Luísa Sonza é um fenômeno. Indiscutível. A artista gaúcha de apenas 25 anos já atingiu feitos incríveis na carreira, firmando-se como um dos grandes nomes da cena pop nacional. Ao mesmo passo, a cantora também colecionou polêmicas nos recentes anos de estrelato. É uma personagem fascinante, abarcando uma legião de fãs. E de haters.
Sendo esta figura que acumula amor e ódio, Luísa torna-se um prato cheio para que tenha a vida explorada mais a fundo, tal qual Anitta, em 2018 e em 2020, na Netflix. O mesmo serviço de streaming apresenta Se Eu Fosse Luísa Sonza, minissérie documental disponibilizada nesta quarta-feira (13), com três episódios de 33 a 43 minutos.
A produção acompanha Luísa a partir do final de 2022, entrando na casa dela e traçando uma linha do tempo da vida da artista até às vésperas do lançamento do álbum Escândalo Íntimo. Com depoimentos de família, equipe e produtores musicais, as filmagens foram feitas desde Tuparendi, no Rio Grande do Sul, até Los Angeles, nos Estados Unidos, mostrando a intimidade e os desafios da artista.
O que mostra Seu Eu Fosse Luísa Sonza
Carreira
Este é o ponto principal da produção. E não é para menos. A carreira construída pela jovem artista é invejável. É dona de diversos hits e números impressionantes — aliás, é com eles que o documentário praticamente se encerra, reforçando a grandeza de sua personagem principal. A narrativa, quase cronológica, não foge da construção da jornada do herói, neste caso, da heroína, que enfrenta desafios, coloca-se em xeque e, no final, supera os problemas, conquistando o seu objetivo.
Fica evidente na produção que Luísa Sonza não chegou ao patamar que ocupa hoje de graça ou por sorte. É talentosa e tem uma grande conectividade com a arte de fazer música — pelo menos, é o que o corte final da minissérie quer mostrar. É interessante ver o processo criativo de composição e como ela entende que até nas falhas existe uma certa beleza artística.
Relacionamentos
Quem espera que se destrinche este ponto do lado pessoal de Luísa Sonza pode se decepcionar. Neste ponto, a minissérie foca quase que exclusivamente no casamento com Whindersson Nunes — que por sinal, é o único ex da artista que dá entrevista para a produção. Tanto ela quanto ele não se negam a falar de como foi o relacionamento, trazendo detalhes do dia a dia e criticando o público, que recebe o fardo de ter sido o responsável pela separação.
Vitão quase não é citado e o conturbado namoro com Chico Moedas ganha alguns poucos minutos, sendo a música sobre ele mais personagem que o próprio empresário. Vale destacar que as gravações do documentário terminaram antes de o caso de traição por parte de Chico e por isso é feito um certo remendo na produção, com a ajuda de textos, prints de redes sociais e cortes de podcasts.
Polêmica
Um dos pontos que pesam contra Luísa Sonza é o caso de racismo em que ela se envolveu em 2018 e que, volta e meia, retorna às redes sociais. Para o documentário, a gaúcha decide dar a sua versão do caso, mas de uma forma mais "intimista", apenas ela com o telefone em um quarto.
Ela remonta o episódio, diz que vem trabalhando para ser uma pessoa antirracista e, ao final da declaração, reforça que com quem ela tinha de se desculpar, já o fez. Perde a chance de se aprofundar e, mesmo com os diversos cortes, termina a declaração com um ar de insatisfação sobre a questão da qual tanto fugiu nos últimos anos.
Psicológico
— Imagina se a coisa que você mais ama fazer na vida passasse a ser a que você mais odeia e a que te suga mais, te deixa mais cansada, exausta, mal, depressiva — diz Luísa em um momento do documentário.
Este é o ponto que tenta humanizá-la e mostra que a artista, ao chegar no topo, precisa entregar muito de si. Xingamentos do mais baixo nível são jogados na tela a todo momento, para que o espectador entenda uma pequena parcela do que a artista enfrentou. Uma das barras mais pesadas foram os ataques sofridos após a morte do filho de Whindersson, em 2022, tragédia da qual a artista foi acusada de ser culpada, sofrendo, inclusive, ameaças de morte e tendo de deixar o Brasil.
Ela também teve crises de pânico e, após a turnê de Doce 22, teve de fazer um repouso vocal de 20 dias sem falar uma palavra sequer, para não ter de realizar uma cirurgia nas cordas vocais. Foram momentos difíceis, de fato, na vida de uma pessoa tão jovem e que almejou tanto ser uma estrela. Não faltam situações de choro e em que ela expressa insegurança no documentário, demonstrando a fragilidade emocional da artista, que acredita encontrar forças na música para seguir em frente.
Por fim...
... o sentimento que fica é de que o documentário apenas arranhou a superfície da história da artista, que tem toda a trajetória documentada na internet. Por não ter muito o que contar, a produção acaba sendo curta. A própria Luísa Sonza diz, em um certo momento, que a minissérie mostra apenas uma parte da vida dela, que está somente começando. Não é uma grande imersão para os fãs e quem não for dificilmente vai parar para assistir. Tudo deve seguir como sempre foi.