Teatros, auditórios, casas de espetáculos, casas de shows, circos e outras atividades em ambientes fechados na Capital estão com abertura suspensa, mais uma vez, de acordo com uma liminar na Justiça divulgada na tarde desta quinta-feira (10). Em entrevista à Rádio Gaúcha, o secretário municipal de Cultura, Luciano Alabarse, afirmou que a decisão faz sentido, frente ao aumento de infecções pelo coronavírus no Estado:
— A situação é extremamente preocupante e, por mais que doa, a gente precisa olhar a realidade. Nós estamos realmente em um surto de aumento desse vírus — ressaltou Alabarse, lembrando os altos índices de ocupações de leitos de UTI não apenas no Rio Grande do Sul, mas em vários estados brasileiros.
De acordo com a decisão, Porto Alegre não pode autorizar o funcionamento dos estabelecimentos culturais enquanto estiver classificada em bandeira vermelha no plano de distanciamento controlado do governo estadual. Alabarse recordou que o setor está "sofrendo brutalmente os efeitos da pandemia desde março", mas que, como cidadão, é preciso pensar primeiro na saúde pública.
— Não é hora de um questionamento meramente econômico. É óbvio que há um prejuízo enorme, gigantesco, que ninguém deseja isso, só uma pessoa sem raciocínio vai gostar de uma medida que traz prejuízo financeiro aos empreendedores, aos artistas — ponderou. — Muito mais que um secretário de Cultura, é um secretário de Saúde que tem que se manifestar nesse momento, porque essas decisões atingem vidas.
Entre as atividades suspensas estavam dois shows programados para ocorrer no Auditório Araújo Vianna. O primeiro, da banda Vera Loca, estava marcado para as 21h de quinta-feira (11) e o segundo, de Armandinho, para a noite de sábado (12). A produtora anunciou que os eventos foram adiados.
— Talvez seja o caso desses produtores, que são extremamente organizados, recorrerem e mostrarem os seus protocolos e o que está em risco — acrescentou o secretário.
No entanto, ele mesmo destacou que talvez não seja "o melhor momento de retomar essas atividades presenciais", visto que nenhum protocolo é uma garantia de segurança total contra o coronavírus, e o momento é grave para os hospitais.
— Como cidadão, não estou nem falando como artista, nem como secretário, mas como cidadão comum, eu não me sinto confortável para ter uma vida normal quando as circunstâncias não são nada normais — concluiu.
Alabarse ainda fez um apelo para que a população siga usando máscaras e álcool em gel e praticando o distanciamento social. O secretário destacou que o avanço das vacinas é uma "luz no final do túnel", mas que a colaboração da população neste momento é essencial.