Nesta terça-feira (13), comemora-se o Dia Mundial do Rock. E, apesar da efeméride carregar o "mundial" em seu nome, ela é comemorada quase que exclusivamente aqui no Brasil, graças a uma ação de marketing de duas rádios paulistanas. E tudo bem essa "propaganda enganosa". Afinal, é uma data que valoriza mais do que um gênero musical, mas também um estilo de vida, que cada vez mais vem ficando somente na memória.
Por isso, queremos relembrar alguns lugares que fizeram o coração dos porto-alegrenses bater mais forte em noitadas regadas a muito rock'n'roll, amizades e cerveja, claro. Há espaços históricos que já fecharam as suas portas e deixaram saudades e também aqueles que resistem ao tempo e seguem sendo templos de adoração ao estilo musical. Confira:
Os que deixaram saudades
Garagem Hermética
Fundado em 1992, o bar Garagem Hermética se tornou famoso por promover festas focadas no rock alternativo e underground. O palco da casa recebeu centenas de bandas iniciantes, com muitas delas ganhando projeção local e, até mesmo, nacional posteriormente. No local, os fãs encontravam, além de boa música, decoração temática, com capas de revistas e cartazes dispostos pelas paredes. O estabelecimento foi fechado em 2013, após 21 anos de existência, deixando um vazio nos corações dos roqueiros.
Bambu's
No começo dos anos 2000, o Bambu's era o bar onde bandas como Cachorro Grande, Cartolas e Pata de Elefante tocavam. O estabelecimento, bem no estilo pé-sujo, tinha letras de música rabiscadas a lápis nas mesas e cartazes de shows de rock nas paredes do banheiro. O lugar, fundado em 1976, fechou as portas no final do ano passado e, agora, as aglomerações que quase trancavam a Avenida Independência não acontecerão mais.
Porto de Elis
Na Avenida Protásio Alves, o Porto de Elis foi um estabelecimento que abrigou festas inesquecíveis nos anos 1980 e 1990 e incentivou a cena cultural de Porto Alegre. Um episódio que marcou o local foi quando a banda Sepultura esteve pela primeira vez na Capital. Os integrantes estiveram em um show da banda Os Replicantes no espaço e tomaram conta do palco após a apresentação. Usando os instrumentos da banda gaúcha, Max, Andreas Kisser e Igor Cavalera tocaram vários clássicos do Sex Pistols. Momento emblemático na cidade e totalmente rock'n'roll.
Dr. Jekyll
Fundado em 1996, o bar ficava junto ao Largo da Epatur e tocava somente clássicos do rock'n'roll. O estabelecimento inovou ao instituir a Segunda Maluca, com o propósito de abrir a semana com shows de bandas alternativas em ascensão na época, como Cachorro Grande e Bidê ou Balde. O local também recebia nomes já consagrados do rock gaúcho e, nos finais de semana, o Dr. Jekyll se transformava em uma agitada danceteria ao som de trilhas de pop e rock, principalmente dos anos 1970 e 1980. Para entrar no bar, formavam-se filas. O local encerrou suas atividades em 2012.
Beco 203
Fundado em 2004, o Beco foi concebido como uma casa de rock. O espaço, que esteve nos mais diversos endereços de Porto Alegre, adaptou-se aos tempos, agregando em sua playlist variados estilos musicais, até sair de cena, em 2017. The Kills, Fresno, Forfun, Cachorro Grande, Vivendo do Ócio, Rogério Skylab e Esteban Tavares foram alguns dos nomes que pisaram no palco do Beco, que deixou saudades.
Manara
Conhecido pelo evento Terça Insana, o Manara foi uma das principais casas de show da cidade e, mesmo tendo uma programação bem eclética, o espaço foi muito importante para fortalecer o rock alternativo na Capital. A banda Los Hermanos, por exemplo, deu os seus primeiros passos em Porto Alegre justamente no Manara e, a partir do bar histórico, alçou voos maiores por aqui.
Os que resistem
Bar Ocidente
O Ocidente dispensa apresentações e permanece sendo uma fortaleza para os amantes do rock alternativo. O espaço, aberto em 1980, foi palco para a apresentação de diversas novas bandas que ganharam projeção e, além disso, foi responsável por trazer para Porto Alegre tendências internacionais. Reduto do público intelectual e universitário, da boemia e de grupos contestadores, o Ocidente é reconhecido até hoje por promover a diversidade no bairro Bom Fim. Em seu aniversário de 40 anos, completados em 2020, o bar comemorou com um show virtual da banda Os Replicantes, que iniciou sua carreira e fortaleceu a cena punk de Porto Alegre no palco do Ocidente, em 1984. TNT, Cascavelletes, Graforréia Xilarmônica, De Falla, entre outras tantas, apresentaram-se no templo no começo de suas jornadas. Atualmente, o bar está pedindo socorro para se manter aberto.
Agulha
Localizado no bairro São Geraldo, fora da rota tradicional da noite porto-alegrense, o Agulha tem um ambiente descolado e fica em um local inusitado da cidade. Como ponto de referência, tem um trator gigante na frente do bar. O galpão é atualmente um dos pontos mais interessantes da cidade para quem curte um rock independente, sejam artistas locais, nacionais e internacionais, cumprindo um papel que já foi do Garagem Hermética e do Dr. Jekyll, por exemplo.
Opinião
Em 1983, surgia o bar Opinião. Sediado inicialmente na Rua Joaquim Nabuco, o local foi expandindo a sua atuação até virar uma casa de espetáculos, com o nascimento da Opinião Produtora. Na década de 1990, o empreendimento foi para a Rua José do Patrocínio e hoje em dia é conhecido pelos shows históricos, com artistas locais, nacionais e estrangeiros. Judas Priest, Bob Dylan, Sepultura, Ultramen, Nenhum de Nós, Cachorro Grande, Bidê ou Balde, Skank, Pitty... A lista dos roqueiros que já pisaram no palco do Opinião é quase tão grande quanto a sua importância para a cena porto-alegrense. E, em agosto, ele reabre as suas portas.