Roberto Carlos completará 80 anos na próxima segunda-feira (19). Não é chamado de Rei por acaso: é o cantor brasileiro mais popular de todos os tempos. Talvez haja quem só lembre dele como uma caricatura, aquele artista de mullets que veste terno branco ou azul e fala “são tantas emoções”, geralmente no especial da TV Globo de final de ano. Mas não tem como fugir: dos anos 1960 para cá, é impossível passar ileso por Roberto no Brasil.
Seu especial virou uma tradição no final de ano da família brasileira, tal qual o panetone e o peru no Natal. “Roberto continua lindo”, comenta alguém na reunião de família. “Chorando de novo com Outra Vez, tia?”, surpreende-se um sobrinho. “Você já viu ele de bermuda?”, questiona o parente que faz a piada do pavê. É difícil viver no Brasil e desconhecer músicas como Detalhes, Amigo, Como É Grande o Meu Amor por Você, Emoções, entre tantas outras — são mais de 600. De tão impregnado no cotidiano do país, talvez haja quem se esqueça o que ele fez para ser considerado majestade, mas é sempre bom ressaltar: Roberto Carlos foi revolução.
Nascido em Cachoeiro do Itapemirim (ES), começou a se apresentar ainda criança na rádio local, cantando boleros ou sambas-canções. Chegou a ter aulas de piano e violino no conservatório da cidade antes de mudar-se para Niterói (RJ), em 1956. No subúrbio carioca, aproximou-se do rock e integrou a banda The Sputiniks, que contava também com Tim Maia (1942-1998). Foi nessa época que conheceu Erasmo Carlos, maior e mais prolífico na composição.
Mas, ao ouvir João Gilberto no final dos anos 1950, o jovem artista ficou deslumbrado, voltando seu repertório para a bossa nova. O primeiro disco, Louco por Você (1961), transitava entre bolero e bossa, arranhando algo de rock. Contudo, o talento aflorou de vez ao assumir a verve roqueira. Sem sucesso com o álbum de estreia, Roberto Carlos estava com os dias contados na gravadora CBS. Porém, a saída de Sérgio Murillo do selo abriu espaço para um novo ídolo jovem.
Com músicas como Marcianita, Estúpido Cupido e Broto Legal, Murilo era o rei do rock brasileiro até então. Mas se desentendeu com executivos da empresa, indo para a geladeira. Roberto foi a nova aposta roqueira do gerente-geral da CBS, Evandro Ribeiro. E, com Splish Splash (1963), que além da faixa-título traz Parei na Contramão, começou a vislumbrar a popularidade. A partir dali, a carreira decolou progressivamente com O Calhambeque, É Proibido Fumar, Quero que Vá Tudo pro Inferno, entre outras.
Entre 1965 e 1968, ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa, Roberto apresentou na TV Record de São Paulo (também ganharia uma versão na TV Rio) o programa Jovem Guarda, cujo título dá nome ao movimento protagonizado pelo trio. Foi nessa fase que o cantor virou uma coqueluche, consolidando-se o maior ídolo jovem no país. Nem Beatles o ofuscou por aqui: era o capixaba quem vendia mais discos no Brasil.
Em 1966, Roberto Carlos recebeu informalmente o título de “o rei da juventude” no programa Buzina do Chacrinha. Em seguida, flertou com o soul, mas acabou abraçando sua veia romântica no repertório, o que foi fundamental para estender o reinado a outras faixas etárias e a todas as classes sociais.
O músico Roberto Frejat, que em 1994 produziu um tributo ao cantor intitulado Rei, destaca o feito de sair de ídolo jovem para amadurecer com o seu público — algo completamente singular no cenário brasileiro e que, segundo o ex-integrante do Barão Vermelho, nem Elvis Presley conseguiu.
— Ele saiu de um perfil de público compatível com Elvis para virar um artista com público compatível com Frank Sinatra. E fez isso com muita categoria — atesta Frejat.
