Há quem não abra mão dos fones de ouvido na hora do treino, afinal uma canção do cantor favorito ou o hit do momento podem ser boas companhias para uma atividade física. Além de contribuir para o ânimo e tornar a experiência mais gratificante, a música pode ser utilizada como estratégia para aprimorar o rendimento e a performance esportiva.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Brunel, em Londres, no Reino Unido, verificou que ouvir música durante a prática de exercícios é capaz de melhorar a potência, a força e a resistência. Isso porque elas podem ditar o ritmo do treinamento e estimular o praticante, mesmo que inconscientemente.
O fenômeno é observado pela personal trainer Sanay de Souza entre seus alunos. Ela trabalha com modalidades como treinamento funcional, ciclismo e orientações individuais.
— A música estimula muitas coisas no nosso cérebro. Então, os estímulos neurotransmissores começam a se espalhar pelo corpo e vão influenciar no treino de alguma forma. Ajuda muito. Tanto que, às vezes, a gente está meia-boca, coloca uma música e já muda tudo. Mas, tudo depende de qual atividade, qual exercício este aluno vai querer fazer e dos gostos pessoais dele — pontua.
Para força
Em uma aula coletiva de spinning, por exemplo, para incentivar os praticantes quando é necessário mais força, Sanay coloca para tocar uma música que possa auxiliá-los a sincronizar o ritmo da canção com o trabalho muscular, ajudando a regular o movimento.
— A música interfere 100%. Há momentos em que a gente precisa utilizar carga, então eu vou utilizar uma música específica para incentivar o aluno a fazer mais força pedalando. Uma batida mais lenta, mas animada, que combine com o movimento que ele tá fazendo.
A dica é válida também para as práticas individuais.
— Se é alguém que vai fazer musculação, que precisa de trabalho de muita força, muita carga, pode preferir utilizar um hip-hop, um rock, uma (música) mais pesada para ajudar a estimular — aponta.
Dessa forma, outro aspecto positivo para o desempenho é a capacidade que a música tem de desviar a mente das sensações de cansaço e de auxiliar no controle da fadiga no pico de esforço. Para muitos, ela ainda funciona como elemento de concentração.
Não por acaso, o nadador estadunidense Michael Phelps, maior medalhista olímpico, já falou em diferentes momentos que uma boa playlist era parte da sua preparação para as competições.
Para velocidade
Quando o foco é velocidade ou um exercício aeróbico, uma música com uma batida mais acelerada e animada pode ser um bom estimulante.
— Se tocar uma lenta no teu percurso, é bem provável que tu vais dar uma segurada — justifica.
Nesse sentido, Sanay cita que há atletas que preferem não utilizar playlists e canções durante preparações esportivas, quando o objetivo é fazer um deslocamento maior em menor tempo.
— Alguns atletas de corrida não utilizam a música para os seus treinos porque isso pode influenciar a performance deles. Escutando uma música que não tenha uma pegada mais acelerada, pode ser que isso reduza a passada dele, o que pode interferir no resultado que ele busca enquanto atleta — explica Sanay.
Para diminuir a intensidade e para o alongamento
O ritmo da música também pode acompanhar os momentos de respiro e descontração, conforme o praticante for precisando diminuir a intensidade e a frequência cardíaca.
— (Nesse momento) Eu vou precisar de uma música com a qual o aluno fique mais descontraído, que deixa um clima meio de balada, para ficar dançando, se divertindo. Eu procuro utilizar uma batida mais house, eletrônica, também aceleradas — destaca Sanay.
Já para o alongamento, uma produção mais lenta, suave, até mesmo instrumental, pode ser escolhida para acalmar o praticante.
Mas como escolher as músicas certas?
De acordo com Sanay de Souza, não existe música certa. Cada pessoa precisa criar sua própria playlist de acordo com as suas preferências e com a intensidade da atividade a ser desenvolvida. Caso ela não queira ouvir canções durante as práticas, não tem problema.
Além disso, o gosto musical é um fator a ser levado em consideração. Ouvir gêneros que aprecia é um estímulo agradável, que irá favorecer o treino.
*Produção: Carolina Dill