Antes mesmo das pistas de dança se renderem aos encantos de Despacito, em 2017, o reggaeton já era a vida de Wisin. O porto-riquenho de 42 anos, que tem uma média de 60 milhões de ouvintes mensais no Spotify, é um dos grandes nomes do estilo que carrega a música latina para os quatro cantos do mundo. Canções dele com Ozuna, Jennifer Lopez, Enrique Iglesias e Daddy Yankee já ocuparam as primeiras posições de rádios da Europa na última década.
Agora, em março deste ano, Wisin deu um passo em sua vontade de se aproximar mais dos fãs brasileiros. Seu single mais recente, Mi Niña, ganhou um remix com Anitta e Maluma. O clipe da faixa, filmado em Miami, já soma mais de 40 milhões de visualizações e a canção ficou entre as mais tocadas do país, segundo o Spotify, com mais de 10 milhões de execuções em um mês.
Diante de tanto sucesso, o produtor musical sonha em ver o reggaeton crescendo ainda mais em todo o mundo. Em entrevista a GZH, Wisin destacou o talento de Anitta e o novo momento do estilo musical.
Em Mi Niña, você fala de uma relação com uma menina. Quem foi sua inspiração?
Mi Niña é um trabalho conjunto em que, desde o início da criação da faixa, sabíamos que ela seria capaz de grandes feitos. Adicionar Maluma e Anitta foi muito saudável para o projeto, porque estamos fazendo uma grande festa latina, não é somente um tema local, aqui de Porto Rico. A música tem uma atmosfera positiva, e estamos em um momento em que as mulheres estão crescendo e fazendo grandes coisas. A ideia é não só enaltecer, mas também engrandecer as mulheres: não importa a cor da pele dela, a nacionalidade ou a língua que fala, todas são valiosas. Cada pessoa tem a "sua menina". Pode ser mãe, irmã, namorada, todos temos "uma menina" em nossas vidas, porque essa era a intenção, era uma homenagem a todas as mulheres.
Como foi seu primeiro contato com Anitta? Acredita que ela vá conseguir atingir o êxito nos EUA que tanto sonha?
Eu acredito que o mercado pede que a gente faça parcerias assim, que é o que Anitta tem buscado. O Brasil é um lugar maravilhoso, e ela representa bem o país, é uma grande intérprete. O remix de Mi Niña não seria o mesmo sem Anitta, me surpreendi na primeira finalização da faixa. Acredito que ela representa todas as mulheres latinas nesse movimento dentro da música, que assim siga forte. A primeira vez que a ouvi foi na faixa com J Balvin (Downtown), e, quando a vi, senti que queria gravar com ela. Quando ela veio para este projeto, sentia que ela viria para ser algo novo, e foi um acerto de todos: o dela, de aceitar o convite; e o nosso, de unir forças. E ela tem a mesma mentalidade que a minha: devemos sempre fazer e buscar coisas grandes.
O mercado de música urbana e reggaeton tem evoluído muito. Depois de Despacito, houve um boom do estilo, mas um grupo de artistas americanos agora voltou a cantar em espanhol, como Selena Gomez. Como você avalia essa volta?
É a consequência de fazermos boas músicas. A música fala alto, então só temos que escolher bem os assuntos para que a canção fale por si só. Os americanos fazem outros estilos, mas acredito que estamos no mesmo nível que eles. E tem tantos artistas deles, como a própria Selena Gomez, Akon, Chris Brown, que decidiram fazer algo novo dentro do reggaeton, explorando um mundo que não conhecem, e aí está o crescimento. A música não pode ficar em um só gênero ou nacionalidade, a música é universal. Não temos que nos preocupar com o idioma, e sim em levar alegria para milhares de pessoas.
Sua carreira é muito longa, tendo gravações com nomes como Jennifer Lopez, Daddy Yankee, Ricky Martin e Enrique Iglesias. Como foram essas experiências?
Com todos eu aprendi alguma coisa. Todos são grandes estrelas e cada um foi um sonho que realizei. Agradeço por terem sido solidários comigo e com o gênero também. São pessoas visionárias, com vontade de crescer e aprender. O mais importante é que na música a gente aprende coisas todos os dias, de tendência, tecnologia, estilos. E estou aberto para pessoas que queiram entrar mesmo na música, que gostem do que façam, mas trato sempre cada projeto como algo especial, sou um sonhador.
O que podemos esperar do reggaeton daqui para frente?
As músicas urbanas têm aparecido com frequência nas playlists por aí e isso mostra que os brasileiros se acostumaram a ter este estilo por perto. Então, precisamos de mais colaborações, como esta que fiz com Anitta, para unir culturas e bandeiras. O melhor amigo da verdade, sobre quem deve se destacar, é o tempo. Só espero que os artistas trabalhem com intensidade e disciplina, com respeito, que vão seguir crescendo. Não tem como dizer nomes, porque o tempo traz essas pessoas que merecem esse reconhecimento. Tem muita gente talentosa, mas é um caminho longo. Sinto apenas que as mulheres, dentro do reggaeton, precisam ousar mais e se atrever mesmo, é a hora delas se mostrarem para o mundo.
Depois de tanto tempo de estrada, o que mais lhe motiva a seguir na música?
Fazer o que eu amo, sempre. Tem muita gente que faz Medicina, somente pelo amor às pessoas por aí. É a mesma coisa, e a minha meta é essa: fazer o que eu realmente quis, e eu tive privilégio de conseguir. Não é trabalho, é prazer. Faço tudo pela música e por sua capacidade de mudar o mundo.