Seguir uma dieta vegetariana ou vegana diz muito sobre o estilo de vida dos adeptos, que vêm aumentando consideravelmente no Brasil. Nos últimos 10 anos, o número de vegetarianos cresceu 75% no país, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope. Aproximadamente 30 milhões de brasileiros passaram a aderir esses hábitos alimentares.
Para a pesquisadora e desenvolvedora de produtos da Urban Farmcy, Alana Rossetto, embora no Rio Grande do Sul a alimentação esteja muito ligada à proteína animal, o número de restaurantes vegetarianos e veganos é expressivo. Além disso, estabelecimentos tradicionais adaptaram os seus cardápios para contar com opções sem carne. Supermercados e indústrias também têm buscado alternativas para atender o público com maior variedade de produtos sem origem animal que, até pouco tempo, só estavam disponíveis em lojas especializadas.
— Mesmo que alguns ainda tragam opções muito simples e óbvias, a grande maioria dos restaurantes, e até mesmo indústrias, está buscando diferentes formas de inovar e abraçar esse público — comenta.
Além de parte da população que mudou a alimentação, muitos consumidores têm repensado seus hábitos e reduzido o consumo de carne, sem necessariamente cortar por completo. Uma pesquisa feita pelo Ibope e encomendada pelo Good Food Institute Brasil mostrou que 47% dos brasileiros reduziram o consumo de carne em 2020.
Há 31 anos em Porto Alegre, o Prato Verde (Rua Santa Terezinha, 42) foi um dos restaurantes vegetarianos pioneiros na cidade. O proprietário Tiago Flores conta que, quando decidiu abrir o espaço no Bom Fim existiam poucas opções, e a maioria estava localizada no Centro Histórico. Ele diz que, desde o primeiro dia de atendimento, a casa esteve sempre cheia, e o público abraçou a proposta de uma alimentação engajada e preocupada com o meio ambiente.
O Prato Verde funciona todos os dias da semana no horário do almoço, inclusive domingos e feriados, com um buffet exclusivamente vegetariano. Nessas três décadas de operação, Flores conta que viu o seu público mudar de 10% de vegetarianos, em 1991, para 40%, hoje em dia.
— Ao contrário do que muitos devem pensar, a maior parte dos nossos clientes não é vegetariana. São pessoas abertas a possibilidade de não comer carne todos os dias e que prezam por uma alimentação saudável e equilibrada — avalia o empresário.
Preocupação com o meio ambiente e a busca por uma alimentação mais sustentável são uma das principais motivações de quem mantém uma dieta sem proteína animal. De acordo com Flores, isso deve e estar entre os pilares do restaurante, afinal, não basta apenas entregar uma comida sem carne, mas, também se preocupar com o alimento, como ele é feito e o que tem por trás dele.
A exemplo disso, a Urban Farmcy nasceu como um restaurante no Moinhos de Vento que tinha como objetivo incentivar uma cadeia produtiva sustentável, desde o cultivo até o consumo, introduzindo saúde através do alimento. Depois de quatro anos de operação na Rua Hilário Ribeiro, a marca decidiu dar um novo passo e fechar as portas do espaço físico para investir na indústria de alimentos plant-based. Hoje, o e-commerce vende para todo o país pratos congelados, como lasanhas, almôndegas, hambúrgueres e vários outros, tudo à base de plantas.
— O principal motivo de termos migrado de restaurante para indústria foi por temos a oportunidade de atingir cada vez mais pessoas no Brasil, motivando-as a incluir na sua rotina uma alimentação com propósito e à base de plantas — comenta a pesquisadora.
O fato é que os dados de pesquisas recentes reforçam a tendência mundial da preocupação com aquilo que estamos comendo e o vegetarianismo faz parte disso. As pessoas estão cada vez mais interessadas em saber de onde vem o alimento e saber qual o impacto dele no ecossistema.
Ao olhar para 15 anos atrás, Alana acredita que a principal mudança está na forma como as opções vegetarianas e veganas estão sendo apresentadas ao consumidor: muito mais saborosas, atraentes e com um apelo visual maior.
— Sem dúvida, a qualidade na oferta por produtos mais atraentes e inovadores será a principal engrenagem para despertar cada vez mais o interesse e motivação dos porto-alegrenses — ressalta.
DIFERENÇAS ENTRE OS TIPOS DE VEGETARIANISMOS
- Ovolactovegetarianismo: consome ovos, leite e laticínios.
- Lactovegetarianismo: utiliza leite e laticínios na sua alimentação.
- Ovovegetarianismo: consome ovos na sua alimentação.
- Vegano: não consome nenhum produto de origem animal.