Não sou bairrista, mas morro de orgulho de algumas coisas da nossa terra. E uma delas é o vinho brasileiro. Sou um defensor da bebida produzida aqui por acreditar na qualidade do produto que temos e no potencial desse mercado para desenvolver nosso país na indústria, no comércio e no turismo.
Em qualquer região produtora de vinho do mundo as cartas de restaurantes privilegiam os produtos à sua volta, assim como as prateleiras dos supermercados e as adegas dos consumidores. Infelizmente, aqui não é assim. Continuamos valorizando mais o que é de fora. Chile e Argentina têm mais destaque do que rótulos da Serra Gaúcha, da Campanha ou de Santa Catarina. O mesmo trabalho de valorização de produtores locais que existe no setor de alimentos tem que ser feito para os produtores de bebidas como vinho, cerveja e cachaça.
Os motivos, ou desculpas, são vários. A principal é o preço, dizendo que o produto nacional acaba chegando caro na ponta. De fato, a incidência abusiva de impostos prejudica a competitividade, muitas vezes, frente ao que vem de fora. Incentivar esse setor deveria ser bandeira de qualquer governo ou partido político. Outra causa é o preconceito, alguns dizem que nosso produto não tem qualidade. Nesse caso, é pura ignorância ou preguiça. Experimento de tudo, e mesmo sem ser um entendedor, consigo perceber que tem muita coisa boa sendo feita aqui.
A maior prova da qualidade do produto nacional está no espumante. Tal bebida, hoje, tem produtos para bater de frente com qualquer região vitivinífera do mundo. A melhor forma de vencer o preconceito é tomar o vinho ou espumantes às cegas. Quando é só a bebida na sua pura forma que está sendo avaliada, preconceitos se perdem goela abaixo.
Acredito que a melhor forma de difundir o vinho brasileiro é tornar o vinho mais acessível na forma de beber. Ainda nos preocupamos com regras velhas para beber algo tão simples. Precisamos encontrar a nossa forma de beber vinho, sem frescuras. O vinho tem que estar na praia, no campo, no parque, nas refeições cotidianas. Não é preciso taça de cristal e nem sentir aromas de couro para ser feliz. Esse pode ser o jeito brasileiro de se apropriar do vinho.
Desconfio de quem estufa o peito para dizer que só bebe vinho de uma certa região do mundo. Inclusive para os que só bebem brasileiros. Esse tipo de radicalismo não funciona. Experimentar de tudo é o que nos faz evoluir, assim como viajar para cada canto do mundo. É hora de acreditar no vinho brasileiro, pedindo garrafas nos restaurantes, aproveitando o enoturismo e derrubando preconceitos bobos.
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* Conteúdo produzido por Diego Fabris