Lançando o disco Redoma, Paola Kirst e Kiai Grupo se apresentam nesta terça-feira (13), no Centro Histórico-Cultural Santa Casa, em Porto Alegre. O show contará com participações de Pedro Borghetti, Venancio da Luz e Marietti Fialho, além das cantoras Dida Larruscain e Stephanie Soeiro, que se somarão à banda.
Com direção musical e cênica de Tamiris Duarte e Thais Andrade, a apresentação contemplará as 11 faixas do álbum e incluirá duas canções do EP Silêncio dos Célebres — gravado com Kiai Grupo e Venancio Luz, o trabalho foi divulgado em fevereiro. O show ainda contará com a intérprete de Libras, Joseane Kirst.
Redoma é o segundo disco de estúdio de Paola com a Kiai. O primeiro, Costuras que Me Bordam Marcas na Pele (2018), foi contemplado com o Prêmio Açorianos de Música em 2019, na categoria revelação.
Gravado no estúdio Pedra Redonda (que também assina como selo do álbum), por Wagner Lagemann e com produção de Guilherme Ceron, o álbum começou a ser gestado em 2022. Conforme Paola, tanto ela quanto o grupo sentiam vontade de registrar músicas em um processo diferente do primeiro disco.
No caso do Costuras, o disco foi ensaiado nos palcos. A cantora de 36 anos ressalta que, basicamente, o primeiro álbum reflete o processo de muitos shows. Desta vez, foi o contrário, ela e a banda não se apresentavam há um bom tempo, mas havia a intenção de gravar um novo trabalho.
Formada por Lucas Fê (bateria), Dionisio Souza (baixo) e Marcelo Vaz (teclado e piano), o Kiai Grupo é um trio instrumental que se destaca pela fusão de estilos que culmina no que definem como "perifa jazz". Assim como Paola, a banda também é oriunda de Rio Grande, no Litoral Sul. A cantora sublinha que eles têm uma conexão musical muito forte.
Essa ligação dos quatro é refletida no título do álbum, como observa Paola:
— Redoma não é só uma coisa que encarcera a gente. Convida para uma proteção, para um acolhimento. A capa do disco não é eu sozinha, traz eles também para essa frente. É uma relação de muita confiança, a gente se aventura e se incentiva juntos.
Ela acrescenta que, naquele período, estavam sendo realizados os primeiros encontros presenciais pós-pandemia, o que se reflete nas músicas, da situação de enclausuramento e da vontade de quebrar a barreira. Contudo, com a enchente de maio, Redoma também ganhou outro significado.
— Há muitos retratos dos momentos que viemos enfrentando (...) Muito do lugar que a gente vem de construir as coisas coletivamente — completa.
Paola aponta que a sonoridade do álbum é inspirada em ritmos da música latino-americana e brasileira (como a ciranda). Ao mesmo tempo, também é um trabalho mais pop e com mais acidez, voltando-se também para o rock psicodélico.
A faixa Contínuo é bom exemplo. Com participação do duo Psycho Delícia — formado pelo guitarrista Erick Endres e o baterista Bruno Neves —, a música remete aos trabalhos de Os Mutantes na formação clássica.
— Eu estava mergulhada nos livros e na obra da Rita Lee. Fiquei fissurada — pontua Paola. — Tinha uma vontade de trazer essa sonoridade mais psicodélica. Tanto que a gente chamou o Psycho Delícia para gravar essa faixa, com letra de uma amiga, Thais Andrade.
Redoma conta com um leque de participações, que atuam na composição (como o poeta Carlos Medeiros, o instrumentista Pedro Borghetti e o músico Arthur de Faria), nos coros (Tamiris Duarte e Thays Prado), entre outros. Também conta com as cantoras Marietti Fialho e Gabi Lamas.
Mas a faixa que abre Redoma é de autoria de Paola. Cidade Pulsa traz somente a voz da cantora, acompanhada apenas por efeitos processados por Ceron. "A cidade implode/ a cidade é vulva/ que engole os silêncios de tempo em espiral", diz a letra. Segundo Paola, é o retrato de como ela enxerga Porto Alegre, onde vive há seis anos, em si.
— É um convite para que a pessoa adentre na minha percepção de conexão com esse lugar, que é muito feminina e grita assim — descreve. — É um jeito de convidar as pessoas a entrar nesse universo novo, que se criou com a sonoridade do disco. Ao mesmo tempo que abre com eu sozinha, termina sem que eu esteja cantando.
Véu do Tempo fecha Redoma com vocal de Lucas Fê.
— Quando essa música me foi apresentada pelo Lucas, fiquei completamente apaixonada. A ideia inicial era que eu gravasse cantando, mas, no meio do processo, percebemos que se bastava, não precisava de uma outra voz. A voz do Lucas era o que a música estava precisando. E faria sentido estar neste álbum — relata.
Até o momento, Redoma conta os singles Nada, Lava em Movimento e Pessoa Bonita. Entre as 11 faixas, há a angustiante Delirando Eu Vôo ("Imersa no macio/ soterrada na clausura (...) Encobrindo meus medos mais bizarros/ Protegendo meus gritos sufocados"), que Paola compôs em um momento de melancolia.
— Foi quase como uma necessidade de botar para fora, de gritar e vomitar coisas. Lembro de estar me sentindo soterrada dentro da cama — pontua.
Mas também há espaço para um humor mais ácido, caso da divertida Nem Fudendo, composição de Arthur de Faria. "Por que será que eu te sigo se tu é tão chato?/ Eu podia tá vendo o carinha que cria insetos na Nova Zelândia", argumenta a letra.
— Quando a escutei, entendi que está num ponto que faz muito sentido no disco, trazer mais desse papo reto que, ao mesmo tempo, tem uma classe e referencia o Tangos e Tragédias. Tem uma coisa circense na sonoridade — destaca. — Quisemos trazer essa música para poder brincar sobre as redes sociais, das pessoas que a gente segue e vê o tempo inteiro falando abobrinha, mas mesmo assim, a gente segue acompanhando aquilo ali.
Paola Kirst e Kiai Grupo
- Quando: nesta terça-feira (13), a partir das 20h
- Onde: no Centro Histórico-Cultural Santa Casa (Av. Independência, 75)
- Ingressos a partir de R$ 30 (lista afirmativa para pessoas pretas, pardas e/ou indígenas, pessoas transexuais e não binárias) pelo site da Sympla