O tema da calvície esteve em alta nas últimas semanas por conta de Patrick Ribeiro, participante do reality show Casamento às Cegas. Na produção da Netflix, ele aparece sempre de boné para disfarçar a queda de cabelo, o que gerou deboche de uma colega do programa e repercussão nas redes sociais. A condição pode representar um problema para muitas pessoas e, embora seja mais comum em homens, também pode afetar as mulheres.
Enquanto entre o público masculino a queda dos cabelos se concentra no topo da cabeça, a perda das madeixas nas mulheres apresenta características diferentes. No caso delas, com o passar do tempo, os fios ficam mais ralos e perdem densidade, até que param de crescer ou começam a cair, fazendo com que o couro cabeludo fique mais aparente.
— A calvície feminina se chama alopecia androgênica feminina. É uma doença que provoca afinamento dos fios e uma rarefação, que vai progredindo ao longo dos anos. A queda se distribui de forma mais difusa. Nos homens, vão sendo formadas as "entradas" e eles podem ficar totalmente sem cabelo — explica a dermatologista Analupe Webber, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Secção RS (SBD-RS).
Conforme a especialista, a alopecia androgênica ou alopecia androgenética feminina afeta cerca de 6% das mulheres e está ligada a fatores genéticos e mudanças hormonais. Apesar de poder se manifestar na adolescência, é comum que se intensifique a partir dos 50 anos.
Alguns fatores podem piorar a condição, como, por exemplo, a chegada da menopausa e o uso de suplementação com hormônios masculinos, como testosterona, e de medicamentos andrógenos, incluindo alguns tipos de anticoncepcionais.
Tratamento
A calvície feminina não tem cura, mas é possível controlá-la e minimizar seus efeitos. A orientação da médica Analupe Webber é procurar um dermatologista assim que perceber queda de cabelo ou afinamento dos fios, principalmente se houver histórico familiar da doença.
— Tem pessoas que vêm quando o cabelo já está muito ralo. Se a pessoa sabe que a avó, a mãe ou outras pessoas da família sofrem com alopecia androgênica, ela pode procurar o dermatologista antes de desenvolver os sintomas — orienta.
A especialista afirma que o tratamento envolve medicamentos vasodilatadores em formulações tópicas, orais ou injetáveis. Há também a possibilidade de utilizar antiandrógenos, que são neutralizadores de hormônios masculinos, além de lasers e sessões de microagulhamento.
Nem toda queda de cabelo é sinônimo de calvície. Às vezes, a perda dos fios é provocada por anemia, falta de vitaminas ou por outros tipos de alopecia. A dermatologista aponta que é essencial procurar um especialista para que ele possa indicar o tratamento mais adequado.
"O cabelo é a moldura do rosto"
Kérols Uszacki é hair designer, terapeuta capilar e trabalha com mulheres que sofrem com a doença. Ela ressalta que a calvície feminina não envolve apenas o viés estético, uma vez que impacta a autoestima.
— O cabelo é a moldura do rosto. Já trabalhei em casos de pessoas que não se importavam com o cabelo rarefeito. Mas a maioria das mulheres entre 35 e 50 anos não quer ficar sem cabelo. Então, elas sentem que esse cuidado (no salão de beleza) é uma esperança.
A profissional explica que um fio saudável começa com um couro cabeludo saudável. Junto ao tratamento dermatológico, existem técnicas terapêuticas, como massagens, lasers e aplicação de produtos cosmecêuticos, que podem auxiliar.
— Quanto antes for tratado, maiores as chances de resultados melhores — frisa ela.
A profissional explica que são adotadas estratégias para esconder falhas e disfarçar características que possam causar desconforto nas mulheres. Por exemplo, a partir da análise de caso a caso, podem ser feitos cortes específicos, como franjas.
— Se o cabelo está com uma rarefação frontal, podemos deixar mais curto. Indicamos ainda produtos específicos para estilizar o cabelo que está muito fino. Além de mousse ou xampu para dar volume — acrescenta.
*Produção: Carolina Dill