismo do preto. A rainha usava sapatos da marca Anello & Davide of Kensington há mais de 50 anos, feitos à mão — era necessária a mão de obra de quatro pessoas para confeccionar apenas um par. Em couro de novilho e salto de cinco centímetros, levavam fecho de metal e acabamento em verniz impermeáveis.
A empresa trabalhava com um molde de madeira que tem as dimensões exatas dos pés da monarca, mas, mesmo assim, era necessário que alguém amaciasse os calçados antes de Elizabeth usá-los. Sim: a rainha tinha empregados de calce idêntico ao seu que usavam os sapatos para que fiquem no ponto ideal do conforto.
Códigos na bolsa
A bolsa preta seguia à risca o gosto da monarca por relações duradouras até mesmo na moda: Elizabeth II usava um modelo preto da marca Launer desde 1968. Dizem que a rainha tinha mais de 200 bolsas com pequenas variações de comprimento de alça e de matéria-prima.
Segundo o jornal The Telegraph, ela sempre carregava um pequeno espelho, batom, balas de menta, óculos de leitura, caneta, gancho portátil, amuletos de família e, aos domingos, uma nota de 5 ou 10 libras para ofertar na igreja.
Mas o mais interessante no uso da bolsa é que o acessório servia como um código entre a rainha e seus assessores. As Launers da monarca eram responsáveis por enviar mensagens secretas à sua equipe. Por exemplo, se a governante passasse o acessório de uma mão para outra, isso indicava que ela havia terminado a conversa e que um membro de sua equipe deveria intervir.
Quando Elizabeth colocava a bolsa em uma mesa durante um evento, isso sinalizava às damas de companhia que ela desejava sair em cinco minutos. Em casos mais graves, como abordagens agressivas ou inconvenientes, vossa alteza poderia deixar a peça cair, colocando todo o seu comboio em modo resgate.
Acessórios marcantes
Outra marca registrada da rainha eram as joias. Embora tenha tido acervo inconcebível para qualquer um em valor histórico e em cifras, a monarca era modesta em suas escolhas, usando cerca de 30 joias de sua extensa coleção, com exceção de algum encontro que pedia algo mais extravagante.
Entre as preferências, pequenos brincos de diamantes, colares de pérolas e broches, que se tornaram outra marca de Elizabeth. A monarca incrementava seu visual clássico e colorido com broches marcantes e costumava finalizar o look com chapéus ou lenços de marcas como Burberry e Hermés.