Com a transferência de local do Festival Turá, que passou do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia) para o Anfiteatro Pôr do Sol, um espaço eclético de Porto Alegre foi reavivado.
Inaugurado em 13 de maio de 2000, no trecho 2 da Orla, o Anfiteatro Pôr do Sol recebeu os mais diversos eventos, mas especialmente shows memoráveis — do Fórum Social Mundial a gravações de DVDs. Desde novembro de 2019, quando o projeto Gigantes do Samba (Alexandre Pires e Raça Negra) passou por lá, as apresentações no espaço cessaram.
O local receberia atrações da Semana de Porto Alegre, em março de 2020, mas a programação foi cancelada por conta da pandemia. Naquele mesmo mês, a concha acústica foi atingida por um incêndio. As chamas danificaram o palco de madeira e parte da lateral da estrutura.
Em junho, o Anfiteatro receberia o Poa Drive-in Show, mas a organização do evento e a Prefeitura de Porto Alegre decidiram transferir a atração de local depois que moradores da Capital registraram a desova de um cágado no espaço.
Consequentemente, o lugar foi abandonado, acumulando pichações e sinais de degradação. No ano passado, a prefeitura definiu que iria demolir a estrutura. Já em maio deste ano, o executivo municipal anunciou um projeto de reforma para o trecho 2 da Orla, que inclui a área do Anfiteatro. A previsão é que o edital seja lançado no primeiro semestre de 2024, com as obras tendo início no mesmo ano e sendo concluídas em quatro anos.
Conforme o secretário de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), Germano Bremm, a área poderá receber eventos até que as obras sejam iniciadas.
— A concha tem problemas sérios de infraestrutura. Ela vai ficar isolada, o palco é montado na frente — pondera Bremm. — O espaço em si é bastante amplo e adequado para receber grandes eventos.
Para a realização do Turá, a secretaria estabeleceu regras de proteção da Fauna. Serão realizadas o monitoramento de aves e répteis nativos antes e durante o evento, além da implantação de sinalização nas áreas isoladas para os animais. Ainda, a organização do Turá terá de pagar uma compensação de cerca de R$ 33 mil por uso da área.
— Estamos felizes com a retomada dos eventos no Anfiteatro Pôr do Sol, pois é um espaço representativo para a cidade. No entanto, em função de questões ambientais, vínhamos monitorando a área por causa da identificação de alguns ninhos de cágados. A partir desse acompanhamento, que ocorreu ao longo do último ano, e o festival atendendo todas as diretrizes de mitigação do impacto, compreendemos que o espaço está apto para a realização de eventos, caso se siga as diretrizes ambientais — explica Bremm.
Turá
Em nota divulgada na última sexta-feira (20), o Turá assegurou que a escolha do novo local vai ao encontro da essência do projeto, que "busca abraçar a diversidade e a sustentabilidade por meio da música, da gastronomia, das pessoas e da localização em meio à natureza". Segundo os organizadores, o espaço receberá uma estrutura montada especialmente para o festival.
"Como parte de nosso compromisso com a sustentabilidade, é importante destacar que todo o nosso palco e material cenográfico são reutilizados em todos os TURÁs. O palco ficará localizado em frente ao palco existente agora. Além do palco, haverá estrutura de camarins, backstage de produção, áreas especiais com ativações dos patrocinadores, banheiros químicos e uma praça de alimentação com atrações gastronômicas que serão divulgadas em breve", destacou a organização em nota enviada à reportagem de GZH nesta segunda-feira (23).
Ainda, o festival ressalta que não será necessária nenhuma adaptação significativa no terreno do Anfiteatro: "Como parte de nossa abordagem responsável e em respeito à fauna local, estamos tomando medidas para minimizar o impacto em sua vida. Estas medidas incluem o isolamento das áreas de desova, assegurando que o ambiente natural seja respeitado e preservado durante o evento".
Ao redor do terreno, haverá um cercamento da área para o público do festival acessar. Em relação à capacidade, a organização assegura que nada se altera. Por enquanto, estão previstos os mesmos planejamentos de segurança e de logística que seriam aplicados no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, mas, de acordo com o Turá, quando a montagem da estrutura for iniciada, serão avaliadas possíveis adaptações.
As datas para o festival seguem as mesmas originalmente previstas, 18 e 19 de novembro, assim como as atrações. No sábado (18), haverá shows de Emicida, Fresno convida Pitty, Alceu Valença, Papas da Língua, Jup do Bairro e Bloco Império da Lã, além de sets dos DJs das festas Cadê Tereza?, Cabaret, Blow Up e Céu Bar + Arte. Já no domingo (19) o festival terá Caetano Veloso, Baco Exu do Blues, Duda Beat, Marina Sena, Francisco, el Hombre e Bloco da Laje x— nos intervalos, a discotecagem por conta de Cadê Tereza? por Nanni Rios, DJ Chernobyl, a dupla de DJs Carol Sanches & Raquel Pianta e o festival Morrostock.