Uma das casas preferidas dos cinéfilos porto-alegrenses está reabrindo as suas portas — pelo menos, parte delas. A sala Eduardo Hirtz será o primeiro dos três espaços da Cinemateca Paulo Amorim a voltar a funcionar. O retorno se dá nesta quinta-feira (8), após três meses da enchente que castigou o Estado e a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), onde o cinema está abrigado.
Para que o local pudesse receber novamente o público, foram necessárias obras de restauração devido aos estragos. De acordo com Mônica Kanitz, curadora da cinemateca, foram trocadas todas as 70 poltronas na sala — e, com a mudança, abriu-se espaço para outros lugares, somando, agora, 73.
Todo o carpete do piso também foi substituído enquanto a tapeçaria da parede foi mantida, após uma avaliação técnica de que era possível limpar e higienizar a mesma. Já o palco, que ficava abaixo do telão, foi perdido e o novo ainda não estará disponível para a reabertura da Eduardo Hirtz, mas deverá chegar nos próximos dias.
— O som e a projeção ficaram intactos, não teve problema nenhum. Mas, para o som, a gente até trocou umas caixas, fizemos uns ajustes, para ficar melhor. O ar-condicionado também passou por todo um processo de higienização dos dutos. Então, está tudo nos trinques, bem ajustado — garante Mônica.
Além disso, os banheiros passaram por reparos e por uma severa limpeza. Já as cadeiras de madeira que ficavam no saguão resistiram à cheia, mas ainda precisam passar por um processo de higienização e polimento. Todos esses ajustes para reabrir a Eduardo Hirtz foram possíveis, segundo a curadora do espaço, graças aos recursos despendidos pelo Banrisul para alavancar o setor cultural, incluindo reparação da CCMQ.
A reabertura contará com seis filmes na primeira semana, que se dividirão entre dias e horários. Três deles tinham acabado de entrar em cartaz quando a enchente atingiu o espaço — Plano 75, Clube Zero e Veríssimo — e, por isso, Mônica fez questão de trazê-los de volta, como uma espécie de "homenagem" aos cinéfilos e como uma forma de aludir à continuidade dos trabalhos. As outras obras são os brasileiros Estranho Caminho e Estômago — de 2008, mas que ganha relançamento restaurado — e o canadense Testamento.
— A programação tem filmes que eu acho que têm tudo a ver com esse retorno. Está todo mundo dizendo que está com saudade da gente. Então, vamos reabrir, não importa se no banheiro ainda não está o espelho, se nós não temos tudo no saguão ainda. A sala está perfeita. E eu estou muito feliz, muito animada, porque é aquela coisa de estarmos vendo uma luz no fim do túnel depois de tudo isso que aconteceu — complementa Mônica.
As outras duas salas, a Paulo Amorim e a Norberto Lubisco, ainda não têm data para reabertura, mas, de acordo com a curadora, estão bem encaminhadas, com recursos garantidos para as obras. Já a CCMQ reabre em sua plenitude em 14 de agosto.
Confira a programação de 8 a 14 de agosto:
15h
- Estômago, de Marcos Jorge (sessões na quinta-feira, no sábado e na terça-feira)
Estranho Caminho, de Guto Parente (sessões na sexta-feira, no domingo e na quarta-feira)
17h
- Plano 75, de Chie Hayakawa (sessões na quinta-feira e no domingo)
- Clube Zero, de Jessica Hausner (sessões na sexta-feira e na terça-feira)
- Verissimo, de Angelo Defanti (sessões no sábado e na quarta-feira)
19h
- Testamento, de Denys Arcand (todos os dias)