Não dá mais para comer sem celular. Gostem ou não, essa é uma realidade dos novos tempos. O aparelho se tornou parte da mesa junto com garfo e faca, não tem como negar ou evitar. E esse comportamento traz coisas boas e ruins para o ato de comer.
O lado ruim mais evidente é a dispersão da atenção ao prazer da comida. Em tempos de conexão total com o mundo digital, a hora do café, almoço ou jantar deve ser um momento de fuga e satisfação no mundo real. Mas como fazer isso com o WhatsApp apitando mensagens do lado da manteiga?
Uma das partes boas do celular na mesa é o aumento da informação sobre o que se está comendo. A desconfiança sobre a origem dos alimentos e sua composição fará aumentar o número de apps e tecnologias que permitem rastrear de onde vem a comida e o quanto de fato ela agrega na sua alimentação. Pode parecer paranoia, mas a tendência é que as informações de tabela nutricional dos rótulos passem a pipocar na telinha também.
O celular virou um amigo inseparável de quem quer uma alimentação mais saudável ou de quem está de dieta. Ele fica lembrando muita gente que é uma boa hora para tomar água ou comer uma fruta, substituindo o que as mães de antigamente fariam. Confesso que eu adoraria ter um aplicativo que no meio da tarde me dissesse: “que tal um brigadeiro agora?”. Mas esse eu ainda não encontrei.
As pessoas também estão registrando sem parar o que estão comendo. Seja para controlar a alimentação equilibrada ou só para se exibir nas redes sociais, a mesa hoje faz parte do diário pessoal de muita gente. Comer comida fria virou menos importante do que perder o timing da postagem no Instagram.
Outro benefício do celular na gastronomia é a praticidade. Pedir comida pelos aplicativos tornou-se mais fácil do que ligar e explicar tudo para um atendente de delivery mal humorado. Já existem apps que permitem reservar uma mesa no restaurante ou até entrar na fila do mesmo sem estar lá. E a febre do momento é a nova opção de pagar a conta com o celular. Ponto positivo para o celular que ajuda as pessoas a ganharem tempo.
Para você que não gosta dessa convivência com o celular, uma má notícia: só vai piorar. Isso porque vem aí a geração Galinha Pintadinha, que foi criada com o celular junto ao babeiro para distrair as crianças enquanto os pais tentam uma refeição tranquila.
Vários restaurantes adotaram a piadinha do “não temos Wi-Fi, conversem entre vocês”. Para mim, ela já perdeu a graça. Acho triste ver uma mesa onde todos estão conectados e não se falando entre si e curtindo uma refeição. Porém, a opção é das pessoas. Cada um deve buscar o equilíbrio para que o celular seja um amigo e não um inimigo do prato, mas fato é que o Wi-Fi no restaurante virou item obrigatório e indispensável.
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* Conteúdo produzido por Diego Fabris