Roberto Carlos não fez sucesso por acaso. Levou inúmeros “nãos” e insistiu muito: fez shows em circo tendo somente os palhaços como público — em um deles, foi atingido por um mamão na cara —, percorria um roteiro de rádios para tomar chá de banco, lançou músicas sem repercussão. Quando chegou lá, era o primeiro grande artista brasileiro desvinculado dos ritmos nacionais, como frisa o historiador Paulo Cesar de Araújo na biografia Roberto Carlos em Detalhes (2006). Antes dele, ídolos populares como Francisco Alves, Carmen Miranda, Orlando Silva, Luiz Gonzaga e Nelson Gonçalves consagraram-se sobretudo com sambas, baiões, marchinhas, entre outros gêneros identificados às raízes da música do Brasil. “Mais radical do que Carmen Miranda, aquela que teria voltado americanizada: Roberto Carlos já surgiu americanizado”, escreve Araújo no livro.
— Ele não foi o primeiro a gravar rock no Brasil, mas antes todos os roqueiros estavam à margem, somente adaptavam versões. O rock de Roberto e Erasmo era de alcance nacional — realça Araújo.
O historiador também comenta na biografia que cantores de bolero como Anísio Silva sempre estiveram à margem do debate, considerados como sem maiores consequências. Ou seja, o cantor instaurou uma linguagem do pop rock na música brasileira. Autor da biografia Roberto Carlos: Por Isso Essa Voz Tamanha, que está prevista para ser lançada nesta segunda de aniversário do Rei, o jornalista Jotabê Medeiros destaca que Roberto e Erasmo trouxeram um toque autoral ao rock nacional:
— A dupla encontrou uma linguagem própria para o rock do país, incorporando as influências estrangeiras, mas também misturando a elas ritmos nacionais e imprimindo uma dose brasileira de picardia e anarquia .
Frejat assinala:
— Roberto e Erasmo fizeram o rock existir em português.
Eletrificado
Paulo Cesar de Araújo diz que Roberto foi um divisor de águas. Ao estourar com Quero que Vá Tudo Pro Inferno, ele mudou o rumo da música brasileira, que até então pendia para uma produção identificada com as raízes locais. Houve, por isso, quem se postasse de maneira defensiva contra o jovem cantor. Geralmente, artistas que seguiam uma linha mais tradicional da música brasileira ou eram engajados politicamente.
A Roberto Carlos deve-se a institucionalização da sigla MPB (Música Popular Brasileira). Araújo aponta que, após o Rei despontar, a música de origem universitária (ou a “nova bossa nova”) passou a ser chamada de MPB. Em um primeiro momento, a sigla teria um caráter nacionalista. Roberto, assim, era um artista “estrangeiro”.
— A MPB surge nesse embate com Roberto. Era usada para dizer: “Nós fazemos música popular brasileira. Aquilo ali não, é alienado e alienígena” — salienta o biógrafo.
A sigla ganharia outro sentido com o passar do tempo, no entanto. Hoje é consenso que a música brasileira é toda a sonoridade feita por brasileiros — que tanto pode ser samba, forró, rock, reggae, funk ou a mistura disso tudo.
Mas o conflito foi além da sigla: no dia 17 de julho de 1967, foi realizada em São Paulo a curiosa Marcha contra a Guitarra Elétrica. Liderados por Elis Regina, nomes da MPB, como Geraldo Vandré e Gilberto Gil, marcaram presença. Segundo os manifestantes, a adoção desse instrumento estrangeiro poderia “manchar” as raízes da música nacional. Conforme Araújo, tratava-se de uma publicidade disfarçada: incentivada pela TV Record, a passeata tinha como objetivo promover o programa O Fino da Bossa, apresentado por Elis. De qualquer maneira, a manifestação é um indicativo do frisson que Roberto e comparsas causavam.
O cantor e compositor Frank Jorge, que também é coordenador do curso de produção fonográfica da Unisinos, ressalta que Roberto Carlos mudou a música pop brasileira de várias formas. Começando pela cozinha:
— Ao aderir ao rock, trouxe convicção na formação instrumental baixo, guitarra, bateria e órgão, à semelhança do pop rock internacional e diferentemente dos padrões de músicos dos estúdios da época.
