Prestes a completar 72 anos, no dia 25, Gene Simmons está chegando ao final da estrada - mas só nos palcos, com o Kiss. Ao lado de Paul Stanley, seu parceiro desde os primórdios da banda em 1973, ele faz a última turnê, intitulada justamente The End of the Road (O Fim da Estrada, em tradução livre), que foi interrompida e adiada por conta da pandemia, mas é retomada agora em agosto e passará pelo Brasil em 2022.
Enquanto isso, Simmons revê sua história e a da banda no documentário Kisstory. Lançada nos Estados Unidos no fim de junho, a produção chega ao país neste mês: será apresentada em duas partes, no canal A&E nos dias 21 e 22 de agosto, às 22h30min. Para quem tem o VOD (vídeo on demand) do canal, a estreia nesta quinta (12).
Em uma entrevista coletiva virtual, Simmons disse que o documentário não esconde nada.
— O mais importante é sermos honestos com os fãs, dizer a verdade, somente a verdade e nada além da verdade. E temos histórias tristes de membros com problemas com álcool e drogas. Houve momentos bons e outros ruins. Então falamos a verdade boa e a verdade ruim.
Durante a entrevista, não foram poucas as menções a Ace Frehley e Peter Criss, outros dois membros-fundadores do Kiss que não participam do documentário e saíram da banda.
— Como na maior parte das famílias, há discussões pessoais que não eram saudáveis — disse ele em dado momento.
Em outro, afirmou que uma banda é como um carro, às vezes você tem pneus furados e precisa trocá-los. Simmons é só elogios para Paul Stanley:
— Se ele não estivesse aqui, eu não estaria. E eu acho que ele sente a mesma coisa em relação a mim.
Mas também afirmou que considera Ace e Peter parte da família.
— Não estaríamos aqui se não fossem eles. Nós os amamos, eles saíram da banda três vezes e os trouxemos de volta, mas não deu certo. É triste. Estamos aqui faz quase 50 anos, e eles não estão aqui para comemorar. Nós chamamos os dois para fazer o documentário, e eles não quiseram. Chamamos para fazer alguns shows, não quiseram. É triste.
Simmons sempre afirmou que nunca usou drogas nem fumou cigarros. Quem o manteve na linha foi sempre sua mãe, sua maior inspiração.
— Minha mãe viveu até os 93 anos. Quando tinha 14, ela foi mandada para um campo de concentração, onde sua família foi morta — disse. — Então eu não tinha o direito de partir o coração da minha mãe, seja fumando, bebendo, me drogando ou indo parar na cadeia. E foi por isso que fiquei no caminho certo. Até hoje, quando vou fazer algo, penso: minha mãe teria vergonha disso? — comentou.
Ele credita o não fumar e não se drogar a ausência de tremores nas mãos e de tudo funcionar "lá embaixo".
— Paul e eu temos sorte porque estamos com saúde e fortes — disse Simmons.
Nos palcos
A esperança do vocalista é que, quando as pessoas assistam ao Kiss, se esqueçam dos problemas do mundo.
— É como se fosse uma igreja. Espero que seja um momento mágico. Como sempre dissemos: Vocês queriam o melhor. Vocês vão ter o melhor, a banda mais quente do mundo, Kiss. Nós fazemos de tudo para que essas palavras sejam verdadeiras em cada show que fazemos.
Seu show inesquecível com o Kiss foi no Maracanã, em 1983.
— Eu não conseguia entender como tantas pessoas estavam lá. Foi incrível — contou.
Simmons adoraria reviver aquela experiência. Mas, enquanto se prepara para a retomada da turnê depois da pausa pela covid-19, pede aos fãs que sejam cuidadosos e se vacinem.
— Nós fomos muito inteligentes, nos isolamos durante a pandemia. Não queríamos deixar ninguém doente e não queríamos ficar doentes. Eu sei que a covid está sendo um grande problema, no Brasil especialmente. A política entra no caminho da ciência, mas é muito sério, pessoas estão morrendo. Por favor, tomem a vacina, as duas doses.
Gene Simmons sabe que seu último show vai ser triste.
— Eu vou chorar como uma garotinha. Eu sei que vou — disse ele.
Quando se aposentar dos palcos, ele vai se dedicar a seus negócios, que envolvem uma rede de restaurantes e uma empresa de tecnologia, fazer palestras e talvez um ou outro show com a sua banda. Mas o Kiss vai ter seu adeus.
— É preciso pensar na jornada incrível que foi para nós. Eu não mudaria nada.