A série espanhola Não Nos Calaremos estreou na sexta-feira (31). Desbancando títulos aguardados como Bridgerton e Eric, a produção baseada no livro Ni Una Más, do escritor Miguel Sáez Carral, tornou-se a mais assistida da semana na plataforma de streaming.
A obra da Netflix explora o drama de Alma, uma adolescente insegura de 17 anos interpretada por Nicole Wallace. Em um ato de protesto, ela pendura uma faixa com a frase "Aqui se esconde um estuprador" no portão do colégio. A revelação da jovem acaba colocando em xeque as suas amizades, testando as suas relações familiares e, principalmente, desgastando a sua saúde mental.
Com a repercussão da série, o público passou a se questionar se algum caso verídico inspirou os eventos da narrativa. Confira abaixo uma explicação sobre os acontecimentos da série. O texto pode conter informações sensíveis sobre violência sexual.
Atenção: o texto abaixo contém spoilers.
Não Nos Calaremos é inspirado em um caso real?
A resposta é: não exatamente. Apesar de a batalha das mulheres contra a violência sexual e a impunidade ser o tema central da história, a série não tem um episódio específico como inspiração principal da narrativa.
Entretanto, na história, existem referências aos casos de Daisy Coleman e Chanel Miller, que se tornaram emblemáticos mundialmente. Em uma parte da série, Alma cria um perfil falso no Instagram para denunciar um abuso sofrido por sua amiga Berta, interpretada por Teresa de Mera. O usuário da conta é @Iam_colemanmiller, "eu sou Coleman Miller", em tradução livre.
As histórias
Daisy Coleman
Daisy Coleman teve a sua história de violência retratada no documentário Audrie e Daisy, da Netflix. Aos 14 anos, ela estava em uma festa quando foi abusada por Matthew Barnett, que na época tinha 17 anos. Depois do crime, ela foi deixada inconsciente na porta de sua casa.
Ela foi a fundadora da ONG SafeBAE (Before Anyone Else), que atua nos Estados Unidos e busca conscientizar alunos do Ensino Fundamental e Médio sobre abuso sexual. Ela trabalhava como tatuadora. A ativista tirou a própria vida em agosto de 2020.
Chanel Miller
Em 2015, aos 22 anos, Chanel Miller foi sexualmente abusada após comparecer a uma festa na Universidade de Stanford. Ela estava inconsciente quando dois estudantes encontraram Brock Turner violentando ela atrás de uma lixeira. Após o crime, Turner foi condenado a seis meses de prisão. Ele foi liberado após cumprir metade da pena.
A identidade de Chanel havia sido protegida durante a investigação. Em 2019, a graduada em Literatura escreveu a biografia Know My Name (Saiba Meu Nome, em tradução livre), no qual fala sobre a violência sofrida.