Ex-pacientes do médium João de Deus o acusaram de abuso sexual no Conversa com Bial desta sexta-feira (7), na Rede Globo. Com depoimentos de quatro mulheres, três brasileiras que preferiram não se identificar e a coreógrafa holandesa Zahira Lienike Mous, elas descreveram cenas similares durante o programa sobre a forma como ele se aproximou de cada uma.
—Abriu a calça, colocou a minha mão no pênis dele e começou a movimentar a minha mão — contou Zahira. — Estava em choque. Enquanto isso, ele continuava falando da minha família e disse que eu deveria sorrir.
Reconhecido no mundo todo por suas curas espirituais, João Teixeira de Faria, nome real de João de Deus, faz atendimentos há mais de 40 anos em sua clínica, a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, no interior de Goiás. Estima-se que o local receba até 10 mil pessoas por mês para consultas com o médium.
A guia espiritual norte-americana Amy Biank, que trabalhou como guia de estrangerios à Casa Dom Inácio entre 2002 e 2014, também participou do programa. Ela afirmou ter presenciado cenas de abuso enquanto frequentou o local:
— Ouvi um grito de socorro e entrei. Ele pediu para eu fechar os olhos e sentar. Vi que ele estava com as calças abertas, ela ajoelhada e ele com uma toalha no ombro. Ela não queria fazer sexo oral nele, foi por isso que gritou. Sentei no sofá e fechei os olhos, porque estava doutrinada a achar que tudo era divino e especial. Ela gritou de novo, eu abri os olhos e ele parou.
Segundo as mulheres, o médium também as ameaçava caso elas não cooperassem com ele. Uma das brasileiras, que não quis se identificar, declarou:
— Ele dizia: "Se você não fizer o que eu estou falando, a sua doença vai voltar".
A assessoria de João de Deus enviou a seguinte nota ao programa: "Há 44 anos, João de Deus atende milhares de pessoas em Abadiânia, praticando o bem por meio de tratamentos espirituais. Apesar de não ter sido informado dos detalhes da reportagem, ele rechaça veementemente qualquer prática imprópria em seus atendimentos".