A chef Natália Tussi iniciou sua carreira na fábrica de massas da família. Hoje, ela comanda a cozinha do Rambla (Félix da Cunha, 977), localizado no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Paralelamente, Natália participa de um projeto de inclusão da fundação O Pão dos Pobres destinado a jovens em situação de vulnerabilidade, dividindo conhecimentos sobre o mundo da gastronomia e da cozinha.
Como começou tua paixão pela gastronomia?
Minhas melhores memórias de infância sempre tiveram relação com comida. Mas me dei conta do quanto era fascinada
apenas anos depois, na faculdade. Descobrindo os temperos nas aulas eu reconhecia aromas que sentia quando meu avô marinava o coelho servido com o tortéi de abóbora feito pela minha avó, por exemplo.
Por quais lugares tu já passaste?
Minha mãe tinha uma fábrica de massas em Panambi, e aos 13 anos comecei a ajudá-la nas horas vagas. Quando já estava estudando, trabalhei com o chef Floriano Spiess em seu restaurante em Canela e, depois, em Porto Alegre.
Quais são os chefs que te inspiram?
Principalmente meus amigos cozinheiros, que me inspiram diariamente, e obviamente chefs como Alex Atala, Rodrigo Mocotó, Felipe Bronze, Bel Coelho, Helena Rizzo e Fred Trindade.
Desde quando estás no Rambla? Como é a experiência?
Há quase quatro anos. No Rambla eu formei minha primeira equipe, que se tornou uma segunda família. O desafio de gerenciar duas cozinhas e uma grande demanda faz a gente amadurecer e se desenvolver em diversos quesitos pessoais e profissionais.
Como é o teu processo criativo para montar o cardápio do Rambla?
Tento adaptar pratos típicos espanhóis fazendo uso de ingredientes locais. Gosto de abranger o conceito “tapas” mesclando cozinhas que harmonizem dentro da cultura mediterrânea.
Qual o prato mais pedido no Rambla? Qual bebida harmoniza perfeitamente com ele?
Os pintxos e montaditos sem dúvida são as entradas que mais fazem sucesso. O hábito espanhol de compartilhar as
tapas agradou o público porto-alegrense, e a cultura da bebida (sangria, vinho ou a cerveja) sempre vir acompanhada
de uma porção de tortilla, jamon, azeitonas ou queijos torna o jantar descontraído. Uma paella ou polvo à galega
completam a noite.
Como funciona teu trabalho no Pão dos Pobres? Quais são os chefs que participam? De que forma eles te inspiram?
O Pão dos Pobres surgiu por acaso e mudou minha percepção sobre gastronomia. O projeto de inclusão é destinado a jovens especiais e em situação vulnerável. É baseado em um curso técnico de auxiliar de cozinha com duração de um ano, em que são abordados também conteúdos como serviço e empreendedorismo. Tem como objetivo formar jovens aprendizes. Vêlos inseridos no mercado de trabalho ao final do curso nos enche de ânimo e orgulho. Temos chefs incríveis em Porto Alegre que além de abrirem as portas de seus restaurantes para os estágios, também se disponibilizam a dar aulas e nos presenteiam com insumos que fazem toda diferença e qualificam nosso curso de forma absurda.