Cada vez mais me dou conta de que não sabemos nada sobre comida. A gastronomia se popularizou nos últimos 10 anos de forma exponencial e virou moda, aflorando ainda mais a nossa ignorância sobre os alimentos e sobre comer. Vejo pessoas fazendo dietas sem glúten ou lactose por moda e não por intolerância. Vejo gente enchendo a boca para dizer que não come mais carne sem conseguir explicar o porquê. Acredito que um dos principais motivos disso acontecer é que não tratamos (ou tratamos muito pouco) do tema “gastronomia” nas escolas.
Escolas de todo o Brasil ensinam repetidas vezes conteúdos que serão pouco utilizados na nossa vida e esquecem de nos ensinar sobre algo que está presente em pelo menos três momentos de todos os dias, a alimentação. Noções básicas de nutrição, como o que é o carboidrato ou a proteína, é algo mais raro de se ver nas apostilas do que logaritmos. Crianças terminam o colégio sem saber diferenciar uma rúcula de um agrião. E isso não é de agora, sempre foi assim.
Mais do que ensinar no papel, é fundamental promover experiências que estimulem a educação do paladar. Entender na boca a diferença entre acidez, amargor e doçura, por exemplo, faz com que as pessoas descubram novos sabores e se alimentem melhor. Além disso, o contato com o campo é fundamental. Vivenciar o mundo do produtor rural aproxima as pessoas com a origem dos alimentos e derruba mitos sobre o processo de produção.
A discussão sobre a merenda nas escolas já existe e promoveu alguns avanços em diversos lugares do Brasil. Mas é necessário que o assunto seja amplamente discutido e disseminado para todos os momentos da nossa vida. O conhecimento sobre o assunto impacta diretamente na saúde da população e melhora a nossa qualidade de vida. Qualquer iniciativa de educação nesse sentido deve ser apoiada.
Obviamente, o tema deve ser ensinado e discutido pelas famílias em casa também. Terceirizar esse assunto apenas às escolas é algo irresponsável. Deixar a cargo das redes sociais pode ser perigoso. Comer bem é cultura e saúde, e nada é mais importante do que isso. Nem a fórmula de Baskara.
* Conteúdo produzido por Diego Fabris