Não é tarefa fácil escolher um bom xampu. Os produtos com alta eficácia de higienização, muitas vezes, provocam o ressecamento dos fios. Já os com maior capacidade hidratante tendem a não limpar tão bem o couro cabeludo. Como resolver?
Segundo a médica dermatologista Ana Eliza Bomfim Duarte, é preciso fazer o balanço. Ela explica que, para garantir boas escolhas, o primeiro passo é identificar as características do seu cabelo.
Sulfato não é vilão
Caso seus fios sejam oleosos ou com caspa, opte por um xampu com poder de limpeza maior, indica a dermatologista. Esses produtos costumam conter sulfato na composição.
— A substância que faz a limpeza mais potente se chama lauril sulfato de sódio, os famosos sulfatos. Só que, como limpam mais, acabam ressecando os fios — alerta.
Para amenizar o efeito, a médica dá a dica de evitar a aplicação nas pontas e no comprimento do cabelo.
— Até porque a oleosidade e a sujidade estão no couro cabeludo — afirma.
Além disso, alterne o uso com uma opção sem sulfato, de efeito condicionante. Assim, em algumas lavagens, o foco vai ser na limpeza intensa, e, em outras, na hidratação.
Agora, se o seu cabelo for seco ou com química, a indicação é optar pelos xampus sem sulfato na maioria das vezes. Produtos chamados de co-wash, ou cremes de limpeza, contam com emolientes na fórmula, o que deixa o cabelos mais hidratados, macios e brilhantes.
Vale citar, porém, que, além de não entregarem uma limpeza tão potente, eles podem se depositar nos fios, acumulando e deixando-os pesados e opacos com o uso frequente.
— Não existe um xampu perfeito. Todos vão precisar fazer um rodízio. O paciente com o cabelo mais oleoso ou que faz bastante exercício físico, na grande maioria de suas lavagens da semana, vai utilizar xampus que têm o lauril sulfato na composição. Só que, às vezes, vai utilizar os com efeitos condicionantes. E se tiver cabelo seco, na maior parte dos dias, vai usar xampus hidratantes. E, em uma ou duas lavagens na semana, um com lauril sulfato. Temos que limpar o couro cabeludo e hidratar o fio — diz.
A especialista desmente ainda o clássico mito de que os cabelos "se acostumam com xampu". O que ocorre, reforça, é que há diferentes necessidades a serem supridas com produtos distintos.
Entenda os rótulos
Na hora da escolha, vale prestar atenção à composição do xampu. A dermatologista Ana Eliza Bomfim Duarte aponta alguns dos principais componentes, além dos sulfatos, e suas funções. Confira:
- Parabeno: utilizado como conservante. É liberado no mercado e regulado pela Anvisa como seguro. No entanto, pode provocar alergias, dermatites e urticárias em algumas pessoas. Nesses casos, o uso deve ser interrompido.
- Triclosan: também é utilizado como conservante, para evitar contaminação microbiológica dos cosméticos. É um produto não-biodegradável, que pode causar prejuízos ao meio ambiente ao longo dos anos.
- Petrolatos: são ativos que promovem uma aderência capilar maior, como se fosse uma camada de gordura na haste capilar. Pode melhorar o aspecto do fio, mas, ao longo do tempo, também pode ter efeito de depósito, deixando o cabelo pesado, endurecido. Por isso, é recomendado evitar o uso em grandes quantidades.
Sem sal?
O sal é um espessante utilizado para fazer espuma no xampu. Ele não faz mal ao cabelo na forma que é apresentado, afirma a médica.
— Isso é mais uma questão de marketing do que de fato de uma necessidade — sublinha ela, que comenta também a questão do preço: — O xampu bom não necessariamente é caro. Tem que testar e experimentar, achar o rodízio que vai se adaptar melhor ao seu cabelo. Custo não é definidor. Mas é claro que, quando usamos marcas profissionais, a chance de termos melhor qualidade é maior — conclui.