O comportamento das pessoas em um buffet me fascina. Às vezes, gosto de ficar sentado em mesas perto da bancada de pratos só para observar este processo curioso de servir um prato de comida. Dizem que nós gaúchos adoramos um buffet, principalmente pelo poder da abundância no prato que nos é dado. Particularmente, até prefiro o serviço à la carte, mas não tenho absolutamente nada contra o buffet, afinal, eu quero mesmo é comida boa e experiências agradáveis em um restaurante.
O primeiro momento é aquele da decisão de ir para a fila. Você fica de olho nela, esperando dar uma diminuída para se servir mais rápido. E é só levantar para ir em direção à fila que surgem algumas outras pessoas com a mesma ideia na sua frente. Vai dizer que não é sempre assim?
A fila é responsável pelo mais estranho fenômeno de bipolaridade nas pessoas. Em questão de segundos, você fica impaciente com a demora das pessoas que estão na sua frente e irritado com quem está atrás de você, te empurrando para se servir logo.
Uma das piores coisas que pode ocorrer é ficar atrás dos conversadores, aqueles que resolvem botar o papo em dia bem ali, entre o alface e o tomate. Inevitável que você ouça a conversa e queira opinar. Inevitável também que você transpareça certo desconforto com a espera. Acontece. Acontece o tempo todo.
Outro tipo a se evitar em filas é o dos destroçadores de pratos, aqueles que remexem toda a decoração em busca do pedaço perfeito para si. Ele pinça bife por bife da travessa, analisa-os por todos os lados e vai devolvendo até desmembrar um que outro. E, neste processo, leva embora também sua paciência.
Por mais que eu esteja com fome e com pressa, costumo ser muito paciente com qualquer pessoa que esteja na minha frente. Mas o que me tira do sério é alguém atrás de mim empurrando e se posicionando próximo demais para acelerar o processo. Quando encontro alguém assim faço questão de demorar um pouco mais.
Outro momento tenso é aquele em que um prato termina antes da reposição ser feita. Geralmente é o prato queridinho - o bolinho de arroz, a polenta frita ou a especialidade da casa. E aí vem o drama de decidir se espero a reposição e saio da fila ou sigo adiante sem esse que seria o ponto alto do almoço. Neste caso, fato é que a linha quase industrial do buffet vai parar e gerar certa desordem.
Talvez o comportamento mais interessante no buffet seja o voyeurismo. Sim, admita que você já olhou para o prato de quem está ao lado e avaliou a harmonia do alimento alheio. Isso sem falar em quem tem uma curiosidade mórbida por olhar para o peso da balança de quem está na frente.
Fato é que fome e fila nunca combinam. Tanto é que a fila da sobremesa nunca é tão tumultuada quanto a dos pratos principais, afinal, você já amenizou a fome. Mas a melhor maneira de ser feliz em um buffet é ter tranquilidade. Com calma e bom humor a comida sempre tem um gosto melhor.
* Conteúdo produzido por Diego Fabris