A história do médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, será contada na série documental em Em Nome de Deus. A produção tem seis episódios e foi criada pelo apresentador Pedro Bial e pela roteirista Camila Appel para o Globoplay.
O primeiro episódio será exibido na Globo nesta terça-feira (23) após Aruanas. Logo em seguida, todos os capítulos estarão disponíveis no streaming.
A produção irá mostrar os bastidores da investigação jornalística que começou no Conversa com Bial. No programa do dia 7 de dezembro de 2018, uma vítima relatou ter sido abusada sexualmente pelo médium, famoso por realizar tratamentos espirituais na Casa Dom Inácio, em Abadiânia (GO). A partir do depoimento, outras centenas de mulheres denunciaram João de Deus pelo mesmo crime.
— Em Nome de Deus é a história de mulheres e de sua coragem de reagir. Mais do que resistir, de agir, a partir do sofrimento, da humilhação e do massacre que elas sofreram. Não só de uma pessoa, no caso, o João de Deus, mas da sociedade e da comunidade que permitiu que esse homem existisse da forma que existiu e perpetrasse os crimes que perpetrou. É um documentário sobre a voz das mulheres — diz Pedro Bial.
Além de falar sobre os crimes, o seriado irá mostrar como foi a infância de João de Deus em Itapaci (GO), até sua prisão, em dezembro de 2018. Para gravar, foi feita uma extensa pesquisa de arquivo em documentários e programas de TV nacionais e estrangeiros, além ter sido usado material de arquivo pessoal das vítimas e das casas em que o médium atuava em Goiás e no Rio Grande do Sul.
Roda de mulheres
Os episódios de Em Nome de Deus são costurados por depoimentos inéditos de sete mulheres, de diferentes idades e regiões, que decidem mostrar seus rostos pela primeira vez e expor como atuava João de Deus. As vítimas - uma advogada, uma atriz, uma fisioterapeuta, uma professora, a filha de João de Deus, uma costureira e a coreógrafa holandesa Zahira Mous - nunca haviam se encontrado até então, mas aceitaram se reunir em uma roda para compartilhar suas histórias.
— Ficamos mais de oito horas ali, em dois dias diferentes. Foi uma experiência emocionante e, apesar do nível de terror de tudo aquilo, uma experiência muito mais bonita do que triste. De esperança — conta Camila Appel, que conduziu a conversa e foi a repórter que descobriu os primeiros casos de abuso sexual do médium.
Além do depoimento das vítimas, a série documental trará relatos de celebridades que eram próximas ao médium, como a apresentadora Xuxa Meneghel. A produção também analisa a popularidade dos curandeiros espirituais no Brasil.
João de Deus foi condenado três vezes pela Justiça pelos crimes sexuais. Juntas, as penas somam 63 anos e quatro meses de reclusão. O médium estava preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia desde o fim de 2018. Hoje, por conta da pandemia de coronavírus, está em prisão domiciliar. Ele sempre negou todas as acusações.