Autor de História & Música: História Cultural da Música Popular (2002), o historiador Marcos Napolitano destaca que Roberto consolidou o mercado de música jovem no país com essa instrumentalização:
— Incluir essa sonoridade eletrificada ajudou a abrir caminho para o rock feito no Brasil.
Como resume Araújo, Roberto trouxe a guitarra, instrumento àquela época já consolidado internacionalmente, para o primeiro plano da música brasileira.
O historiador acrescenta que Roberto ajudou a incrementar a venda de instrumentos no Brasil, o que inclui a popularização definitiva do violão. Antes do Rei, João Gilberto e a bossa nova contribuíram para uma maior aceitação do instrumento, que, como escreve Araújo, era estigmatizado — associado ao malandro ou boêmio. Ao contrário do repertório da bossa nova, repleto de acordes dissonantes, as canções de Roberto são fáceis de reproduzir. E assim, a eletrificação da música popular do país espalhou-se nos anos 1960, junto à abertura nos costumes e tradições, processo continuado pelos tropicalistas.
— Roberto influencia até o sertanejo que viria eletrificado depois. Ele interfere no pagode romântico e nessas vertentes todas que se deixaram influenciar ela linguagem pop — diz Araújo.
Emoções no palco
Fã de Roberto e Erasmo, o músico Rafael Malenotti vai lançar em breve um álbum comemorativo à obra da dupla intitulado A Tremenda Noite do Rei. São sete releituras de clássicos da dupla extraídas do registro do espetáculo que Malenotti apresenta ao vivo. Para o vocalista da banda Acústicos & Valvulados, muitos dos preceitos introduzidos por Roberto se tornaram comuns hoje em dia:
— Ele foi o precursor de muitos movimentos em relação ao show business. Deu o pontapé inicial no processo de estruturação de uma produção grandiosa no país.
De fato, entre setembro e novembro de 1970, o Rei realizou sua primeira temporada de shows no Canecão, no Rio de Janeiro, inaugurando a fase das grandes temporadas de um artista em um único palco no Brasil, de acordo com o livro Roberto Carlos em Detalhes. Apresentando-se com orquestra, essa temporada representou um novo salto na carreira, que lhe imprimiu certa sofisticação e credibilidade e permitiu que se consolidasse entre o público mais elitizado.
Em 1983, a estrutura grandiosa foi levada para uma grande turnê pelo país, no projeto Emoções. “Nunca até então tinha havido nada comparável no show business brasileiro”, escreve Araújo. Nem Rita Lee, que no mesmo ano arrastou multidões em uma turnê de padrões incomuns no Brasil, chegou perto da grandiosidade do Rei. “Roberto Carlos é um Boeing no país dos teco-tecos”, ela descreveu em entrevista à época. Roberto mobilizou uma equipe de 110 pessoas, incluindo uma orquestra de 42 músicos, tendo avião próprio fretado para a turnê — tal qual um rockstar internacional a la Rolling Stones.
O cantor de Cachoeiro também estendeu sua revolução para fora da música. Como escreve Jotabê Medeiros em Roberto Carlos: Por Isso Essa Voz Tamanha, o Rei foi “modelo de estética e de comportamento”, inovando ao “tratar as questões do espetáculo de música como uma arte em si”. Segundo Marcos Napolitano, a principal inovação de Roberto e da Jovem Guarda ocorreu no plano da performance televisual.
— Ele consolidou a relação orgânica entre música, moda e comportamento, que marcou a cultura jovem a partir do final dos anos 1950 — pontua o historiador.
Como realça Jotabê, quando o Rei alcançou o sucesso, projetou-se como alguém que parecia mais próximo da moçada do que os cantores taciturnos e de vida complicada da antiga música brasileira. “Roberto é um de nós”, pensavam os jovens. O jornalista descreve que havia uma compreensão, certamente intuitiva, da parte de Roberto, de que a TV era o veículo a ser domado porque “representava o invólucro do futuro de sua arte”.
