A atriz Eva Wilma, 87 anos, morreu na noite deste sábado (15) em decorrência de um câncer no ovário. Ela estava internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde 15 de abril. Inicialmente, Eva foi hospitalizada para tratamento de problemas cardíacos e renais.
"Comunicamos que a atriz Eva Wilma acaba de falecer às 22h08 no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, em função de um câncer de ovário disseminado, levando a insuficiência respiratória", diz o comunicado oficial.
Em janeiro, Eva ficou 21 dias internada com pneumonia no Hospital Vila Nova Star, da Rede D'Or, também em São Paulo. Com dificuldades respiratórias, ela passou nove dias na UTI.
Enquanto esteve internada, Eva não parou de trabalhar. Em 19 de abril, a equipe da atriz publicou uma foto dela estudando o texto com as falas para o filme As Aparecidas.
Eva deixa dois filhos. Ainda não há informações sobre velório e sepultamento.
História
Eva Wilma Riefle Buckup nasceu em 14 de dezembro de 1933, em São Paulo (SP). Sua carreira iniciou aos 19 anos, no Ballet do IV Centenário de São Paulo, como dançarina, e logo recebeu convites para integrar o Teatro de Arena e a TV Tupi. Na emissora, estreou no programa Alô Douçura, que ficou 10 anos no ar, e atuou ao lado de John Herbert, com quem se casou em 1955. Eles tiveram dois filhos, Viven e John Herbert Jr, e se separaram em 1976. Três anos depois, Eva se casou com Carlos Zara, que morreu em 2002.
Ao longo de seus 66 anos de carreira, a atriz se destacou por oscilar entre mocinhas e vilãs. Na primeira adaptação de Meu Pé de Laranja Lima, ainda na TV Tupi em 1971, Eva viveu Jandira, a irmã mais velha do protagonista Zezé (Haroldo Botta). Dois anos depois, ela estrelou a primeira versão de Mulheres de Areia, também na Tupi, quando interpretou as gêmeas Ruth e Raquel.
Com o fechamento da Tupi em 1980, ela foi contratada pela Globo. Sua estreia foi na comédia Plumas e Paetês (1980), em que viveu Rebeca, dona de uma confecção que se apaixonava pelo segurança da fábrica, o italiano Gino (Paulo Goulart), ao mesmo tempo em que era disputada pelo gerente Márcio (John Herbert).
Uma das personagens inesquecíveis de Eva é Altiva, a vilã de A Indomada (1997), que lhe rendeu vários prêmios. A Dra. Martha, do seriado Mulher (1998), e Íris, de Fina Estampa (2011) também são atuações memoráveis da artista, que marcou presença em novelas como Pedra sobre Pedra (1992), O Rei do Gado (1996) e Começar de Novo (2004).
Eva Wilma estava afastada das novelas desde O Tempo Não Para (2018), quando interpretou a cientista Petra. Em 2020, ela foi homenageada no Prêmio Cesgranrio de Teatro e, em seu discurso, falou sobre a importância do trabalho dos atores.
— Amo o ator por se emprestar inteiro para expor os aleijões da alma humana com a única finalidade de que o público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor a ser construído pela harmonia e pelo amor — disse no evento.
Cinema e teatro
Nos cinemas, ainda no fim da década de 1960, Eva chegou a fazer um teste para o filme Topázio, de Alfred Hitchcock. Segundo o site Memória Globo, ela não chegou a ser escalada. Mesmo assim, teve uma carreira expressiva nas telonas, com destaque para o papel de Luciana em São Paulo S.A. (1965), de Luiz Sérgio Person, considerado um marco da cinematografia brasileira.
Seu primeiro papel romântico foi em O Craque, de José Carlos Burle, de 1953. De lá para cá, ao todo, foram 30 filmes gravados desde a década de 1950. Sua última produção foi Minha Mãe, Minha Filha (2018), em que divide a cena com Helena Ranaldi.
O teatro também sempre esteve presente na carreira da artista. Foram mais de 60 montagens realizadas. Entre 1994 e 1996, trabalhou ao lado de Eliane Giardini na peça Querida Mamãe, de Maria Adelaide Amaral, com direção de José Wilker, que lhe rendeu os prêmios Molière e Sharp, em 1994, e o Prêmio Shell, em 1995. Em 2000, recebeu a Medalha Machado de Assis, conferida pela Academia Brasileira de Letras por serviços prestados à Cultura Brasileira.
Ao site Memória Globo, Eva afirmou em depoimento que a expressão artística tem uma ligação com a divindade:
— A matéria-prima do ator, além do físico, é a imaginação. Essa criatividade está dentro e fora. Acho que tem um dedinho de Deus no meio disso.