A prefeitura de Porto Alegre, por meio da Procuradoria-Geral do Município (PGM) e das secretarias atreladas ao Comitê Temporário de Enfrentamento ao Coronavírus (CTECOV) da Capital, aguarda a notificação oficial da Justiça sobre o fechamento do Auditório Araújo Vianna. A decisão, publicada na noite desta quinta-feira (10), acarretou no adiamento do show da banda Vera Loca, de um evento da prefeitura e da apresentação de Armandinho, que seriam realizados entre quinta e sábado no espaço cultural.
Uma ação civil, assinada pelo juiz Fernando Diniz, da 4ª Vara da Fazenda Pública, determinou que casas de shows e teatros não podem funcionar em bandeira vermelha na Capital. Procurada pela reportagem de GZH, a assessoria da PGM informou que o órgão não foi intimado oficialmente e que "não há informações sobre um eventual recurso, o que será analisado ainda".
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE), por meio de sua assessoria, também disse que não haverá posicionamento, o que deve ocorrer "após o município ser notificado". A SMDE reforçou que as intimações ocorrem via PGM.
A ausência do recebimento da notificação também foi relatada por Rodrigo Machado, sócio-diretor da Opinião Produtora e responsável pela agenda do Araújo Vianna. Em entrevista ao Timeline Gaúcha nesta sexta, o empresário afirmou que não recebeu nenhum documento e que os eventos que estavam marcados foram adiados em respeito ao comunicado publicado no site do Ministério Público (MP).
— É uma pena, porque já tivemos o show do Nando Reis e outros eventos seguindo todos os protocolos exigidos. Ninguém aqui saiu fazendo evento e shows no "eu acho", tivemos evento-teste para comprovar as normas com técnicos, responsáveis da saúde e da vigilância sanitária tanto do município como do Estado — pondera Machado.
Apesar de ter sido uma ação ajuizada a pedido do MP, Machado disse que não sabe quem moveu o pedido na Justiça. Ele alerta que há um "pequeno grupo de colaboradores de eventos sociais" que fez manifestações recentes em frente ao Palácio do Piratini, pedindo uma equiparação dizendo que "cem técnicos poderiam trabalhar, e não mil".
— Temos esse pequeno grupo que reclama que outras áreas querem trabalhar, mas não ingressamos nessa ação porque não podemos protestar contra algo que está evoluindo. Tínhamos cem técnicos trabalhando por noite no auditório, o que gerou essa revolta. O que acontece é que temos uma autorização técnica que permite o funcionamento do Araújo, temos responsabilidade e seguimos protocolos que foram testados e aprovados — reforça Machado.
Futuro
Todos os shows que ocorreriam em dezembro no Araújo Vianna, segundo a Opinião Produtora, estão adiados. O único remarcado, até o momento, é o de Armandinho, que foi para o dia 24 de abril de 2021 e os ingressos seguem válidos para a nova data. As apresentações de Vera Loca (que seria nesta quinta), Tequila Baby (dia 17), Black Alien (18) e Serginho Moah (19) ainda não foram reagendadas.
Na noite desta quinta, o secretário municipal de Cultura, Luciano Alabarse, afirmou à Rádio Gaúcha que a decisão da Justiça faz sentido, frente ao aumento de infecções pelo coronavírus no Estado:
— A situação é extremamente preocupante e, por mais que doa, a gente precisa olhar a realidade. Nós estamos realmente em um surto de aumento desse vírus — ressaltou o secretário, lembrando os altos índices de ocupações de leitos de UTI não apenas no Rio Grande do Sul, mas em vários estados brasileiros.
Alabarse destacou ainda que talvez não seja "o melhor momento de retomar essas atividades presenciais", visto que nenhum protocolo é uma garantia de segurança total contra o coronavírus, e o momento é grave para os hospitais.
— Como cidadão, não estou nem falando como artista, nem como secretário, mas como cidadão comum, eu não me sinto confortável para ter uma vida normal quando as circunstâncias não são nada normais — concluiu.