Eu costumo dividir as pessoas em dois tipos: as que amam e as que odeiam azeitonas. Faço parte do segundo time, aquele que passa longe desse fruto da oliveira. Meu sentimento se deve ao fato de o sabor e o aroma da azeitona tomar conta de tudo em volta. A azeitona é tipo aquela pessoa que entra no ambiente falando alto, chamando a atenção e perturbando a paz geral da nação.
Minha birra começou por causa do pastel de carne. Volta e meia, ao pedir um, era surpreendido por uma azeitona que impregnava tudo e acabava com o meu prazer. E o mesmo se repete em empadas e tortas salgadas. Quem aí nunca passou por isso? Um pastel de carne com azeitonas, para mim, é um pastel de azeitonas.
Por mais que eu não goste, admiro quem se diverte comendo azeitonas em conserva como tira-gosto. Gosto de ver as pessoas animadas com aquelas azeitonas recheadas com pimentão. Mas prefiro dedicar minha atenção a um bom pote de amendoins mesmo.
Outro prato que adoro, mas que volta e meio é infestado pelas azeitonas, é o bacalhau. Entendo que a receita é tradicional e que a influência portuguesa pede isso, mas não custa nada fazer uma versão sem as tais bolinhas pretas e verdes. Como esse tipo de prato muito menos do que gostaria por causa desse acompanhamento dominante. E nem vou falar do meu ódio de encontrá-las na pizza.
O mais estranho nisso tudo é que eu realmente adoro azeite de oliva. E uso em tudo o que é tipo de prato. Principalmente no couvert, para passar em um bom pão quentinho. Chego a me enganar imaginando que o azeite não tem nenhuma ligação com a azeitona, com o intuito de evitar minha hipocrisia ao criticar as pobres azeitonas.
Minha implicância com a azeitona será eterna. Sei disso. Por mais que eu já tenha dado o braço a torcer para vários alimentos de que não gostava, como o aspargo e a rúcula, com a azeitona não vai rolar. Fica você aí desse lado da mesa, que eu vou ficar por aqui.
* Conteúdo produzido por Diego Fabris