Nesta quarta-feira (11), o ex-produtor de cinema Harvey Weinstein foi sentenciado a 23 anos de prisão por agressão sexual e estupro, após ser declarado culpado em 24 de fevereiro. Responsável pela produção de sucessos do cinema como O Paciente Inglês, Pulp Fiction e Shakespeare Apaixonado, Weinstein viu sua carreira ruir e sua imagem ser marcada para sempre depois de uma investigação de assédio e agressão sexual ser revelada pelo jornal New York Times – que culminou em denúncias de mulheres contra ele.
Abaixo, veja as principais datas do escândalo que deu origem ao movimento #MeToo, uma iniciativa para denunciar casos de assédio em Hollywood:
5/10/17: O escândalo vem à tona
O jornal New York Times publica uma grande investigação detalhando várias alegações de assédio e agressão sexual contra Weinstein ao longo de três décadas. As atrizes Ashley Judd e Rose McGowan são as acusadoras mais conhecidas. O jornal revelou que Weinstein chegou a acordos financeiros com pelo menos oito mulheres para que elas fizessem silêncio sobre os abusos.
O conselho de administração da produtora de filmes Weinstein Company, da qual o magnata controla com seu irmão Bob, é forçado a demiti-lo alguns dias depois.
10/10/17: Primeiras acusações públicas
A atriz e diretora de cinema italiana Asia Argento diz à revista The New Yorker que Weinstein a estuprou em 1997. Duas outras mulheres também o acusam de agressão sexual.
Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Rosanna Arquette se unem à lista de mulheres que denunciam Weinstein por assédio. Uma porta-voz de Weinstein indica que o produtor nega todas as acusações de relações sexuais não consentidas.
14/10/17: Expulsão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas
O conselho da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, instituição que concede o Oscar, vota pela expulsão de Weinstein, cujos filmes ganharam dezenas de estatuetas ao longo dos anos.
As semanas passam e mais mulheres decidem revelar publicamente que foram assediadas por Weinstein, tanto nas redes sociais como diante das câmeras de televisão. Outros nomes ilustres de Hollywood e de várias áreas do entretenimento nos Estados Unidos, além do jornalismo, são denunciados por assédio sexual. O movimento #MeToo ganha força.
25/5/18: Weinstein é acusado formalmente
É revelado que os promotores que cuidam do caso em Nova York arquivaram uma investigação contra Weinstein sobre assédio em primeiro e terceiro graus contra uma mulher não identificada em 2013, assim como de obrigar a aspirante à atriz Lucia Evans a fazer nele sexo oral em 2004. Três meses depois, a promotoria iria abandonar as acusações relacionadas à Evans após revelar que a acusadora contou a uma amiga que praticou sexo oral de maneira voluntaria em Weinstein em troca de um papel como atriz.
Weinstein comparece diante de um juiz numa corte de Manhattan após se entregar à polícia, seguido por dezenas jornalistas e fotógrafos. Seu advogado à época, Ben Brafman, negocia uma fiança de 1 milhão de dólares e garante que seu cliente será declarado não culpado. Weinstein passa a usar uma tornozeleira eletrônica para ficar em liberdade.
2/7/18: Novas acusações
A promotoria acrescenta três novas acusações por um ato sexual "forçado" em julho de 2006 contra uma terceira mulher, a assistente de produção Mimi Haleyi. Weinstein agora enfrenta um total de seis acusações e pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado.
25/1/19: Mudança de advogados
Weinstein demite seu famoso advogado Ben Brafman e contrata dois novos defensores. Seis meses depois, ele também dispensa a dupla e contrata uma equipe liderada por uma mulher, a advogada de Chicago Donna Rotunno.
26/8/19: Julgamento adiado
Os promotores apresentaram uma nova acusação que permitiu que a atriz da série Família Soprano, Annabella Sciorra, participasse do julgamento como testemunha de acusação. Sciorra afirma que Weinstein a estuprou no fim de 1993 e no início de 1994 em Manhattan. Seu caso está prescrito, mas os promotores esperam que sua história ajude a convencer o júri de que Weinstein era um "predador sexual". O julgamento, originalmente fixado para setembro, é adiado para 6 de janeiro de 2020.
11/12/19: Acordo
Weinstein chega a um acordo de 25 milhões de dólares com mais de 30 atrizes que o acusam de assédio e abuso sexual, em uma ação coletiva não ligada ao seu julgamento. Conforme o acordo, Weinstein não tem que admitir nenhuma culpa.
Alguns dias depois, o ex-produtor concede uma entrevista incomum ao New York Post, quando se recuperava em um hospital após uma operação nas costas. Na conversa, reclama que o mundo esqueceu que ele foi um "pioneiro" na promoção de mulheres no cinema, o que causa indignação.
24/02/20: Culpado
Um júri de Nova York declara Weinstein culpado de duas acusações que não foram prescritas: agressão sexual em primeiro grau contra Mimi Haleyi e estupro de Jessica Mann em 2013.
O veredicto foi alcançado após quase um mês de julgamento (e cinco dias de deliberações) em que essas duas mulheres e quatro outras testemunhas detalharam como se sentiram humilhadas, atacadas e violadas por Weinstein.
11/03/20: Sentença
Em 11 de março, Weinstein é sentenciado a 23 anos de prisão pelo juiz James Burke, quase a pena máxima (29 anos). O promotor Vance diz que a sentença servirá de aviso para outros predadores sexuais.
* com informações da AFP