O programa Jovem Guarda inspirou a partir de minissaias, calças saint-tropez, cores e estampas, além de cabelos compridos para os homens. Com pulseiras, anéis e colares, Roberto cantou essa tendência em É Papo Firme: “Ela adora uma praia e só anda de minissaia/ Está por dentro de tudo, só namora se o cara é cabeludo”.
No livro de Jotabê, há um relato de Wanderléa analisando que as roupas eram o resultado da liberdade pela qual se ansiava. “Se Celly Campello trouxe o rock para o Brasil, nós trouxemos a imagem do rock”, diz. Erasmo reflete também que, com a Jovem Guarda, “acabou o smoking no horário nobre da TV”.
O impacto de Roberto e sua corte mudou toda a correlação de forças dentro da indústria musical que se afirmava no período. Era um fenômeno que movimentava de tal modo as revistas, os programas de rádio e TV e a moda que estabeleceu um nicho até então desprezado: o consumidor jovem. “Roberto Carlos tinha se tornado, progressivamente, um repositório de expectativas de duas forças conflitantes: a emancipação juvenil e a voracidade do comércio”, escreve Jotabê na biografia.
Até o medalhão do Sagrado Coração de Jesus, que Roberto recebeu da irmã Fausta, sua primeira professora, virou tendência: como observa Araújo, outros cantores, de Reginaldo Rossi a Nelson Ned, passaram a usar acessório similar, que se consolidou como ícone brega. “De certa forma, aquele medalhão saiu do peito da irmã Fausta para ocupar o pescoço de toda uma geração de cantores populares do Brasil”, escreve o biógrafo.
Ficaram as canções
Nada do que Roberto trouxe como inovação, seja em técnica ou visão de showbiz, seria possível se não viesse em forma de música. Tudo que ele fez só ganhou força por causa de suas canções.
— Não adiantava chegar e dizer: “Vou usar cabelo comprido, pessoal, e todos vão me amar”. Ou: “Vou colocar a guitarra no primeiro plano, tá? Vocês farão o mesmo”. Ele só conseguiu porque, junto a isso, havia as canções. E não tem fase A ou B: ele fez grandes canções em todos os momentos da carreira — defende Araújo.
Seja pelas músicas que compôs em parceria com Erasmo (Se Você Pensa, O Portão, Jesus Cristo etc) ou que recebeu de outros compositores (Outra Vez, de Isolda Bourdot; Não Vou Ficar, de Tim Maia; Como Vai Você, de Antônio Marcos e Mário Marcos), Roberto deixou um grande legado com sua discografia. Cabe ressaltar, porém, que sua forma de interpretá-las também foi crucial.
Conforme Araújo, Roberto Carlos trazia consigo uma forma de cantar moderna, inspirada em João Gilberto, quando estourou. Era um jeito de soltar a voz que não era padrão — mais coloquial, falado e enxuto, porém contido e com baixa intensidade.
— João Gilberto inaugurou essa forma de cantar, mas estava mais restrito. A bossa nova atingiu apenas um público de classe média e das grandes capitais. Roberto levou isso para o interior do país, para o Brasil profundo. A forma de ele cantar vem da bossa nova. Do Elvis, ele assimilou o ritmo, a postura — analisa Araújo.
Não tem fase A ou B: ele fez grandes canções em todos os momentos da carreira
PAULO CESAR DE ARAÚJO
Autor de "Roberto Carlos em Detalhes"
Essa forma, atualmente, está no DNA da música brasileira. Soma-se à linguagem mais moderna, que se contrapôs, por exemplo, à do samba-canção.
— Aquela coisa rebuscada, como “Tu és, divina e graciosa/ Estátua majestosa” (Rosa, de Pixinguinha), querendo imitar uma literatura considerada culta. Ele veio com a linguagem da rua e foi se inserindo nessa modernidade que já estava instaurada, só que trazendo isso para o pop rock. Naquele momento, ele estava antenado com a música mais moderna possível, que era a bossa nova e o rock internacional — completa Araújo.
