Junto de seu pai, Manuel Ervalho, André é proprietário do Bar Tuim, um dos mais tradicionais da Capital. O estabelecimento, localizado no Centro Histórico, soma 70 anos de histórias, clientes fiéis e um baita chope.
Leia também:
6 perguntas para o "passador" mais antigo do primeiro espeto corrido do Brasil
8 perguntas para o dono da Sorveteria Joia
Como foi o seu início no bar?
O Tuim está presente na minha família há cerca de 60 anos. O bar começou com um ucraniano, em 1941. Depois, passou para um filho de criação do meu avô, que o cuidou por 30 anos, mas faleceu em um acidente. Foi quando meu pai assumiu e, em 1994, quando eu tinha 14 anos, entrei como sócio dele. Na época, como ele já tinha muita idade e minha mãe já havia falecido, achou que algo poderia ocorrer e não ia ter quem sustentasse as minhas irmãs. Então, me colocou à frente do bar, explicou como funcionava, como atendia cada cliente e qual era a mania de cada um. Em agosto, vai fazer 25 anos que estou no bar, e meu pai, hoje com 81 anos, continua meu sócio.
Existe algo que nunca mudou desde quando o bar foi inaugurado?
O atendimento de qualidade. Fazer o cliente sentir-se em casa e parte do estabelecimento. Isso nunca mudou.
Como manter um bar tradicional nos dias de hoje?
Sendo tradicional. Perguntam se tem wi-fi, não tem. É um bar de bate-papo, boteco raiz, para sentar à mesa e conversar. Não adianta montar negócios transitórios. É preciso fidelizar os clientes, chamá-los pelo nome, saber do que gostam e do que não gostam. Também tem de ter qualidade. Não adianta um cardápio extenso se não for bom. É assim que se mantém um bar tradicional em Porto Alegre.
Você é a quarta pessoa a assumir o comando do Tuim. Há alguma coisa que marcou a sua gestão?
A ampliação do estabelecimento e a colocação do deck externo, que foi uma briga de 10 anos com a prefeitura. Foi a partir do meu projeto que foi criada a lei dos parklets (estruturas que lembram decks e são instaladas em vagas destinadas a carros).
Qual o principal desafio que você enfrenta na direção do bar?
A crise que se instituiu no país e que fez reduzir o movimento. Outros grandes desafios são manter a qualidade, a relação interpessoal e o tradicional sendo tradicional. Claro que a gente tem que se adaptar à realidade. Por exemplo, antes o bar não vendia refrigerante. Mas com o passar do tempo, os clientes não podiam mais beber e queriam continuar frequentando. Então, foi uma das adaptações que fizemos. Mas, o foco é sempre manter o boteco raiz.
Por que você acredita que o Tuim consegue manter uma clientela fiel e o sucesso mesmo depois de tanto tempo?
Pelo tratamento interpessoal, principalmente. Porque convivemos, sabemos a história deles e eles sabem a nossa. Os clientes trazem os filhos para tomar o primeiro chope. A nossa mídia é o boca a boca.
Falando em sucesso, como manter o título de um dos chopes mais bem tirados da cidade?
Ah, isso é fácil. A primeira pergunta é: “como eu gostaria de tomar um chope, como a minha família iria querer?”. Tem que ser assim, com carinho. Tem que ser bem tirado. Não é comercial. Eu sirvo como se fosse para mim.
Qual o melhor chope que você já bebeu na sua vida?
Se for para falar a verdade, foi aqui. O melhor que tomei na vida. Mas no Belmonte, no Rio de Janeiro, foi muito
bom. Passei na frente, vi que ele estava tirando um chope muito cremoso e perguntei se poderia tirar outro. Eu sentei e tomei 10. Mas ainda assim, o meu é melhor. Pode ter certeza.
* Conteúdo produzido por Victoria Campos