A ex-atriz Meghan Markle, esposa do príncipe Harry, ganhou, nesta quinta-feira (11), uma ação no Reino Unido contra a empresa que edita o Mail On Sunday, jornal que ela denunciou por invasão de privacidade após publicar uma carta que enviou ao pai, Thomas Markle, em agosto de 2018.
O juiz Mark Warby, da Alta Corte de Londres, decidiu que a duquesa de Sussex, 39 anos, "tinha expectativa razoável de que o conteúdo da carta permaneceria no âmbito privado". Os artigos do Mail On Sunday "interferiram nessa expectativa" e são ilegais, afirmou.
Tentando evitar um processo altamente midiático, os advogados de Meghan pediram ao magistrado que emitisse uma "sentença sumária", um procedimento que na lei anglo-saxônica permite que um caso seja resolvido sem julgamento.
Warby considerou, no entanto, "que deveria haver julgamento limitado às questões relacionadas à propriedade dos direitos autorais", uma das acusações apresentadas pela duquesa, e marcou uma audiência para 2 de março, de modo que se considera uma vitória pela metade.
Entenda o caso
Meghan moveu a ação contra o grupo Associated Newspapers, editor do jornal Daily Mail, sua versão dominical Mail On Sunday e sua verão online Mail Online, por publicar trechos de uma carta enviada ao polêmico Thomas Markle, 76 anos.
A carta foi escrita em agosto de 2018, poucos meses depois de Meghan se casar com o príncipe Harry, neto da rainha Elizabeth II, e nela pedia a seu pai que parasse de falar com a imprensa e de fazer falsas alegações sobre ela nas entrevistas.
Seu advogado, Justin Rushbrooke, argumentou durante o processo que a carta era "evidentemente privada" e que um julgamento completo não era necessário. Mas os advogados da Associated Newspapers argumentaram que as testemunhas precisam ser chamadas para "trazer a luz" sobre se Meghan planejou que a carta se tornasse pública como parte de uma "estratégia midiática".
A empresa sugeriu que ex-membros da equipe de comunicação dos duques de Sussex pudessem testemunhar, tornando públicos detalhes potencialmente comprometedores sobre as vidas do príncipe e de sua esposa, primeiro membro de origem negra a fazer parte da família real britânica, que nunca escondeu se sentir desconfortável em meio aos rigorosos protocolos da monarquia britânica.
"A carta não dizia que me amava. Nem perguntava como eu estava. Não demonstrava preocupação pelo fato de eu ter sofrido um ataque cardíaco e não fazia perguntas sobre minha saúde", afirmou Thomas Markle em uma declaração escrita ao juiz no final de janeiro.
"Na verdade, isso sinalizou o fim de nosso relacionamento", acrescentou ele, dando uma prévia do que poderia acontecer se os dois se enfrentassem em um julgamento em Londres.
Os advogados de Meghan negaram que ela pretendesse tornar a carta pública a qualquer momento, ou que tenha colaborado com os autores da biografia Finding Freedom, que narra o afastamento dramático do casal frente à monarquia britânica, e que também contém trechos parciais da carta.
Após sua saída da família real, anunciada em janeiro e efetiva desde o início de abril do ano passado, Meghan e Harry se mudaram ao menos duas vezes. Primeiro, passaram uma temporada em Vancouver, no Canadá. Em março, se estabeleceram em Los Angeles, cidade natal de Meghan, nos Estados Unidos, onde agora vivem com o filho, Archie.
Desde então, os dois insistiram no desejo de trabalhar em causas humanitárias, em particular por meio de sua nova fundação, Archewell, nome inspirado em seu filho. Além disso, após terem assinado um importante contrato com a Netflix recentemente, Harry e Meghan se associaram por vários anos com o serviço Spotify para produzir um podcast, intitulado Archewell Audio.
Os dois iniciaram uma série de ações legais contra a mídia alegando invasão de privacidade, mencionando as fotos de seu filho tiradas pelos paparazzi. A atitude gerou críticas, já que o casal está lançando projetos de grande repercussão pública. Neste mês, Harry aceitou uma indenização da Associated Newspapers por falsas acusações de que ele não manteve contato com os Royal Marines depois de deixar o Reino Unido.