Segunda-feira é o dia mundial sem carne. O movimento recebeu o nome de Segunda Sem Carne e tem como objetivo estimular uma dieta livre de produtos de origem animal. Mas você conhece os benefícios de uma alimentação sem carne?
O vegetarianismo é nutricionalmente completo, mas é necessário conhecer bem os alimentos para saber as melhores combinações e quais são fontes dos nutrientes mais importantes que não podem faltar no seu prato. Isso pode ser feito com acompanhamento profissional ou com muito estudo - e, antes de tudo, é importante conhecer todo o potencial de saúde que a natureza nos oferece para que não haja perdas nutricionais.
Uma alimentação baseada em vegetais está associada à diminuição do risco do desenvolvimento de todas as doenças crônicas não transmissíveis, manutenção de peso corporal saudável, além de melhorar a disposição, o humor, a digestão e a qualidade da microbiota intestinal.
Além disso, retirar a carne do prato é economicamente vantajoso, já que os vegetais são mais baratos, principalmente se adotarmos o hábito de ir à feira.
A seguir, desmistificamos algumas crenças comuns sobre a alimentação sem carne para você sentir mais segurança para aderir esse novo hábito alimentar:
É impossível viver sem carne
A carne não é um alimento essencial em nenhuma fase da vida. Portanto, quando a excluímos alimentação, temos que buscar no reino vegetal as fontes dos nutrientes que antes encontrávamos no alimento. Por isso, é totalmente possível, seguro e saudável escolher esse padrão alimentar em qualquer fase da vida.
As proteínas vegetais são inferiores às de origem animal
Não existe proteína “inferior”. Nós precisamos ingerir alguns aminoácidos na dieta (que o nosso organismo não é capaz de produzir) e todos são encontrados no reino vegetal. O que ocorre é que não existe apenas um alimento de origem vegetal que contenha absolutamente todos os aminoácidos de que necessitamos. Por isso, temos que fazer combinações de alimentos para ingerir as quantidades adequadas deles. A famosa dupla brasileira arroz e feijão, por exemplo, funciona dessa forma: o que falta em um, encontramos no outro.
Quem não come carne tem mais risco de ter anemia por falta de ferro
A anemia por deficiência de ferro é a deficiência nutricional mais comum no mundo e atinge populações de consumidores de carne e de vegetarianos quase na mesma proporção. É totalmente possível alcançar a recomendação de ingestão de ferro na alimentação vegetariana, por meio de uma alimentação variada e balanceada, incluindo leguminosas, castanhas, sementes, vegetais verde-escuros e melado.
E, em fases da vida em que as necessidades de ferro aumentam muito, como na gestação e na infância, a recomendação é de que haja a suplementação, orientada por nutricionista ou pelo médico, pois apenas a alimentação é insuficiente para garantir quantidades seguras.
Não comer carne gera mais risco de osteoporose e fraturas
A osteoporose tem mais a ver com fator genético do que estilo de vida. Ou seja, independe a escolha alimentar nesse caso. Quem não come carne pode consumir boas fontes de cálcio de origem vegetal incluindo vegetais verde-escuros, nozes, chia, linhaça e ervas secas ou desidratadas, como manjericão e orégano, na alimentação diária.
Além disso, a saúde óssea também depende de bons níveis de vitamina D no organismo, e nós conseguimos produzir essa vitamina com exposição solar. Cerca de 15 minutos por dia é o suficiente, mas converse com um médico simpatizante ao vegetarismo para fazer a exposição com segurança – uma vez que deve ser feita sem protetor solar para ser eficaz.
A dieta sem carne é pobre em nutrientes
Ser rico ou pobre em nutrientes está muito mais relacionado à forma da pessoa comer do que ao padrão alimentar. Existem pessoas que vivem de forma balanceada, e as que passam apenas a fast food, com pouca variedade alimentar e que optam por muitos alimentos ricos em açúcar e gordura. Tudo independentemente do consumo de carnes.
A única ressalva é que, no reino vegetal, nós não encontramos a vitamina B12, produzida por bactérias. Apesar da prevalência da deficiência ser parecida entre vegetarianos e onívoros (pois seus níveis no sangue estão muito mais relacionados à qualidade da digestão e da microbiota do intestino), os vegetarianos precisam suplementar essa vitamina, e as quantidades devem ser avaliadas pela dosagem dos níveis sanguíneos por um nutricionista ou médico capacitado em atender vegetarianos.
É possível e seguro não comer alimentos de origem animal em qualquer fase da vida. Considere o vegetarianismo pela sua saúde, pelos animais e pelo planeta.
Raquel Lupion é formada em Nutrição e Educação Física, tem especialização em Nutrição Clínica e Mestrado em Ciências do Movimento Humano. Sua motivação é promover um estilo de vida saudável, fugindo de radicalismos e tentando encontrar o caminho do meio entre o que é necessário e o que é prazeroso. Na vida profissional, divide seu tempo entre atender em consultório, dar aulas de yoga, palestrar e ministrar cursos. Escreve semanalmente em revistadonna.com.