O escritor e pesquisador Ricardo Pugialli, autor de livros como No Embalo da Jovem Guarda (1999) e Almanaque da Jovem Guarda — Nos Embalos de uma Década Cheia de Brasa, Mora? (2006), salienta que Roberto surgiu com apelo direto de suas letras e melodias para a juventude, cantando emoções sinceras e diretas, com o ritmo que era pedido naquele momento. Mas sempre foi mais do que o rock.
— Ele sempre foi romântico. Cantou do funk de raiz ao sertanejo. Sempre com arranjos impecáveis, execuções primorosas e vendas milionárias. Roberto é referência para todo artista que quer fazer música que fala ao coração. Ele apresentou o caminho — diz Pugialli.
Para o pesquisador, há sempre uma canção do Roberto para cada momento da vida de qualquer um:
— Há músicas que beiram o pessoal de todos ao escutá-las. Só os grandes atingem isso.
Napolitano ressalta que a obra de Roberto acompanha o amadurecimento do seu próprio público, distribuído em várias classes sociais, níveis de escolaridade e regiões do país. Embora receba cobranças políticas em torno de sua personalidade sempre reservada e em torno de sua obra, mais preocupada com os sentimentos individuais e familiares do que com os problemas sociais brasileiros, o cantor se sobressai.
— Suas canções foram a trilha sonora da família brasileira padrão da segunda metade do século 20. Seus valores, crenças e afetos privados — acentua Napolitano.
Na nova biografia do Rei, Jotabê escreve que sua música “desfruta de uma transversalidade poucas vezes encontrada em um intérprete popular em qualquer lugar do mundo. Nem mesmo Sinatra ou Elvis conseguiram tamanha mobilidade social”.
O jornalista defende que Roberto está em tudo que emite onda sonora no Brasil. Muitas vezes, é detestado pela imagem institucional e pela indiferença política, mas, para Jotabê, talvez esse não seja o ângulo correto para analisar suas contribuições:
— Não há nenhum grupo social, etário, étnico, que tenha passado impune pelas canções dele. Ao menos uma música a pessoa conhece. Acredito que ele mostrou que não há compartimentações entre os gêneros, que é possível fazer amplas misturas e alianças e continuar sendo original.
Rafael Malenotti crê que não exista brasileiro que não carregue em seu DNA um pouco da história de Roberto e Erasmo. Nem que seja inconscientemente.
— Você pode não saber, mas é impossível que uma música do Roberto e Erasmo não esteja presente em alguma parte da trilha sonora da sua vida. Em algum especial de fim de ano, quando era criança, a sua mãe, tia ou avó, estavam ali recebendo a magia do trabalho do Roberto e, consequentemente, você também. Mesmo que seja o metaleiro mais furioso da face da terra, se ele é brasileiro, tem um pouquinho lá do DNA dele do que o Roberto e o Erasmo fizeram desde os anos 1960 — reflete o músico.
No livro Roberto Carlos em Detalhes, há um comentário de Erasmo enfatizando que seu amigo de fé consegue algo muito difícil: “Tocar o povo mais simples com poucas palavras”. E ele prossegue: “Você acha que isso é fácil? Tente, para ver como é difícil sintetizar suas mensagens de uma forma sucinta, tão simples”. Araújo lembra que difícil é tocar o povo mais simples e ao mesmo tempo atingir os setores mais elitizados, algo que Roberto consegue. Artistas como Caetano Veloso ou Chico Buarque, por exemplo, ficam em um segmento de público mais restrito, localizado na classe média — uma ou outra canção ultrapassa o limite. Por outro lado, nomes como Odair José e Amado Batista se restringem apenas ao segmento mais popular. Já o repertório de Roberto percorre a sensibilidade de multidões.
— O bilionário Abílio Diniz casou-se em 2004 ao som de Roberto Carlos. O porteiro aqui do meu prédio também se casou ao som de Roberto Carlos. É isso. Isso é Roberto Carlos — conclui Araújo.