Com a despedida da premiada Claire Foy e de Matt Smith, uma nova fase se inicia na terceira temporada de The Crown (Netflix), série dedicada à trajetória da rainha britânica Elizabeth II. Os 10 novos episódios estreiam neste domingo (17), na Netflix, e retratam o período de 1964 a 1977, quando Harold Wilson assume como primeiro-ministro da Inglaterra.
Olivia Colman, do longa A Favorita (2018), e Tobias Menzies, o Edmure Tully de Game of Thrones (HBO), são os novos protagonistas da série para viver a rainha e seu marido, Philip. Nessa fase, a família real se vê ainda mais obrigada a se mostrar relevante, enquanto a monarca age de forma mais fria e enfrenta um duelo mais aguçado com a irmã, Margareth, agora interpretada por Helena Bonham Carter.
Nesse período, Philip deixa de ser um aventureiro para mostrar seu lado mais família e duro, sempre que entende que isso é necessário. Alguns dos episódios se dedicam a um determinado fato histórico e a como a rainha agiu diante dele, e outra boa parte relata a luta da família para mostrar que sabe usar cada centavo que recebe dos contribuintes britânicos.
Para o ator britânico Tobias Menzies, esse período agitado da série é um ponto positivo. "Um elemento importante é que, obviamente, o tempo avançou. Por isso, nós retratamos uma fase muito diferente da história britânica, em particular. Indiscutivelmente, um período muito turbulento, a greve dos mineiros, períodos políticos voláteis e um momento em que o valor da moeda da coroa caiu e éramos menos apreciados."
Esforços são feitos para melhorar a imagem da coroa, como um documentário da BBC e entrevistas com membros da família real à imprensa. Ao mesmo tempo, a rainha parece ter pouca reação a fatos importantes. Elizabeth II demora a entender a gravidade de um deslizamento de um aterro de carvão em cima de todo um vilarejo, matando famílias inteiras, e parece mais preocupada com cavalos de corrida, enquanto a economia do país entra em colapso.
— O melhor de The Crown é que a série pega eventos que todos nós já conhecemos e os revisita de um ângulo bastante interessante — diz Menzies.
Philip ganha mais espaço também, ao se tornar mais atuante na família, ao mesmo tempo em que tenta esconder o seu passado — não só os fatos mais recentes, mas toda a sua história, que inclui uma mãe que foi erroneamente diagnosticada com esquizofrenia e vive longe dos holofotes da família real.
— O relacionamento com os filhos dele começa a aparecer e isso tem sua complexidade. Obviamente, Charles (Josh O'Connor) se torna um destaque na série. Os dois têm um relacionamento muito difícil, e Philip parece estar mais perto de Anne — conta Menzies.
Além do preparo histórico e comportamental de Philip, Menzies diz ter sofrido uma boa transformação física para viver o duque de Edimburgo.
— O cabelo e a maquiagem foram uma parte bastante importante para trazer Philip à tela. Tenho cabelo preto e não tenho olhos azuis, então precisávamos trabalhar em cima disso — diz o ator, que tingiu o cabelo de loiro e teve o formato do rosto adequado com a maquiagem.
Nem tudo são fatos
O realismo ou a ficção retratados pela série são, constantemente, motivo de polêmica no Reino Unido. O ex-secretário de imprensa da rainha Elizabeth II Dickie Arbiter criticou a série no jornal The Sunday Times, por sugerir um romance "infundado" entre a monarca e seu gerente de corridas de cavalos, segundo a AFP.
— É algo deselegante e totalmente infundado. A rainha é a última pessoa no mundo que sequer consideraria olhar para outro homem — criticou.
Na série, a monarca visita alguns lugares nos Estados Unidos e na Austrália com o Lord Porchester, administrador de seu estábulo, que ela chama de "Porchie". Isso gera suspeitas do príncipe Philip. "Se tem algo a me dizer, diga agora", diz a rainha no início do episódio. "E caso não, se me permite, estou muito ocupada", acrescenta.
O marido da rainha aparentemente decide deixar as coisas como estão e não diz nada. Segundo o jornal The Sunday Times, a rainha "permaneceu perto de Porchie até sua morte, em 2001". Mas também destaca que nada prova que eles eram mais que amigos.
— The Crown é ficção — afirma o ex-secretário.
Já foi dito pela imprensa britânica que a rainha Elizabeth II nunca assistiu à série The Crown. Em entrevista ao programa The Graham Norton Show, Olivia Colman afirmou que teve a oportunidade de conversar com o príncipe William e perguntou se ele acompanha a série, ao que ela ouviu um sonoro "não".