O doce de leite exerce sobre mim um poder hipnotizante. Cada item da prateleira do supermercado com ele merece minha atenção. Cada sobremesa em um cardápio que leve o ingrediente me faz ignorar o resto dos pratos. Se eu tivesse um restaurante, acho que escreveria doce de leite sempre em negrito e caixa alta no menu. Talvez seja só a minha cabeça de gordinho, que desde pequeno come o prato principal já pensando na sobremesa. Mas conheço várias pessoas que, assim como eu, tem essa queda por este doce tão querido.
Uma das lembranças da infância é comer o mumu no saquinho plástico. Era sinônimo de recreio feliz no colégio. E, na saída da aula, lá estava o tio do churros com aquele recheio transbordando de alegria. Também não existia praia sem um sonho recheado com doce de leite e as mãos lambuzadas de açúcar.
E o que dizer do leite condensado fervido na panela de pressão por horas até virar um dos melhores doces de leite de que se tem notícia? Só de pensar, já começo a salivar e a tentar lembrar se ainda restou alguma lata na despensa de casa.
Outro estilo que habita os meus sonhos é aquele doce de leite de fazenda, com gostinho caseiro e bem embolotado. Não sei me comportar na frente de um e geralmente exagero sem culpa alguma.
A tão falada gourmetização levou o doce de leite a outros pratos, como crepe, petit gateau, sorvete, mil-folhas e até brigadeiro. Neles, o doce de leite vira protagonista pela sua cremosidade e doçura. Não existe nada mais sensual do que um doce de leite escorrendo pelo prato.
Os uruguaios e os mineiros são as principais referências no assunto. Mas não me peça para apontar o meu preferido, afinal, sou daqueles que não acha nenhum doce de leite ruim. Claro que tem alguns melhores que outros, mas acredito que é melhor uma vida com um doce de leite mais ou menos do que sem nenhum.
* Conteúdo produzido por Diego Fabris