A prefeitura de Porto Alegre recebeu os estudos com propostas de revitalização do trecho 2 da orla do Guaíba. As empresas autorizadas a desenvolver os levantamentos técnicos e econômico-financeiros entregaram o material com as observações às 18h da terça-feira (12). Nos dois projetos, o destino do Anfiteatro Pôr do Sol será a demolição, conforme GZH antecipou em abril.
— Seria demolida aquela estrutura e feito um novo anfiteatro, quase na posição do atual, um pouquinho mais para o meio e para trás. Com a mesma paginação e arcos, mas um pouquinho mais bonito — antecipa o engenheiro Paulo Ponte, diretor comercial da Construtora Pelotense, que é uma das duas concorrentes.
O engenheiro também explica como seria a marina pública, exigência da prefeitura para o trecho 2, que tem 134,4 mil metros quadrados e uma extensão de 850 metros entre a Rótula das Cuias e o Arroio Dilúvio.
— Projetamos um complexo composto de uma marina com 400 vagas, próximo da foz do Arroio Dilúvio — indica.
Na proposta de cerca de 900 páginas apresentada pelo consórcio formado pelas empresas Construtora Pelotense e RGS Engenharia, além da demolição do Anfiteatro Pôr do Sol e da criação dessa marina pública, há um centro de eventos no meio do trecho, diversas lojas e estacionamento subterrâneo para 450 carros. Na parte da península seria erguido um prédio multiuso chamado Mirante 360 Graus — inspirado no Museu do Amanhã, do Rio de Janeiro — e um posto de gasolina em frente.
Elementos de sustentabilidade foram sugeridos, entre os quais 7,5 mil metros quadrados de placas solares, que ficarão instaladas no centro de eventos. Cachorródromo, academia para terceira idade e até uma cidade para crianças integram a proposta dessas duas empresas.
— Nosso centro de eventos tem pé direito de 14 metros, coisa que não existe no Brasil. Permite que a gente faça shows que precisem de altura ali dentro, como o da Disney — revela o engenheiro, citando que o projeto foi inspirado no centro de eventos de Dubai, cidade dos Emirados Árabes Unidos.
Haverá uma ciclovia que passará por dentro do espaço para interligar a área aos demais trechos da Orla. Uma série de passarelas metálicas estão previstas, como já ocorre no trecho 1. A iluminação será similar à existente nos demais trechos revitalizados. A ideia é que a área do trecho 2 seja fechada por portões durante a noite para evitar atos de vandalismo. O consórcio não quis divulgar imagens do seu projeto.
— Fizemos duas ciclovias, uma por fora e outra por dentro, que se comunicam — relata Ponte.
Outra proposta sugere farol, faculdade, hotel flutuante, museu das águas e aquário
Por sua vez, a proposta do consórcio formado por CHEETAH Consultoria Empresarial, Photo Arquitetura, PierBrasil Engenharia e Soluções Tecnológicas, Arvut Meio Ambiente e Superfície Engenharia possui 1,5 mil páginas, além de cadernos ilustrativos.
O projeto propõe muitas novidades, como um farol de 34 metros de altura, onde as pessoas poderão subir para enxergar o pôr do sol de um mirante. A estrutura seria iluminada durante a noite. Também cita um hotel flutuante, que ficaria entre a marina pública e o farol, museu das águas e aquário, centro de eventos e uma instituição de ensino superior voltada para o tema da sustentabilidade.
— Nosso projeto se baseou muito no ESG (conceito que diz respeito a preocupações com meio ambiente, aspecto social e governança) e na educação. Foi apresentado um modelo de um instituto de educação no projeto — diz Ricardo Meira, CEO do consórcio liderado pela Cheetah. — A educação é uma carência em Porto Alegre e no Brasil. Teremos uma instituição de ensino superior ali voltada para a biologia e a área marinha — antecipa.
Essa proposta também sugere derrubar o Anfiteatro e fazer outro novo no mesmo local.
— A gente vai revitalizar para que tenha um anfiteatro mais adequado para a população de Porto Alegre. Seria no mesmo local — confirma o CEO.
No aspecto ambiental, há estudos de impacto ambiental, estações de tratamento de esgoto, unidade de tratamento de água, geração de energia com painéis fotovoltaicos, tratamento de resíduos sólidos, áreas permeáveis com cobertura vegetal e paisagismo com vegetação nativa, entre outros itens.
Prefeitura ainda não analisou material
Como os cadernos dos estudos apresentados possuem cerca de 2,4 mil páginas, a prefeitura não pôde analisar ainda as propostas. O secretário adjunto da Secretaria Municipal de Parcerias, Jorge Murgas, situa em que fase a análise está.
— Pedimos a modelagem econômica-financeira de projeto de marina pública, com alguns equipamentos que pudessem ser implantados ali para trazerem uma receita acessória — salienta o secretário. — Os estudos tratam da modelagem operacional e dos estudos de arquitetura, engenharia e meio ambiente, e da modelagem econômica-financeira — completa, estimando que a prefeitura deve levar ao menos 60 dias para avaliar as propostas, que, como reitera, são consideradas “estudos referenciais”.
Como se trata de Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), a prefeitura não tem obrigação de aproveitar os estudos. Isso significa que pode ser aprovado tudo, parte do estudo ou até nada. Após a escolha, haverá uma breve consulta pública, seguida por uma audiência pública, para posterior encaminhamento ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) para revisão. O edital de concessão só poderá ser elaborado após esse processo. A previsão para assinatura do contrato é para o primeiro semestre de 2023. E o início das obras deve ocorrer em 2024.