De volta a Porto Alegre neste sábado (21), o Meca chegou com força total mostrando porque conquistou o Brasil com o conceito de “maior menor festival”. Com um line-up composto por 13 atrações musicais e nove palestras, o evento levou milhares de pessoas ao Instituto Caldeira, no Quarto Distrito.
A programação teve início às 10h30min com previsão de seguir até o início da madrugada de domingo (22). Os shows foram realizados em parte da Rua Frederico Mentz e da Travessa São José, no entorno do Caldeira, enquanto as palestras ocorreram dentro do instituto, na Travessa São José, 455, no bairro Navegantes.
A seleção de artistas manteve o legado do Meca de celebrar os grandes nomes da indústria fonográfica nacional, como Os Mutantes, Johnny Hooker e Gaby Amarantos, além de dar espaço a nomes em ascensão como o cearense Getúlio Abelha, a carioca Julia Mestre, que também é vocalista da banda Bala Desejo, e a mexicana Silvana Estrada.
Enquanto a música garantiu a festa do lado de fora, do lado de dentro do Caldeira, palestrantes de diferentes nacionalidades compartilharam conhecimentos e vivências voltadas à tecnologia, transformação digital, empreendedorismo e sustentabilidade.
Diversidade de atrações
Um dos palestrantes mais aguardados do dia, o educador e pesquisador britânico Charles Watson, lotou a sede do instituto durante a apresentação do painel Iridium Anomaly, que se iniciou às 18h30min.
Enquanto isso, do lado de fora, o Alto da Maravilha — projeto de Russo Passapusso, cantor e compositor do grupo BaianaSystem, com a dupla Antonio Carlos & Jocafi — encantou até mesmo quem não conhecia o trabalho dos artistas.
Quando Os Mutantes subiram ao palco do Meca, logo após as 20h, a temperatura amena da noite de sábado subiu. O desfile de hits consagrados como Ando Meio Desligado, Top Top, Tecnicolor, Bat Macumba e Minha Menina levou o público ao delírio.
O estudante de música Enzo Caetano da Cunha, 18 anos, assistiu ao show dos Mutantes na grade. Nas mãos, carregava um exemplar do álbum A Divina Comédia em vinil e uma caneta com tinta branca. O objetivo dele era realizar o sonho de ter um álbum autografado pelos ídolos. Momentos após o show, o baixista Vinícius Junqueira percebeu a presença do jovem e providenciou a realização do seu sonho.
— Eu conheci Os Mutantes em 2020, na pandemia. Eu nunca tinha escutado um álbum tão bom na minha vida, foi meu professor da escola quem indicou. Nem acredito — celebrou Enzo.
Na sequência, veio um dos artistas mais aguardados da noite, Johnny Hooker, com seu show em homenagem à "rainha da sofrência", Marília Mendonça, que faleceu em 2021. O artista apresentou um setlist repleto dos maiores sucessos da cantora, como Infiel, Amante Não Tem Lar e De Quem é a Culpa? combinados com canções do seu repertório, que foram cantadas a plenos pulmões pela plateia.
Visitantes aprovaram estrutura
A arquiteta Beatriz Anselmo Corrêa, 55, conta que foi ao Meca para curtir os shows, especialmente o de Johnny Hooker. Ela diz que não conhecia o Caldeira e que se surpreendeu positivamente.
— Eu estava comentando com minhas amigas que se a gente for a um lugar desse, fora do Brasil, a gente acha incrível e aqui a gente tem na cidade e nem conhece.
A relações públicas Nathalia Deuner, 25, nunca tinha participado do Meca. Moradora de Porto Alegre, ela foi ao festival para ver os gaúchos da Dingo e também Johnny Hooker.
— Eu achei bem legal a proposta de ocupar novos lugares de Porto Alegre, eu gosto bastante de cultura e acho que é preciso a gente ocupar coisas daqui pra não ficar só exportando o festival. Tô adorando — comenta.
O analista de marketing Nicolas Machado Noal, 29, chegou ao Caldeira próximo das 18h, focado em assistir aos shows de Gabi Amarantos e Johnny Hooker. Ele avalia positivamente a estrutura do evento e garantiu que ficaria até o final.
— Estou achando bem confortável, tá super ok, bem distribuído, estou gostando.
Plataforma multicultural
Nascido em 2010 como um festival de música alternativa em Xangri-lá, no Litoral Norte, com o passar dos anos, o Meca deixou de ser apenas voltado a atrações musicais. Atualmente, a iniciativa é definida pelo CEO Rodrigo Santanna como uma "plataforma multicultural em movimento", que já passou por cinco Estados brasileiros.
O Meca (Caldeira) integra o projeto de reposicionamento que vem sendo idealizado ao longo deste ano, a partir de edições que, tal qual a desse sábado, misturam fortes line-ups culturais e formativos. A intenção futura é explorar cada vez mais as múltiplas vertentes do Meca, conforme a CMO Hellene Hoy.